sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Receita de ano novo 


(Carlos Drummond de Andrade)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 


Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 


Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ruas



As ruas nesses últimos dias parecem um formigueiro. Essa é a primeira imagem que vem a minha cabeça. Formiguinhas caminhando apressadamente até seus objetivos.  
Ontem vi uma moça caminhando com enorme pacote, que pela embalagem é para criança. Vejo pessoas comprando o que podem e o que não podem. Vejo pessoas sendo mais próximas nessa época de ano.
O que poderia parecer falso ou demagógico prefiro pensar que é o famoso espírito natalino habitando. Dezembro mexe com nossas bases. Último mês do ano, lembranças infantis dos natais passados, marketing pesado com Papai Noel por tudo, enfim são várias mobilizações que sofremos nesse mês.
Como afirmei num texto, há pessoas que vibram e há aquelas que se entristecem, o que é difícil é encontrar as que não se deixam abalar de alguma maneira.
Talvez o melhor do Natal seja mesmo essa mobilização, compras de lembrancinhas, cartões e presentes, sem que vire um consumismo barato; encomenda de comidinhas especiais. Essa saída da rotina tradicional ano após ano pode nos renovar, nos preparar para um novo ano que começa.
Mesmo que saibamos que muitas coisas continuam em 2012 também é tempo para pensar em mudança, afinal o calendário muda, começamos o mês 01 do ano, assim é um “plus” para alterar o que não está bom.
Em meios a tantos “ho ho ho” podemos encontrar um objetivo pessoal, só nosso mesmo que dará sentido a todo esse formigueiro que vivemos nesses dias.

Feliz Natal !!!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Dezembro



Dezembro já chegou. Com ele, a sensação do final de uma etapa, mesmo que saibamos que janeiro vai ser uma continuidade, com exceção daqueles que estarão de férias, na praia.
Não adianta, sempre fazemos um balanço no mês de dezembro: o ano foi bom? O que deu certo? O que ainda não deu? O que desejo alterar no próximo ano? Quais serão os novos projetos?
Talvez por isso, que o dezembro possa ser, para muitos de nós, estressante. Não apenas pelo balanço como também pelas festas que se aproximam.
Natal e virada de ano lembram família e união. Aqueles que nunca tiveram uma coisa e nem outra sentem ainda mais nessa época do ano. Aqueles que tiveram e não têm mais igualmente sofrem. Algumas pessoas passam por uma enorme nostalgia e não conseguem se entregar para o atual momento. Como diz o “Rei”, são muitas emoções.
            Para tantos outros, como eu e talvez você, essa época é bacana, mesmo que tenha gente faltando, encontrar vários “bons velhinhos” nos encantam, e as crianças conversando com eles? Simplesmente o máximo!
Todavia, dezembro é um desafio ao consumismo maçante que toma conta da sociedade. Segurar, analisar o que é necessário mesmo e o que é possível são dicas importantes para se dar bem no mês Noel.
Devemos lembrar o desespero por vender não significa que devemos nos desesperar para comprar. Comércio é uma coisa, clima de Natal é outra.
Mês para comemorar e desejar melhorar sempre, afinal nunca estamos prontos.

domingo, 27 de novembro de 2011

Mário Lago


Mário Lago completaria ontem cem anos.

"Eu fiz um acordo com o tempo...
Nem ele me persegue, nem eu fujo dele...
Qualquer dia a gente se encontra e,
Dessa forma, vou vivendo
Intensamente cada momento..." (M.L.)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011


"Toda criança merece o melhor da infância."

(Seminário Internacional - PIM 2011)

Criança precisa da infância. Criança deve e deseja brincar. Criança quer respeito e cuidado. Criança é espontânea, se existir espaço para ela simplesmente ser. Criança quer amar e ser amada. Criança quer aprender e vencer seus desafios. Criança quer colo e também encorajamento. Criança quer colo, abraço e beijo. E nós, também não desejamos tudo isso a ela?

Nosso estado comemora o Dia do Bebê, esse é um primeiro passo para darmos mais atenção às crianças. Precisamos discutir a infância, em diversos setores. Parte dessas discussões ocorrem nessa semana, todavia os debates devem permanecer.

Semana do Bebê

Pessoal, uma colega e eu escrevemos um texto que foi publicado no jornal Diário Popular, de Pelotas, a respeito da Semana do Bebê, quem se interessar:

http://www.diariopopular.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?id=8&noticia=45131

Beijos!



domingo, 20 de novembro de 2011

Frase de Domingo



"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada".

Clarice Lispector

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A inversão das coisas



Uma coisa que não era para ser séria, foi considerada como. Uma coisa que era para ser séria, virou o ridículo. Falo de duas situações que ocuparam espaço na mídia.
A primeira sobre a piada de mau gosto de Rafinha Bastos sobre aquela cantora gestante. A segunda, a revolta sem qualquer fundamento de alguns estudantes da USP.
Vamos ao primeiro caso? O CQC é um programa de humor, que brinca, com seriedade muitas vezes, com muitos aspectos difíceis da nossa realidade. Cito como exemplo, quando um repórter do programa está em Brasília.
Por outro lado, há dezenas de piadas, em cada programa, que são exageros, que têm a razão de causar impacto. Devem ser levadas a sério? Acredito que não. São bobagens.
Foi o que aconteceu, em minha opinião quando o Rafinha Bastos fez a piada sobre a cantora. Piada de muito mau gosto, concordo! Discordo de seu afastamento, discordo de uma ação contra o apresentador. Fiquei boquiaberta com a atitude da emissora, não tanto com a da cantora, afinal ela se sentiu agredida.
A emissora agiu de forma questionável e fiquei decepcionada, afinal o CQC diferia de muitos programas semelhantes, justamente pelo seu ar vanguarda, tirar o Rafinha foi muito reacionário.
O segundo caso: estudantes da USP protestam contra PM no campus. Detalhe: isso ocorreu após a ação policial contra maconheiros na universidade. Para tudo! Fumar maconha agora é legal? Os policiais agiram equivocadamente? O que esses estudantes têm na cabeça, além de THC?
Era para ser sério o fato de estudantes fumarem maconha na universidade. Isso não pode, a Constituição diz. Mas o que aconteceu? Os maconheiros se sentiram “reprimidos”, reuniram colegas e decidiram invadir a universidade, depreda-la, jurando que tinha uma causa legítima! Era só o que faltava!
Como disse no início, a piada virou coisa séria e a coisa séria virou piada! 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Mês do Bebê



