sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Envelhecer



Conversando com duas amigas queridas na manhã de quinta-feira, percebemos que envelhecer não se aprende quando se fica velho. Aprende-se muito antes.
Envelhecer não é apenas ter de lidar com os limites impostos pelo corpo que perdeu a juventude, não são somente as rugas, o andar mais lento, os sentidos menos aguçados. Envelhecer é mudar de status. Observar que você passa a ser o mais velho da lanchonete, da família, que muitos amigos já se foram, que as crianças de ontem já têm filhos.
Envelhecer significa notar completamente que a vida tem fim, que não é ensaio, que muitas vezes não há segunda chance, que o que importa mesmo é a relação com quem se ama, que alimentar o mundo interno é mais fundamental que a linhaça consumida religiosamente todas as manhãs.
Será a saúde mental e afetiva que ditará o que você fará com as últimas décadas de sua vida. Se lamentar o que foi perdido, o que não foi dito ou vivido serão anos de frustrações e amargor. Se resolver viver os momentos de maneira mais leve, perdoando as coisas que não deram certo e tentando encontrar prazeres, sejam eles pequenos ou grandes, será uma chance de viver uma vida no riso, mesmo que haja um pouco de pranto.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Enem e a Educação


Não fiz a prova do Enem e não precisaria fazer para ficar indignada com a incompetência do Ministério da Educação. Primeiro foi a prova, confusões em vários lugares, dúvidas se haveria ou não repetição dos testes.
Agora, os dados no SISU que foram alterados, fazendo com que muitos estudantes que fizeram a prova, ao consultarem suas informações constassem, por exemplo, que não estiveram presentes no dia da prova. Fora pessoas que tiveram suas escolhas de cursos modificadas, enfim um caos.
É um absurdo. Ouvi em debates, na época da prova do Enem, que era bastante difícil não haver falhas, considerando o número alto de candidatos e o tamanho do país. Ok. Pergunto: então por que resolvem fazer algo assim, tão abrangente?
A educação é um problema em nosso país, que infelizmente, não consigo ver uma solução. É vantajoso para maus políticos que parte da população continue ignorante. Também é popular facilitar a multiplicação de faculdades, mesmo que muitos de seus alunos não consigam escrever um parágrafo sem um erro grosseiro de português.
Sou a favor que o ensino superior mantenha suas portas abertas para quase todos. Acredito que todos saímos ganhando. Todavia de pouco adianta isso se não existir uma gestão competente no ensino de base.
As escolas estão falidas quanto suas metodologias, infraestrutura e capacitação atualizada dos professores. Não é raro ouvir de pais os erros grosseiros de fala ou escrita dos próprios mestres de seus filhos. Eles que deveriam ensinar nossas crianças precisariam voltar aos bancos escolares para corrigir falhas antes não corrigidas.
A polêmica do Enem reflete o caos que vive nossa educação. Perdoem-me os bons educadores e as boas escolas, vocês acenam esperanças no naufrágio educacional.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quê?


Somente ontem li uma notícia, provavelmente dada nos telejornais, que me deixou boquiaberta:


Um advogado cadeirante apanhou de um delegado em São José dos Campos (91 km de São Paulo), em briga por estacionamento em vaga pública reservada para pessoas com deficiência, na última segunda-feira (17).
Fonte: Folha de São Paulo


Sem comentários!


Mais informações em:

http://www.deficienteciente.com.br/2011/01/delegado-bate-em-cadeirante-em-briga.html

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/863389-delegado-bate-em-cadeirante-em-briga-por-vaga-especial-em-sao-jose-dos-campos-sp.shtml


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Acerto de contas e Esquecimento


Chee Siong 123RF


 Todos os acertos de conta valem a pena? Será que alguns não ficam datados e perdem sua validade, mas por hábito eles ali ainda permanecem?
São muitos os não-ditos da vida, as palavras grosseiras que escutamos, os gestos insanos, mas todos eles devem ser passados a limpo? Todas as ofensas devem receber exigência de desculpas?
Nem tudo é “redondinho” e nem deve ser. Nem todos os pedidos de desculpa devem ser feitos nem todos os sapos devolvidos ao remetente. Está em nós a capacidade de discernir o que deve ser repassado e o que deve ser deixado.
Há coisas que são esquecidas e há aquelas que permanecem no arquivo. Esse equilíbrio depende de quanto somos capazes de perdoar e o quanto de nós investe em ressentimentos. Também o quanto de nós segura uma frustração até o momento em que ela exposta e as coisas se resolvem, dias ou anos depois do ocorrido.
O negócio é levar a vida de maneira mais leve, seja por um importante acerto de contas ou por um também esquecimento de coisas que não importam mais. Para isso, basta ajustar a balança e pesar.



