quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Papo de novela

bedaloga 123RF


Soube que algumas pessoas viram o fim da vilã Clara, da novela “Chatione”, ops, “Passione”, como um reflexo da impunidade e da recompensa do mal. Não vejo exatamente assim, percebo a tentativa do autor de ser um tanto original já que comumente os vilões das novelas são presos ou mortos no fim.
O grande problema da teledramaturgia, na minha opinião, é o ibope, aliás a busca incessante por ele e as diversas pesquisas de mercado.
A maioria das tramas caiu no conhecido, há pouca surpresa, escassa originalidade e um ritmo que pesa o desenrolar da história.
Vi o primeiro episódio de “Insensato Coração”, gostei de várias coisas. Vi partes dos episódios seguintes com prazer. Não aguentava mais os sotaques italianos, cá para nós Terra Nostra já foi o suficiente.
Nos últimos tempos a única novela que me deixou no sofá o tempo todo foi “A Favorita”, João Emanuel Carneiro, seu autor, não estava preocupado com o politicamente correto (que em excesso na ficção deixa tudo muito chato), sua atenção estava para uma história bem contada, com personagens bem definidos, sem tanta ênfase no que as telespectadoras queriam que acontecessem.
Acho bacana o contato mídia-público que cada vez está mais presente, todavia é fundamental cada um ter conhecimento do seu papel. O autor deve ser autor, o espectador assiste, percebe, opina, mas não tem competência para comandar uma trama. Cada um com seus talentos.
Geralmente quando quem manda é o ibope perde a qualidade porque o fio da meada, que existe na cabeça do autor é rompido. Quantas vezes testemunhamos histórias estapafúrdias, que perderam o sentido?
O remake Ti Ti Ti que pouco assisto, por seu horário, me parece ser uma das poucas novelas das 19h que, com um conteúdo leve e de comédia, não perde o bom gosto e o talento.
Dizem que diminuiu o público noveleiro, as pessoas estão preferindo as séries, por terem uma boa história e serem mais dinâmicas. Acredito que há espaço para os dois gêneros, porém os autores de novela precisam ter mais liberdade para criar suas histórias sem ouvir os pitacos dos números da audiência. Talvez Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que têm em seus currículos ótimos enredos, consigam isso.


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