A principal manchete do jornal Zero Hora de hoje é o gasto mensal, R$ 9.400,00, com cada adolescente infrator na Fase. A presidente da instituição, Joelza Andrade Pires, diz em entrevista que acredita que esse custo alto seja resultado de nenhuma atenção à primeira infância dos jovens infratores.
Aí que entra meu assunto. No dia 23 de novembro se comemora o Dia do Bebê. Nosso estado é o único no país a ter esse dia especial.
A primeira infância abrange do nascimento até os seis anos de idade. Nessa fase, nos primeiros meses de vida, a criança, mesmo sem a linguagem, aprende a se relacionar, a lidar com suas angústias (sim, os bebês têm angústias!). Dessa maneira, o “gute-gute” desses primeiros anos é a parte dessa época, não o todo. Há muitos desafios para o bebê e os resultados desses marcarão sua existência.
Claro que há chances de mudanças ao longo de toda a vida para quase todas as dificuldades. Há situações, infelizmente, que não se pode pensar em "cura". Por isso, investir na primeira infância é uma estratégia muito inteligente e eficaz. Porém não tão fácil. É preciso dinheiro e gerenciamento para haver pessoas especializadas para atender as crianças e suas famílias. É necessária uma rede que trabalhe junto para executar os projetos. 
O primeiro passo é a conscientização. Nossos governantes precisam compreender isso, de verdade. Para que logo, se faça a movimentação necessária para que a prevenção seja efetuada. É um caminho espinhoso, se sabe disso, porém se não tomado ficaremos para sempre no “blá blá blá”, tentando remediar, corrigir, fazer diferente num momento bem mais difícil.
Fazer diferente com as crianças é mais fácil, esperançoso e barato. Por que não refletir sobre isso, de fato, no mês que o Estado homenageia o bebê? 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O tempo e a escrita



Não tenho conseguido escrever aqui. Falta de tempo. Falta de disponibilidade de sentar e compartilhar ideias, mas não de qualquer jeito, tentando fazer com as palavras escritas se aproximem de uma tradução de pensamentos. Isso não é fácil, requer talento ou, que é o meu caso, tempo para treinar, escrever, errar, “deletar”, escrever de novo, tentando ficar o melhor possível.
Tenho maior admiração por quem escreve de qualquer jeito. Conheço várias pessoas assim. Apenas uma ideia na cabeça! Eu, nem pensar! Há quase um ritual, quase porque muitas vezes a coisa vem de improviso, como esse texto.
Registro aqui minha ausência, minha distância, tomada meio que a contragosto, porém necessária. Não há super-heroínas, há mulheres/homens, como você e como eu, que tentam fazer tudo, mas que sabem que essa conta é perdida porque o tudo não cabe nas 24 horas. O esforço é uma maneira de justificar as pequenas falhas.
Volto, e espero que logo.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Kandinsky




"A minha empatia não suporta desumanidade nas políticas públicas".
Salvador Célia

domingo, 23 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

COPA 2014



Ai, vou falar, ou melhor, escrever. Estou com certa antipatia com a COPA 2014. Começa com minhas dúvidas sobre a honestidade nas obras que estão sendo feitas. A ideia de que muita gente está colocando dinheiro indevido no bolso, me incomoda. Depois, a questão de que o Brasil cheio de problemas sociais, e graves, investindo um monte de dinheiro nisso. Eu sei que dará retorno para muitos setores da sociedade, que dará melhor visibilidade ao país, que esporte é uma alternativa para fugir de mazelas, mas aquela pessoa deitada na rua, que mora numa marquise não sai da minha cabeça. Também me lembro de pessoas que morrem na fila de espera de leito em hospital ou cirurgia.
Tenho certeza que à medida que as obras forem concluídas, que tudo estiver “ajeitado” e a mídia nos inundar de jingles verde e amarelo, entrarei no clima e torcerei pela seleção brasileira. Além do mais, gosto muito do Mano.
Todavia nesse momento, estou meio desconfiada de tudo. Ainda por cima, há esse “grenal do cimento”, quando estupidamente Inter e Grêmio se engalfinham ao invés de se unirem por Porto Alegre, pelo estado.
Minha torcida está tímida, mas tem boa índole. Desejo que tudo dê certo. Que a COPA 2014 nos proporcione não apenas a taça de (hexa)campeão, mas o respeito com o dinheiro público.

Sustos



Fiquei espantada com a inquietação, usando um eufemismo, das fãs brasileiras (as de outras nacionalidades devem se comportar igual) de Justin Bieber. Em uma reportagem de um telejornal gaúcho, o repórter mal conseguiu se manifestar: elas gritavam, pulavam, entre faixas e pôsteres. Claro que relativizo tudo isso, afinal são pré-adolescentes e adolescentes em fase de ebulição, como se diz, além de ser uma fase da vida marcada por idealizações e idolatrias.
Surpreendo-me com outra manifestação fanática na edição de hoje de um telejornal. Houve show de Julio Iglesias, em Porto Alegre, e pasmem: as mesmas fãs de Justin estavam lá, porém mais maduras, menos “histéricas”, porém com a mesma “paixão”. Inicialmente fiquei meio impactada, afinal é uma reação um tanto infantil, não?
Idolatrar é importante numa época da vida. Depois, se cresce e se percebe que aquele ídolo é um reles mortal, mesmo que nos mobilize admiração. Nossa reação, que no início é tão forte que não conseguimos segurar em nós, vaza através de gritos e pulos, com o tempo, passa a ganhar mais controle e mais bom senso.
É isso que acho que é o “caminho do crescimento”, mas depois do que assisti hoje, com as fãs de J.Iglesias, sinceramente, acho que estou enganada.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O que aprendemos com elas


