sábado, 25 de junho de 2011

Viver

Aron Ralston Lee

Em algumas semanas assisti a dois filmes que se assemelham por uma única razão: ambos os personagens centrais vivem uma experiência-limite. Um acorda e está dentro de um caixão enterrado em ponto exato desconhecido. O outro, em uma de suas costumeiras aventuras pelos cânions, se vê com a mão presa em uma pedra. O primeiro é ficção. O segundo é baseado na história do americano Aron Ralston Lee, de 35 anos.
O filme do caixão é “Enterrado Vivo” e o da pedra é “127 horas”. Como já está entendido, são situações horrorosas que nem queremos imaginar viver. São filmes que mobilizam angústias, mas são bem construídos, com ótimas atuações e boas histórias para contar.
Não há como não nos questionarmos sobre o que faríamos no lugar de Paul ou de Aron. Só podemos fazer isso: imaginar, saber mesmo, nem pensar.
Quantas vezes imaginamos que se tal coisa acontecesse a gente iria pirar? Aí a tal coisa acontece e não houve qualquer piração; você se manteve inteira e forte até o fim.
Essas surpresas com a gente mesmo faz da vida mais mágica e nos enchem de esperança. Muitas vezes queremos ter tanta certeza, tanto controle e, surpresas como essas, nos fazem lembrar que podemos ser surpreendidos por coisas boas também, não só com as más.
Outra coisa que tais filmes nos fazem lembrar é a finitude da vida. Mesmo que não estejamos no Iraque nem sejamos alpinistas, também estamos expostos às tragédias.
A vida é agora, fala uma propaganda capitalista. Essa frase pode ir além do consumo. Pode dizer que a vida que você tem é esta, a deste instante. Esteja com uma mochila precavida, mas salte com alegria. Invista em sua casa própria, mas saia para jantar com sua família. Durma até o meio-dia, mas ligue para aquele amigo que esteve doente e você não conseguiu falar.
Pense no amanhã, porém se lembre que só o que você tem, neste momento, é o agora.
Experiências-limite do cinema e/ou coisa parecida vivida na realidade nos mostram que sempre precisamos lembrar que viver bem é o que importa.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

São João não deve nos fazer esquecer



A ambivalência faz parte de todos nós. Uma das coisas ambivalentes que vivo é em relação a uma das marcas do brasileiro: a alegria. Ah, como falam da alegria do brasileiro. Que nós somos um povo que apesar das mazelas consegue encontrar brechas para cantar, dançar e sorrir.
Por um lado, vejo isso como tocante. Por outro, defino tal comportamento como alienação. “Estamos com vários problemas, mas vamos pensar neles amanhã, hoje é festa!”
Quantos problemas graves são esquecidos pela maioria após a chegada do carnaval, por exemplo? Hoje, dia de São João, estamos na época de fogueira, quadrilha, amendoim. Nada de pensar em problemas!
Sou favorável a festas, a comemorar datas e sim, ter uma válvula de escape saudável num mundo de cheio de complicações, mas não sejamos ingênuos. Não devemos jogar tudo para o alto pela curtição enquanto os mal-intencionados se aproveitam de nossa alienação.
Curtir sim, pensar também.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Paradoxos


Os assuntos que têm a ver com ganhos financeiros me inquietam. Não sou dessas que minimizam isso, como se o dinheiro não fosse importante. Claro que é. Precisamos dele para comer, vestir roupas, ter luz, água, telefone, internet, cultura, higiene, saúde, educação, segurança, transporte, enfim estamos pagando por alguma coisa o tempo inteiro!
Mas sou contra supervalorizá-lo. Passar por cima da ética, do outro, da sensatez para ter mais grana no bolso. Faço cara suspeita quando aparecem nas pesquisas medidas de ganhos na vida dos brasileiros apontando somente o consumo. Claro que reconheço o fato de mais pessoas terem telefone celular, por exemplo, ou conseguirem a casa própria. Lógico que percebo essa conquista, mas me questiono sobre a educação e a saúde, para citar dois setores básicos insuficientes que temos no nosso país. Estamos com várias sacolas de compras na mão, todavia não conseguimos marcar uma cirurgia pelo SUS com menos de seis meses de espera.
Além disso, precisamos ficar atentos para não cair na rede do consumismo que coloca holofotes no ter, enquanto o ser se torna cada vez mais atrofiado.
Como disse, não ignoro o valor do material, do conforto que o dinheiro pode proporcionar, mas precisamos do pacote todo. Como já diziam os Titãs, não basta comida também precisamos de balé.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Competência e Honestidade

                       