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O eu e o ter



Nessa cultura narcisista que vivemos é um desafio ver o outro, aceitar o outro, reconhecer e legitimar o outro. Vivemos, de um modo geral, rodeados de espelhos, onde vemos nossos reflexos e não as outras pessoas.
Exagero? Provavelmente. Nem todos estão exclusivamente centrados em si. Exagero porque são muitos os que não conseguem lidar com as diferenças, ou seja, com quem difere de si mesmo.
Perdemos muito com essa prática contemporânea. Deixamos de ser mobilizados pelo outro, deixamos de aprender coisas bacanas e importantes com a outra pessoa, tendemos a nos manter duros e inflexíveis e enfim, sofremos com tudo isso. E sofremos, muitas vezes, sem saber exatamente o porquê.
No trânsito, nas filas, em salas de aula, entre casais, entre amigos, nos jogos de final de semana podemos identificar aqueles que veem o outro como complemento ou como servo, que deve fazer as vontades, sem negociação.
O respeito e a admiração por outrem se enfraquecem, definham e o sujeito só vê e reconhece a si mesmo como merecedor de consideração.
Não é à toa que o consumismo cresce, independente da taxa Selic. Comprar, ter e usufruir bens se tornaram moeda que ultrapassa o campo da economia, em um mundo no qual o ser não existe por si só. Ele necessita vir em um pacote: marca de roupas, de carro, de status.
Esse é um dos males da nossa época: os adereços se tornaram mais importantes e o outro não é visto como gente, mas como espelho. 

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Escritor Fantasma



 Li várias críticas negativas do filme “O Escritor Fantasma”, de Roman Polanski. Então, quando o peguei na locadora imaginei que poderia ser bom, nada mais que isso. Claro que essa expectativa ajudou a gostar mais do filme, caso não tivesse tido as informações negativas anteriormente.
O filme é cinza, a paisagem chuvosa e o clima de mistério é um tanto exagerado. Apesar disso, o filme prende, tem boas atuações e nos lembra que mesmo com problemas sérios com a justiça, Polanski é talentoso na arte de dirigir.
Ewan McGregor é o escritor fantasma do título. Ele deve escrever o livro de memórias de um ex-ministro inglês que logo é envolvido em um escândalo internacional. O personagem de McGregor inicia uma investigação de vários fatos suspeitos que se defronta quando vai para a ilha, onde deve reescrever o manuscrito já feito pelo “fantasma” anterior.
O enredo é um pouco confuso, o espectador fica a maior parte do tempo sem saber quem é quem, tal como o personagem principal. O eixo predominante do filme é compreendido por quem assiste, mesmo que faltem explicações de alguns detalhes.
A cena final é bacana, com uma estética que merece aplauso, em minha leiga opinião.

Mais sobre o filme:


sábado, 22 de janeiro de 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011


"Relaxe. Com exceção de raros casos de vida ou morte, nada é tão importante quanto parece a princípio."
S. Brown

Papo de novela

bedaloga 123RF


Soube que algumas pessoas viram o fim da vilã Clara, da novela “Chatione”, ops, “Passione”, como um reflexo da impunidade e da recompensa do mal. Não vejo exatamente assim, percebo a tentativa do autor de ser um tanto original já que comumente os vilões das novelas são presos ou mortos no fim.
O grande problema da teledramaturgia, na minha opinião, é o ibope, aliás a busca incessante por ele e as diversas pesquisas de mercado.
A maioria das tramas caiu no conhecido, há pouca surpresa, escassa originalidade e um ritmo que pesa o desenrolar da história.
Vi o primeiro episódio de “Insensato Coração”, gostei de várias coisas. Vi partes dos episódios seguintes com prazer. Não aguentava mais os sotaques italianos, cá para nós Terra Nostra já foi o suficiente.
Nos últimos tempos a única novela que me deixou no sofá o tempo todo foi “A Favorita”, João Emanuel Carneiro, seu autor, não estava preocupado com o politicamente correto (que em excesso na ficção deixa tudo muito chato), sua atenção estava para uma história bem contada, com personagens bem definidos, sem tanta ênfase no que as telespectadoras queriam que acontecessem.
Acho bacana o contato mídia-público que cada vez está mais presente, todavia é fundamental cada um ter conhecimento do seu papel. O autor deve ser autor, o espectador assiste, percebe, opina, mas não tem competência para comandar uma trama. Cada um com seus talentos.
Geralmente quando quem manda é o ibope perde a qualidade porque o fio da meada, que existe na cabeça do autor é rompido. Quantas vezes testemunhamos histórias estapafúrdias, que perderam o sentido?
O remake Ti Ti Ti que pouco assisto, por seu horário, me parece ser uma das poucas novelas das 19h que, com um conteúdo leve e de comédia, não perde o bom gosto e o talento.
Dizem que diminuiu o público noveleiro, as pessoas estão preferindo as séries, por terem uma boa história e serem mais dinâmicas. Acredito que há espaço para os dois gêneros, porém os autores de novela precisam ter mais liberdade para criar suas histórias sem ouvir os pitacos dos números da audiência. Talvez Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que têm em seus currículos ótimos enredos, consigam isso.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Janeiro