Aprendemos com elas que cair faz parte. As quedas não nos impedem de chegar onde efetivamente queremos estar. Aprendemos com elas que podemos ser surpreendidos no cotidiano, se nos permitirmos ver o novo nas pequenas coisas. Aprendemos com elas que não há nada melhor para ouvir que uma gargalhada sincera, como a delas. Aprendemos que não precisamos de grandes coisas para dar sentido à vida, são as singelas as que mais nos fazem falta em momentos difíceis. Aprendemos com elas que aprender pode ser prazeroso. Aprendemos com elas que viver poder ser muito mais simples, que complicamos muito. Aprendemos com elas que amar e interagir nos faz vivos, e não sobreviventes. Aprendemos com elas que brincar não é parte só da infância. Aprendemos com elas que nunca estamos prontos, talvez um pouco mais a frente que elas na caminhada. Feliz dia das crianças a todas que nos rodeiam e um afago àquela que reside em cada um de nós.




domingo, 9 de outubro de 2011

Aborto, Palmada e Presídio, ou talvez, o descaso com mulheres e crianças



Uma amiga comentou comigo sobre um compartilhamento que ela e eu fizemos no Facebook sobre aborto. Na verdade, se trata de um texto de Drauzio Varella, no qual ele afirma que a questão do aborto é complexa e que nada justifica o sofrimento de milhares de mulheres que fazem essa prática sem quaisquer condições mínimas de segurança.
O que impulsionou o comentário da minha amiga foi o fato de ninguém ou quase isso ter “curtido” ou ter feito um comentário no Facebook, como se ninguém se importasse ou não quisesse se meter nesse conflito.
Nem havia me dado conta, porém após nossa conversa, refleti o quanto questões morais e religiosas tornam muitas das nossas decisões hipócritas. Com isso, não quero dizer que aborto é algo muito simples, nada disso, mas temos que encarar os fatos como são e não como deveriam ser.
Mesmo que tenhamos grupos a favor e contra, e todos têm o direito de ter e manter suas opiniões, a questão é que o aborto é praticado frequentemente. Os números assustam, mais ainda quando nos deparamos como as formas com que eles ocorrem. Então, talvez seja mais sensato padronizar tudo isso, deixar a demagogia, o discurso politicamente correto deixar de lado.
Outra coisa que lembrei: na segunda passada, assisti no canal Globo News, uma conversa com a relatora do projeto de lei da palmadinha (lembram?). Sou contra a palmada, já disse isso aqui, não compreendo de que maneira isso possa ensinar algo, mas também questiono o Estado intervir dessa maneira na educação das crianças.
Mas nem é disso que falo agora. Estamos com centenas de problemas em nosso país, e muitos tem a ver com as nossas crianças, e aí vem a história desse projeto? Será que não há coisas mais graves e urgentes a tratar? Crianças dependentes químicas, em abrigos à espera do demorado processo de adoção, crianças sendo torturadas e espancadas, crianças se prostituindo, sendo usadas e vendidas por seus pais e aí a Lei da Palmada vira discussão parlamentar?
A relatora confrontada pelo psicanalista diz que o Estado não intervirá como se pensa, que a ideia é incentivar professores para campanhas, que as escolas participem. As escolas mal conseguem lidar com o bullying e querem colocar mais essa função?
Sabemos que as escolas são muitas vezes as denunciantes dos maus tratos, isso já é sabido, há o ECA, enfim não precisamos mais de lero-lero, necessitamos de eficiência nos projetos. Eu não sei que realidade os nossos parlamentares falam, sinceramente não sei a quem enganam falando de coisas ideais e utópicas, quando as coisas do nosso cotidiano vão de mal a pior.
Para completar sobre mulheres e crianças. Somo a isso uma parte do programa A Liga que assisti, semanas atrás, sobre mulheres presidiárias que estão com seus bebês em péssimas condições de higiene, sem qualquer dignidade.
As crianças quando completam seis meses são tiradas dela, dadas aos familiares, se eles aceitarem ou para adoção, no caso de negativa. Como isso é feito? De que maneira o Estado poderia lidar melhor com essa situação? E as condições do sistema penitenciário?
Não estamos na Dinamarca nem na Suécia para ficarmos discutindo coisas que já estão decididas (no caso, no ECA, sobre a violência contra crianças). Precisamos ir ao centro dos problemas, chega de ficarmos na periferia. Precisamos de dedicação para efetivamente colocar em prática o que já está em papel e para criar, de verdade, possibilidades para questões que nem no papel ganharam espaço. Mas para isso necessitamos de pessoas que não se deixam levar pelas bancadas conservadoras nem pelos votos. E para isso, há de ter coragem. Você vê muito dela por aí? Eu, não.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Um luto




Hoje a noite foi invadida com uma triste notícia: a morte de Steve Jobs, 56 anos.
Não sou especialista em tecnologia, aliás engatinho nessa área, mas não preciso ser uma expert para compreender a genialidade de Jobs e o quanto ele foi crucial para as tecnologias da comunicação.
Morre um homem notável, empreendedor, visionário e criativo.
É uma lástima que a eternidade não exista, ainda mais para as pessoas geniais.

Abaixo um discurso de aplaudir em pé:
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/em-video-ensinamentos-de-steve-jobs-a-formandos-de-stanford

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Cartas



O mês de setembro está quase terminando e a principal matéria da revista Cult desse mês ainda não foi lida por mim. A reportagem é sobre um livro recém-publicado na Alemanha, que traz cartas trocadas entre Freud e sua futura esposa, na época, Martha.
Nessa matéria, há quatro cartas e é esse o empecilho.
Sempre fui desconfiada com essas coisas. Livros que trazem cartas, mensagens íntimas, privadas e que tempos depois, quando os personagens dessas correspondências não estão mais aqui, ganham vitrines, estantes, passando a ser públicos, completamente públicos.
Eu sei, talvez muitos desses personagens tenham autorizado tal publicação. Isso é um detalhe importante, porém não impede meu sentimento de invasão, de estar em um espaço que não é meu de fato.
Biografias nem sempre me dão essa impressão, geralmente lido sem conflitos. Mas a troca de cartas me enche de pontos de interrogação. Afinal, aquelas correspondências existiram para um fim e agora acontece uma reciclagem, curiosa, claro, conhecemos facetas outras desses remetentes e destinatários, mas essa entrada na intimidade sem licença me faz pensar.

sábado, 24 de setembro de 2011

Feliz Aniversário!!