Palocci foi aplaudido em pé, duas vezes, em sua despedida, em Brasília. Quando li isso fiquei sem palavras, apenas uma inquietação crescendo e a pergunta que viria depois: até quando?
Até quando o Brasil sofrerá essa epidemia de corrupção, maus políticos e gestores? Palocci e seu megacrescimento financeiro, milhões perdidos em erros do Ministério da Educação (kits anti-homofobia, livros com erros de matemática, provas do Enem repetidas) e da Saúde (vacinas e remédios vencidos), fora o que não sabemos!
Arriscaria dizer que nosso problema maior não é dinheiro, mas competência.
O que falar sobre a corrupção na política? É crime e não pode haver banalização porque há uma repetição de denúncias. Essas pessoas são tão criminosas quanto outras, mesmo que usem terno e tenham recém saído da cadeira do alto escalão.
Merecem ir para a prisão como o traficante, o assaltante, o assassino. Podem ser psicopatas, mesmo sem matar pessoas diretamente. Matam quando roubam dinheiro da saúde, matam nossa esperança em um país melhor, matam quando desviam merendas escolares, matam quando superfaturam obras. Esse dinheiro usurpado é seu, é meu, é nosso. Até quando haverá confusão de que dinheiro público não é de ninguém a ponto do público virar privado? Além do imposto de renda, há os impostos em cada mercadoria comprada. Assim, esse dinheiro público não vem do nada, vem do nosso salário, do nosso bolso.
A sociedade brasileira precisa fazer alguma coisa. Não podemos nos submeter isso. Não concordamos com isso. Não adianta resmungarmos “é assim mesmo”. Continuará sendo enquanto engolirmos calados as barbaridades de Brasília, seja a corrupção seja a incompetência.

Onde podemos começar ou continuar:

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Frase de Quarta


Girl Before a Mirror, Pablo Picasso, 1932


"Eu sou aquilo que sou e não o que me dizem ser".

Antônio Durval



terça-feira, 14 de junho de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Tão longe e tão perto



Dias desses estava em uma livraria, na parte dos autores nacionais. Olhando um livro, outro, quando... vejo Clarice Lispector, que adoro, e me surpreendo: “quem” estava ao seu lado? Paulo Coelho!
Na hora pensei “Só em uma livraria para dois autores tão diferentes estarem lado a lado”. Respeito o próprio e quem goste do Paulo Coelho. Obviamente, ele publicou e vendeu muito (mundo afora, inclusive), mas convenhamos que Clarisse é literatura com L maiúsculo!
Isso me fez pensar em uma percepção até que meio antiga. Adoro livros e acompanho a lista dos mais vendidos da semana, publicada em revistas. A maioria presente ali tem a ver com o cinema, isto é, filmes que se originaram de livros e auto-ajuda. Cadê os grandes mestres ou os ótimos autores da contemporaneidade?
Uma vez que outra um ou uns pinta(m) por ali ou até resiste(m) por um tempo, mas o domínio é das “receitas” de como viver melhor e dos livros que tiveram suas histórias apresentadas no cinema.
Tendo a pensar que ler sempre é bom, independente do livro, estimula a fantasia, porém não fecho os olhos completamente para uma constatação: livro bom é livro bom, é aquele que te acrescenta, que te faz pensar, que te mobiliza e quando você termina de ler, não é mais o mesmo que começou.
Infelizmente, os que mais vendem atualmente não conseguem essa proeza. Esta só é alcançada por um grande escritor. De verdade.

domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados



Deixem o capitalismo de lado. Mesmo que seja maravilhoso dar e comprar presente, esqueçamos disso. O dia dos namorados é, essencialmente, a data oficial para curtir quem se ama.
Não é necessário ir a um restaurante bacana ou reservar uma megasuíte no motel. Simplicidade pode ser tudo de bom!
O amor não precisa de superprodução. Deixemos isso para o cinema e para a literatura. Fechamos os ouvidos e os olhos para propagandas açucaradas e exageradas que tentam nos seduzir, nos iludindo que para demonstrar nossa paixão e nosso desejo precisamos gastar 200 reais ou fazer deste dia 12 um grande evento.
Você é feliz com seu/sua companheiro(a)? Você vive uma relação que te faz bem? Você não trocaria essa pessoa por nada nem ninguém? Você acorda e dorme com a certeza absoluta ou quase absoluta (lembremos que há pessoas com temperamento mais indeciso e problemático) de que você fez a escolha certa? Você tolera os defeitos do ser amado e recebe paciência e bom humor quando quem erra é você? Você adora a pele, o cheiro, o sorriso e o beijo de quem está ao seu lado? Pronto, nada mais é preciso.
Faça do dia dos namorados uma curtição. Abraços, beijos e palavras confirmatórias são os ingredientes imprescindíveis para um feliz dia dos namorados, o resto é comércio.

sábado, 11 de junho de 2011

Hereafter



“Hereafter” ou “Além da vida”, como ficou intitulado por aqui, é um filme dirigido por Clint Eastwood, que lida com a morte de uma maneira particular.
Sem entrar em um campo de dogmas ou coisas assim, o filme trata da morte com sensibilidade e bom gosto. São três os personagens principais: um que ouve quem já morreu, outro que perdeu um ente amado e por fim, um que teve uma experiência de quase morte. Estas três pessoas vão apresentar as dores e as incertezas presentes em três universos completamente diferentes, porém iguais no desafio.
Logo que nos damos conta do par vida/morte instalam-se dúvidas não esclarecidas: o que acontece com quem morre, o fio invisível que se rompe no momento da morte, como podemos seguir adiante sem aquele que se foi.
Eastwood nos inspira com tristeza e emoção a pensar ainda mais sobre tudo isso que, afinal, faz parte das vidas de todos nós.

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

(Des)Educação

Os quadrinhos abaixo são atribuídos ao genial Quino, "pai" de Mafalda.
Não tenho certeza se a autoria está correta, porém a denúncia que os desenhos fazem está. Infelizmente.
Não para todos nós, ainda há esperança! Todavia conseguiremos nos sentir "familiarizados" com tais valores equivocados...












Aproveito para deixar o site do Quino, vale a pena!