Desktop Calendar. January, 2011 Stock Photo - 6766930
Anna Vorobyeva 123RF

Janeiro, primeiro mês do ano, momento em que tiramos férias da rotina. Mesmo que estejamos trabalhando como em qualquer outro mês do ano, o verão dá um ar diferente ao nosso cotidiano. Por um lado, positivo, porque a cidade parece estar em um ritmo diferente, talvez mais leve. Por outro, negativo, porque o calor pode, como o senegalês dos últimos dias, nos fazer querer morar em um iglu.
Este mês é conhecido como a época em que plantamos as “sementes” do que queremos para este ano. Mudanças e permanências que desejamos para 2011.
Seja para mudar ou para continuar, devemos ter em mente que o desejo não vai se materializar por magia, mas pelo trabalho árduo e contínuo. Estar começando um novo ano não significa simplesmente que novas coisas virão. Como diz o poeta Carlos Drummond de Andrade: “Para ganhar um Ano Novo/que mereça este nome,/você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,/mas tente, experimente, consciente./É dentro de você que o Ano Novo/cochila e espera desde sempre.”
Para fazer os nossos dias melhores, não basta somente cumprirmos todas as simpatias da virada. Essas servem como símbolos das boas energias que desejamos, mas a competência de fazer o ano que começa ser como queremos está em nós, na nossa capacidade de dar sentido aos momentos que viveremos daqui por diante.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Frase do Dia

Ionut Dan Popescu 123RF

"Faça com que sua felicidade jamais dependa da felicidade dos outros"
Mme. de Maintenon

sábado, 8 de janeiro de 2011

Forno



Por favor, alguém desliga o forno?
O calor desses últimos dias nos faz pensar seriamente em transferir nossa residência para onde vivem os esquimós. Juro que me adaptaria a um iglu!
Os condicionadores de ar nos salvam, porém nem todos os lugares os têm e ainda falta inventarem um ar-condicionado para o planeta. Já pensou que agradável a temperatura sempre nos 22 graus? Pelos menos para quem estivesse na cidade, na praia o termômetro poderia mostrar temperatura mais alta, sem problemas.
Não há quem não se queixe e quem não passe mal nesse forno atual. Por causa da umidade, a sensação térmica fica superior ao que os marcadores mostram. Dá vontade de tentar vaga na NASA e mudar de planeta!
Teremos de viver no forno por mais dois meses pelo menos, então vamos estimular nosso bom humor porque, como sabem, o calor definha nossa paciência. Que não apenas sobrevivamos ao calor-tortura, mas que consigamos rir disso também

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Amigos no nosso tempo



Já virou rotina o fato de percebermos o quanto deixamos de lado algumas coisas na vida. Um livro lido pela metade, um filme bacana não visto, um telefonema para uma amiga que adoramos, a pintura do cabelo, a compra de um presente, uma visita a um familiar. Deixamos de lado o que não é urgência, essa é uma verdade de nossos dias.
Vivemos entre a emergência e a UTI, e desejamos dar conta também da sala de visitas.
Nossos amigos e familiares precisam ter paciência e compreensão. Os mais sensíveis terão com certeza, além do que muitos deles, da mesma forma, equilibram os deveres e os direitos do cotidiano.
Minha avó, que hoje teria mais de 90 anos, e uma amiga sua se visitavam regularmente e o encontro era longo, “de campanha”, como se diz aqui no sul do país. Eram horas, muitas horas de conversa, chás e bolinhos. Penso nela e em sua amiga, quando me dou conta da disponibilidade atual que temos de curtir as amigas.
É claro que os encontros acontecem, mas com data marcada e facilita, com necessidade de marcar na agenda!
Os emails, sms e a rede social tentam aproximar e reunir pessoas queridas, mas cá para nós, nada como um papo ao vivo e a cores, ouvindo a risada do outro acompanhando a sua.