O blog está de aniversário hoje! Dois anos de existência!!
Obrigada pela companhia!!!
Beijos!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Primavera



Pelotas, onde moro, é conhecida como uma cidade úmida. Não sofro com sangramento no nariz e demais consequências da falta de umidade no ar. Sofro com o mofo, não em mim, claro, mas na minha casa e no meu local de trabalho.
Não é incomum eu tirar um sapato de salto fino usado de vez em quando (porque depois dos trinta ele já não é um confortável parceiro) e estar mofado!
Fico imaginando como seria perfeito se cientistas inventarem um desumidificador prático e eficiente, embutido nas paredes, dentro dos armários, que não gastasse energia e fossem seguros. Já pensou que maravilha? (pessoal, do clima seco: um umidificador seria a ideia para vocês!)
O que a umidade faz com os cabelos, vocês sabem... haja dedicação (quando há tempo e desejo) para deixar as madeixas menos rebeldes. E secar roupas, toalhas, lençóis? Um grande desafio! A máquina de secar, quando há dinheiro no bolso para arcar com a conta da luz, ganha destaque. Sem ela, tudo fica mais difícil.
Quando morei na Inglaterra fui preparada para encarar uma versão europeia de Pelotas. Conhecemos a fama de Londres. Só que não fomos morar lá e..surpresa!, nossa cidade tinha um clima seco, se era oficialmente seco, não tenho certeza, mas que não tinha essa umidade daqui, não tinha mesmo.
Tempos depois soube por uma professora lá da universidade, que a água da cidade era ótima para os cabelos! Mas não era esse somente o efeito que percebia sobre a não umidade. As roupas secavam numa boa e, claro, no frio, os aquecedores fazem seu papel com maestria e ainda com o brinde de custar muito pouco!
Voltando à umidade...nem um extremo nem outro. O ideal mesmo é um clima primavera, que chega nessa próxima sexta. Meio quente, meio fresquinho, dependendo da hora. Paisagens verdes e coloridas, com céu azul. Um cenário tão lindo, que as sequelas do excesso ou da falta de umidade saem do nosso foco.

sábado, 17 de setembro de 2011

Abuso de Poder

Assisti ontem três vezes, em três telejornais a cena de violência contra um jovem cliente de um estabelecimento da noite, em Porto Alegre. A cena mostra seguranças do local dando socos e pontapés no jovem, com a “trilha sonora” da voz de uma segurança dizendo “derruba, derruba”. No chão, o cliente recebia a agressão de dois seguranças homens e da segurança mulher, completamente imobilizado, conseguindo proteger seu rosto.
Fiquei completamente chocada porque a violência não terminou ali. Quando o repórter e o cinegrafista da RBS foram descobertos pelos seguranças, um deles ainda tentou intimidar o repórter.
Cenas chocantes e patéticas. Até onde podem chegar os maus atos?
A RBS entrou em contato com o advogado do estabelecimento, que mostrou discordância com a ação dos seguranças, vinculados a uma empresa de segurança terceirizada. Não houve qualquer manifestação dos seguranças e sua chefia, após a reportagem ir ao ar.
O abuso de poder causa grande impacto. Nesse momento, sinceramente, não encontro palavras à altura das imagens. Os jovens (foram dois clientes agredidos) fizeram um boletim de ocorrência. Eles não foram espancados até quase a morte, porém isso não atenua a ação desses criminosos vestidos de segurança.
Mesmo que os rapazes agredidos supostamente tenham se comportado mal na festa e por isso, expulsos, não há justificativa para a violência. Nenhuma.
Quero ter esperanças que as pessoas envolvidas sejam justamente punidas. Será?

Para saber mais:


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Trocas Inadequadas



Tenho percebido algo que talvez já tenha comentado aqui. Os adultos estão cada vez mais infantis e as crianças “pseudoadultas”. Há uma confusão entre gerações. Já perceberam?
Lógico que estou generalizando. Há crianças e adultos em seus devidos lugares. Ainda bem. Todavia chama a nossa atenção a mistura em que não sabemos mais quem é quem.
O irônico disso é que os envolvidos não se dão conta ou se dão, porém enfeitam a situação, tentam disfarçar. Os adultos se acham mais compreensivos por estarem mais “gugu-dadá” enquanto as crianças são vistas como “maduras”. Nada disso!
Verdade que as crianças estão cada vez mais competentes em suas habilidades, mas não podemos confundir tudo. Criança é criança e adulto é adulto. Cada um no seu papel é fundamental para mantermos os relacionamentos saudáveis.
Houve uma época em que alguns filmes tinham como roteiro histórias de adultos (pais) e crianças (filhos) que trocavam de papel e eram engraçados, mas na vida real histórias como essas estão longe da comédia e perto do terror.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Política

dinhocaricaturas.blogspot.com


Um dos problemas da política é que pouco sabemos dela. Nós, eleitores, julgamos candidatos e seus planos de governo de um jeito bastante leigo, digamos assim, porque afinal não somos especialistas da área.
Dessa maneira, muitas vezes não conseguimos compreender articulações políticas porque as julgamos equivocadamente. Por exemplo, para existir espaço para governabilidade algumas alianças são fundamentais, ceder em algumas coisas para conquistar outras, mesmo que a nossos olhos parece um tanto estranho.
Com isso não estou aqui defendendo uma liberdade sem responsabilidade, em que vale tudo, não. Não! Só estou comentando o fato de que pouco entendemos de política, do funcionamento dela.
Lembro-me do seriado de sucesso, de muitos anos trás, “The West Wing”, cuja história acontece nos bastidores da Casa Branca. Assistindo a série percebemos o quão complexo é governar e o quanto nem sempre fica claro para os cidadãos (e eleitores) o que deve ser feito.
O que nos incomoda na política, fora a corrupção e tantas coisas mais, é a promessa, a expectativa que o/a candidato/a planta em nós nas vésperas das eleições, que várias vezes não se materializa no período de governo.
Isso faz parte do jogo. O discurso político exige que a pessoa que queira ocupar um cargo público, como vereador, prefeito, deputado estadual, federal, senador, governador e presidente, fale do que ela idealiza, do que julga como certo a ser feito. Se efetivamente será feito vai ser visto depois.
Mesmo que nos programas de governo e nos debates se discuta a verba para realizar os planos, nós sabemos que é somente depois da posse que tudo será colocado a pratos limpos.
Às vezes falta vontade política, às vezes falta competência, às vezes faltam verbas, às vezes as coisas dão certo. Não existem branco e preto no jogo político. Precisamos estar atentos e analisar o que é possível, o que está sendo feito, o que não e o que é “conversa de oposição”.
O que me impulsionou a escrever este texto é que estou aprovando o governo Dilma. Mesmo que tenham tido ministros investigados e perdendo cargos, discutíveis ações do Ministro da Educação, aumento da inflação, para citar alguns dos problemas que ocorreram nesses primeiros meses de governo.
Não votei na presidente. Mas estou gostando de seu jeito discreto, sem nada de “carnavalesco”. Creio que ela tem uma visão da corrupção muito mais acertada que seu antecessor. E mesmo que não concorde com todos os seus pontos de vista, poderia dizer que dentro do possível, acredito que ela possa continuar fazendo um bom governo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Independência ou Morte



Hoje é o Dia da Independência do Brasil, aprendemos isso na escola e é uma data muito importante para o país. O brado de D. Pedro I está na nossa história e no nosso hino.
Podemos pensar não somente em nosso país hoje, mas em nossos gritos. Quantas “Independência ou Morte” dissemos em momentos ímpares? Quantas vezes essa frase quando verbalizada ou ouvida pode provocar mudanças em nossas vidas?
Quantas mortes (não falo em sentido literal, claro) permitimos em nós para evitar desacomodações difíceis de lidar? Ou quantas mortes evitamos, e aí está o sentido da independência, quando decidimos que realizaremos nossos desejos apesar de tudo?
Há momentos que estamos à beira do Ipiranga, para seguir na linha do Sete de Setembro. Que precisamos ser fieis às nossas convicções, custe o que custar. Mesmo quando o que nos cerca parecer falar outra língua, seguimos com nosso jeito e muitas vezes, provavelmente quase sempre, isso nos faz bem, seja no processo seja ao final dele.
O ultimato dessa frase pode significar o nosso limite em testar possibilidades. Esse grito é dado, geralmente, por nós para nós mesmos. É quando você sabe e sente o que deve ser feito, quando se dá conta que é esse o seu próprio caminho. Que mesmo com dificuldades e facilidades, ele é seu.
D. Pedro gritou para o Brasil. Nós gritamos para seguirmos vivos e autores de nossas próprias escolhas.

domingo, 4 de setembro de 2011

Domingo



O domingo é mal falado, criticado e serve como símbolo para nosso tédio ou nossas inquietações. Nem sempre é domingo inteiro. Algumas pessoas falam que não gostam é do domingo à tardinha ou à noite.
Seja porque a semana vai começar e isso significa que o descanso maior termina, seja porque muitos programas de domingo não são tão interessantes, seja porque no domingo a maior parte do comércio está fechada e por isso, o movimento das ruas cai, seja porque o domingo vem antes da segunda, dia que é campeão de xingamentos, de brincadeira, digamos assim. O que sabemos é que o domingo está longe da unanimidade.
Quando pensamos que o domingo é feito por nós, isso dá uma oportunidade de sermos mais criativos e quem sabe, mudarmos nossa postura frente a ele. Não existe um significado simples para esse dia da semana, somos nós que damos sentido a ele. Negativo ou positivo, somos nós que damos as cartas.
Isso muda alguma coisa? Com certeza, porque nos damos conta de que culpamos o domingo por algo que é nossa responsabilidade e que por isso mesmo podemos alterar. Domingo ruim ou domingo bom acaba sendo uma escolha nossa. Se esse dia constuma ter a cor cinza sem graça podemos, aos poucos, aprender que é possível o domingo ser mais colorido.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Surpresas

Por quem você colocaria a mão no fogo? A resposta dependerá da sua leitura da realidade e de suas experiências. Talvez você cite quatro nomes, nenhum nome, somente o seu ou liste uma dezena ou mais de pessoas que você acredita conhecer completamente.
A pergunta inicial é somente o gatilho para pensar sobre conhecer as pessoas. Achamos que conhecemos muitas, porém esquecemos que na maioria das vezes conhecemos o que o outro nos deixa ver. Conhecemos a máscara, a superfície, porém o que acontece no “quarto escuro”, quando ninguém está vendo é sempre um mistério.
Facilmente você lembrará um caso surpreendente de ter achado que sabia quem estava ao seu lado e, meu deus, era alguém muito diferente!
Não quero plantar a desconfiança crônica, pois viver com ela seria uma tragédia, desejo é pensar em conjunto como seria interessante sempre deixarmos um espaço em branco para observarmos, percebermos sem os automatismos do “velho conhecido”, para as coisas ruins, ok, mas principalmente para as coisas boas.
Esse espaço em branco serviria como uma oportunidade para o outro mostrar o seu lado generoso, empático, forte, delicado, enfim que possamos iluminar esse encontro com o lado bom do outro.
Você pergunta: E se for o lado ruim? Bueno, faz parte também. E façamos desse encontro com o feio do outro da maneira mais produtiva possível, que a gente aprenda que ninguém é perfeito, que faltas são toleráveis. Porém, atenção, construa sua “régua” para suportar até o possível, o “seu” possível.
Não precisamos colocar a mão no fogo por ninguém, nem por nós mesmos, conhecemos e confiamos, mas sabemos que mudamos ao longo da vida. E isso é muito bacana, faz a vida ser menos rigidamente previsível e ser uma caixinha de surpresas.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Entrevistas de Emprego


Resfriada fiquei em casa na segunda-feira. Assisti um telejornal que mostrava dicas de como as pessoas deveriam se comportar nas entrevistas de emprego. Antes mesmo de a reportagem ser passada fiquei pensando que a principal dica é: seja você mesmo.
Hoje não trabalho com essa parte da psicologia, mas fiz muitas entrevistas no meu estágio de Psicologia Organizacional. Nunca foi a área mais amada, mas confesso que aprendi muitas coisas legais.
Uma das coisas que mais me chamava a atenção era quando o candidato era bastante sincero. Claro que somado a isso, havia sensatez, bom currículo, experiências interessantes e/ou cursos idem, bom humor. Mostrar que não sabe alguma coisa não significa necessariamente uma grande falha, o que importa é se você está a fim de aprender, e se sim mostrar a motivação para isso.
Todos que trabalham com seleção de pessoal sabem que os candidatos ficam ansiosos, tensos, isso faz parte. Os melhores entrevistadores conseguem driblar e alcançar a melhor parte do entrevistado.
As empresas buscam, em sua maioria, profissionais que somem à empresa, que possam desenvolver seu potencial para assim fazer crescer a produção de trabalho. 
Além disso, sempre é importante frisar que seleção nem sempre é justa. Já soube de pessoas ótimas que não foram chamadas e isso não quer dizer que elas não fossem boas, mas é uma seleção, não há espaço para todos naquele mesmo momento.
Não sei se você fará em breve uma entrevista ou se conhece alguém que fará, mas fica aqui a dica: seja você mesmo, afinal, se você mentir ou tentar mascarar alguma coisa, nas primeiras semanas de trabalho aparecerá a verdade e aí a coisa pode ser pior.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Poema para começar bem a semana...

"Noite Estrelada" - de Vincent Van Gogh



"Parem de Falar Mal da Rotina"

Parem de falar mal da rotina
parem com essa sina anunciada
de que tudo vai mal porque se repete.
Mentira. Bi-mentira:
não vai mal porque repete.
Parece, mas não repete
não pode repetir
É impossível!
O ser é outro
o dia é outro
a hora é outra
e ninguém é tão exato.
Nem filme.
Pensando firme
nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas:
chuva dia azul crepúsculo primavera lua cheia céu estrelado barulho do mar
O que que há?
Parem de falar mal da rotina.

Este poema é de Elisa Lucinda, uma das presenças na Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo.
(Fonte: Jornal Zero Hora)

domingo, 21 de agosto de 2011

Com calma



Um dos efeitos colaterais que o apressado mundo atual pode causar é a irritabilidade ou o conhecido “nervos à flor da pele”. Estressamos-nos dentro do carro no engarrafamento ou na longa fila do supermercado ou quando tentamos achar vaga para estacionar ou no banco. Podemos nos estressar com muitas coisas e parece que isso já virou clichê. Todo mundo corre o tempo todo.
Algumas pessoas chegando ao seu limite e num movimento de cuidado de si vira a mesa. Faz as malas, vende tudo e vai para a praia ou o campo viver uma rotina mais tranquila.
Quem não deseja mudar totalmente de estilo, mas procura um jeito mais zen de ser há algumas alternativas a pensar, como entrar em uma aula de ioga ou simplesmente começar a exercitar uma seleção do que realmente vale a pena se preocupar.
Se pararmos para pensar vamos enxergar o que realmente importa e dar prioridade a isso. Acabamos nos cobrando além da conta: responder todos os e-mails já, encontrar todas as pessoas que nós gostamos já, comer todas as comidas agora, assistir todos os filmes nesse momento, ler todos os livros até amanhã.
Lógico que exagero nos exemplos, mas é somente para mostrar que facilmente podemos responder a demandas que nem são nossas. A cultura hoje exige que você seja mega: boa profissional, boa mãe, boa amante, boa amiga, boa filha, boa neta, boa em tudo, mas e boa consigo mesmo, isso também não é importante?
Não estou aqui levantando a bandeira para chutar tudo, claro que não! Mas sim tolerar a imperfeição, aceitar que deixamos algumas coisas para amanhã porque não é legal viver o hoje sem fôlego.
Compreender que o tempo deve ser vivido e não corrido, eis uma tarefa atual.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tonho Crocco, obrigada!

Foto: Letícia Tolentino


Foi arquivado o processo contra o músico Tonho Crocco, autor do rap “Gangue da Matriz”, que cita os 36 deputados que deram aumento em seus próprios salários de 73%. A música é bastante original e confesso que só cheguei a ela por meio da polêmica que se alastrou pela internet.
Não estou capacitada a escrever dentro do campo do Direito, portanto silencio a respeito. Só quero chamar a atenção para o fato de que estamos pouco acostumados com músicas de protesto, o que é uma pena. Além do que, precisamos valorizar a postura autêntica do compositor ao citar os nomes de todos os parlamentares que passaram os seus salários, de 11.564,76 para 20.042,34. Um absurdo expressado em rimas criativas.
Quantas pessoas afastadas, por desinteresse ou desilusão, da política voltaram a refletir novamente mediante essa polêmica com Tonho Crocco? E se isso se seguisse? Se além dos aumentos exacerbados, outros escândalos viessem aos palcos, em discursos rimados? Seria pelo menos o fim do silêncio de muitos de nós.

Para ouvir o rap:


domingo, 7 de agosto de 2011

IDEB na escola

Modelo de uma placa (Projeto IDEB na Escola)


Escrevo esse texto após ler a última coluna de Gustavo Ioschpe, na revista Veja. Há poucos meses ele começou uma campanha que visa à nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) estar à mostra nas portas das escolas. O que é exatamente o Ideb? Busco no site do projeto a resposta e a reproduzo aqui: “é um indicador da qualidade da educação de toda escola pública brasileira, medido pelo Ministério da Educação (MEC) no 5º e 9º anos do Ensino Fundamental (antigas 4ª e 8ª séries). Sua escala vai de 0 a 10, e a “nota” de cada escola é o resultado do cruzamento de duas variáveis: a aprendizagem dos alunos, medida por um teste chamado Prova Brasil, e a taxa de aprovação da escola”.
Há um descompasso entre as notas do Ideb e a pontuação, feita por pesquisa pelo MEC, que os pais deram à educação de seus filhos. Isso parece mostrar que os pais responsabilizam principalmente seus filhos pela não-aprendizagem ou repetência e pouco questionam o sistema educacional.
Não estou aqui para culpar as escolas e redimir alunos e pais. Escrevo esse texto para salientar o quanto o problema é complexo e precisa ser examinado com seriedade pelas pessoas capazes.
Como não sou especialista no assunto, falo como alguém da sociedade  que observa os comportamentos de professores, diretores, alunos e pais; e as representações que muitas dessas pessoas têm da educação, do papel “professoral”, da influência de más condições de vida na aprendizagem e da família no contexto escolar.
O projeto “IDEB nas escolas” talvez seja um instrumento para reconhecer quem está fazendo devidamente seu papel, ou seja, aqueles ótimos educadores que mesmo nadando contra a maré conseguem ter êxito em seu papel. E, claro, além disso, apontar as falhas do sistema e quem sabe, a partir delas, as soluções sejam criadas.
Não é novidade que a educação de qualidade é a base para uma sociedade mais igualitária e lúcida. A questão é que o como se faz isso está patinando há décadas. Os bons profissionais se veem desestimulados e os maus seguem alimentando negativamente nosso fracasso educacional.
O projeto não é o fim do caos, mas é uma alternativa para clarear as coisas. Esse pode ser um primeiro passo de centenas.

Endereço do site do projeto:
Endereço do texto de G.Ioschpe:
Se você quer saber as notas do IDEB:

sábado, 6 de agosto de 2011

Fronteiras



Dias atrás estava envolvida com um trabalho sobre o Transtorno de Personalidade Borderline. Tal transtorno tem a ver, entre tantas coisas, com fronteiras e isso me fez pensar em várias coisas que ultrapassam o setting terapêutico.
Vivemos em um momento social em que as fronteiras estão bastante borradas. Por exemplo, o limite entre o público e o privado se confundem em meio às redes sociais, blogs, microblogs. O limite entre eu e o outro igualmente sofre uma crise. As coisas parecem, em vários momentos, todas juntas e misturadas.
Li e não saberei dar a referência, infelizmente minha memória não é boa para isso, que o mundo com a tecnologia se tornou menor. A internet aproximou mundos e paradoxalmente, provavelmente essa é uma das épocas em que mais as pessoas estão distantes umas das outras.
Tornamo-nos mais independentes, o que por um lado é ótimo, por outro, preocupante. Esse isolamento nos tira a ideia de coletividade, que é importante.
Às vezes nos deparamos com a mensagem de que vivemos sem fronteiras, como se isso nos desse onipotência, “podemos tudo”! O que é uma ilusão enorme, um equívoco. As fronteiras limitam não porque somos pequenos, mas porque é necessária essa limitação para nos organizarmos, nos localizarmos onde estamos, o que queremos e o que podemos.
Precisamos pensar sozinhos e precisamos pensar com o outro.  Mas quando o eu e o outro estão mesclados, tudo vira uma coisa só, bagunçada, que não me faz enxergar quando estou usando meus direitos e quando estou abusando deles.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O táxi, um assunto e a chuva



Ontem, em Porto Alegre, peguei um táxi na rodoviária. O tempo estava chuvoso e o trânsito aparentava ter engarrafamento. Meu primeiro comentário após dizer o meu destino foi “que tempinho”. Tive como resposta, em tom mal humorado: “se está chovendo, reclamam, se não chove, reclamam, se está frio reclamam e se está calor também”.
Fiquei pensando naquela resposta, imaginei que o motorista deve ter ficado incomodado porque até chegarmos no meu destino encontraríamos engarrafamento. Aliás, suponho que toda POA fique engarrafa com a chuva...
Aí retruquei: “acho que reclamamos porque moramos em um estado com um clima ruim, de extremos”. Afinal, no calor a umidade deixa a sensação térmica terrível, igualmente no inverno ela também nos deixa quase congelando. Além disso, estava um vendaval na capital gaúcha.
Não moramos em lugares com clima ameno, meio outono meio primavera. Temos alguns dias assim, o que ótimo, mas a regra é o extremo. Mais do que isso, e não falei para o taxista: é um hábito falar do tempo. Virou assunto institucionalizado. É uma maneira de nos aproximarmos das pessoas, uma forma que encontramos de ter um assunto em comum. Quando não nos deparamos com alguém aborrecido.

sábado, 30 de julho de 2011

Mundos desiguais

                       
Presídio na Noruega. FotoMorten Holm/Scanpix/Reuters

Cela do Pavilhão C:imagem 18
Presídio Central (POA/RS) Foto: Daniel Marenco

O que aconteceu na Noruega não deveria acontecer em lugar nenhum. Não tenho a intenção de falar da tragédia ou do autor dela. Meu objetivo é comentar a prisão norueguesa, na qual o criminoso ficará. Alguém me disse que não é certo que ele irá para lá, mas para esse texto pouco importa.
O Centro de detenção Halden Fengsel é a segunda maior penitenciária da Noruega. Em cada cela há uma TV plasma, frigobar, janelas grandes para dar luminosidade, sem grades. Há salas para convívio dos presos, ginásio climatizado. Os presos e os carcereiros fazem refeição juntos, esses últimos não usam armas. Os presos participam de atividades esportivas, fazem curso de gastronomia, entre outras ocupações.
O Halden Fengsel abriga os criminosos mais perigosos do país. Não tenho os números da criminalidade da Noruega, porém é interessante pensar que o Estado cumpre seu papel no objetivo de tentar ressocializar o criminoso. Os direitos humanos estão preservados e há brecha para confiar que quem passa um tempo por lá pode não mais voltar ao crime, após sua soltura.
Fiquei pensando como seria se uma comitiva norueguesa viesse ao Brasil para participar de uma avaliação em nossos presídios. Já imaginou? Eles precisariam de psicólogos para atendê-los, pois apresentariam um quadro de estresse pós-traumático. Testemunhar o abandono que estão nossos criminosos é um choque.
Não sou da bandeira de um só lado. Assim como os criminosos devem ser punidos, a dignidade não pode ser esquecida. E ela está na maioria de nossas penitenciárias. Também acho que nosso sistema policial precisa de mudanças, igualmente nosso judiciário lento e confuso. Da mesma forma acho repugnante a insegurança que nos assola. O que não dá é continuar como está.
Esqueci também de algo que não mais é suportável: a corrupção que existe em diversas partes: carcerária, policial, judiciária, política, civil. Claro que tem gente boa junto com a maçã podre, mas esse pessoal pode cansar...
Sempre que vejo essa disparidade: presídio Noruega e presídio Brasil fico pensando naquela ideia do Raul de alugar o Brasil. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Presunto e Azeitona



Eu não gosto de presunto. Lasanha para mim? Sem presunto! Não tem como porque estou de visita e não em um restaurante? Tudo bem, da forma mais discreta possível, vou tirar todo o presuntinho para o lado. Só pior que presunto é azeitona. Essa não posso nem ver! Quantas vezes a confundi com pimentão... Quando entra por engano...Argh!
Sempre temos presuntos e azeitonas na vida. E não só na comida. São aquelas coisas que não suportamos, que não caem bem. Ando pela calçada e passa uma aranha, ai que susto, mas se fosse uma barata talvez eu tivesse “surtado”! Que me falem de suas ideias, mas que não me venham com hipocrisia. Que me indiquem livros, menos aqueles rasos. Que me coloquem música para ouvir, mas não aquelas de rock barulhento ou brega demais. Falem-me de filmes, mas não daqueles de só tiros e perseguição.
Enfim, os presuntos e azeitonas às vezes variam, mudamos ao longo dos anos, mas sempre há espaço para as coisas que rechaçamos. Elas podem dizer um pouco sobre o que somos e também sobre o momento que vivemos.
O que queremos distância mostra o que queremos por perto.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

20 de Julho: Dia do Amigo


"Amigos são aquelas raras pessoas que nos perguntam como estamos e que depois ficam à espera de ouvir a resposta."

Ed Cunningham

terça-feira, 19 de julho de 2011

Luta contra a Homofobia



Pai e filho resolvem ir a uma exposição agropecuária, em São João da Boa Vista, interior paulista. Eles são pessoas afetivas, que não têm problema algum em expressar os sentimentos. Durante o passeio, se abraçam.
Um grupo de homens interpela os dois e questiona se são gays. Eles dizem que não, que são pai e filho. O grupo está surdo, sedento por violência e ódio. Afasta-se da dupla. Logo depois, o grupo volta e agride pai e filho, com socos e mordidas.
Isso foi noticiado hoje.
O pai teve parte de uma orelha arrancada, por mordida.
Uma barbárie.
Pessoas como estas, participantes dessa violência, estão doentes, jogam seu ódio, suas frustrações, seus desamparos e seus medos para o outro, que serve como o bode expiatório.
Para os homofóbicos, os homossexuais são responsáveis pela decadência humana, pelo declínio dos valores familiares, para as mudanças atuais nas cenas privadas. Grande bobagem! Como que essas pessoas poderão refletir sobre seus atos, se uma simples tentativa de explicação, como a que o pai tentou fazer, não é ouvida?
De que maneira, essas criaturas preconceituosas e violentas vão deixar em paz as pessoas que nada fizeram a elas?
Desde quando esses boçais têm o direito de se acharem superiores a alguém?
Provavelmente atribuir características depreciativas aos gays, seja uma maneira para que os homofóbicos consigam se ver no espelho.
Estamos cada vez mais assistindo notícias de violência homofóbica na televisão. Isso está acontecendo não porque há mais gays no país, mas sim porque esses crimes estão conquistando território nas páginas policiais. Isso ocorre quando a sociedade passa por transformações, revendo conceitos e valores, modificando seus pilares.
Apesar de nos chocarmos com o que aconteceu no interior paulista, devemos também valorizar que tenha ganhado espaço no noticiário. Isso indica ampliação de olhar social. Significa que estamos caminhando contra a homofobia.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Frase de Terça

Phil Shaw/Barcroft Media/Getty Images



" As pessoas querem aprender a nadar e ter um pé no chão ao mesmo tempo."

Marcel Proust

segunda-feira, 11 de julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

Frio: tchau!



Não é maravilhoso que o frio tenha dado uma trégua? Mesmo que a temperatura esteja baixa em alguns momentos do dia, está muito mais agradável que dias atrás.
Adorei a crônica de quarta-feira de Martha Medeiros, publicada no jornal Zero Hora. Nela, a cronista fala que sempre afirmou gostar mais do frio, talvez por ser um gosto mais intelectual, mais chique, todavia ela refletiu e assumiu que o que é bom mesmo é o clima mais quente.
Concordei em gênero, número e grau com a Martha. Sempre falei que amava o frio, amigas: vocês são a prova disso, porém me entrego! Quero primavera o ano inteiro!
Não aguento mais viver encolhida e ter dor nas costas por isso, não querer sair da cama de jeito nenhum quando os termômetros do amanhecer indicam 2 ou 3 graus e por fim, não suporto mais os pés congelados, temo uma gangrena!
Exageros à parte, frio é bonito e bacana quando estamos em um local com calefação e bebendo um chá quente. O chá a gente consegue fácil, porém a calefação ainda é um problema aqui.
Em vários lugares conseguimos conforto: restaurantes aquecidos, lojas acolhedoras, porém em casa e no trabalho nem sempre é tão fácil. No primeiro, precisamos arcar com o alto custo da energia elétrica e no segundo vai depender do empregador e da nossa liberdade no ambiente de labuta.
Fico chocada quando me deparo com pessoas que acham o aquecimento supérfluo, ficam resignadas em suas casas e em seus locais de trabalhando com mãos perto do congelamento. Bem, cada um com seus conceitos...
Botas, cachecóis, chapéus, luvas são chiques sim, porém não sei se a elegância compensa o frio que sentimos.
 Ainda temos até o final do mês, agosto e um pouquinho de setembro, haja lareira, estufa, split e dinheiro para lenha e luz...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Educação



Uma pessoa que conheço vai se formar em Biologia no final do ano. Desde que entrou na universidade, sonhava em ser professora. Meses atrás concluiu seu estágio em uma escola estadual. Fazia um tempo que não a via. Semana passada, em um breve encontro, perguntei sobre tal experiência. Ela disse que estava muito perdida sobre o que faria após a formatura, pensou em fazer um segundo curso universitário.
Mas, por quê? Perguntei eu. Aí veio a triste resposta. Essa minha conhecida detestou a experiência. Sentiu-se impotente frente a crianças (5º ano do Ensino Fundamental) desinteressadas e, portanto, desmotivadas, com o conteúdo que ela apresentava.
Os colegas professores tentavam consolá-la, dizendo que era assim, que ela precisava se impor, gritar para mostrar quem mandava. Ela, que não faz nenhum tipo de professora brava, ficou desolada com a futura profissão.
Uma professora bastante experiente dessa mesma escola lhe aconselhou a esquecer a “maluca ideia” de mudar as coisas. Ela mesma já havia tentado, décadas atrás, sem sucesso. Então, é assim mesmo, nada há para fazer.
Enquanto ela me falava tentava concordar com alguns pontos reais: não é novidade que nossas crianças não veem sentido, pelo menos a maioria delas, na escola e, por isso, não respeitam a figura do professor. Também não é mentira o fato de que muitos pais estão confusos em sua função de educar e se tornam tão infantis quanto suas crianças; então, quando estas vão para os bancos escolares tentam estabelecer suas vontades, como em casa. Se não aprenderam a respeitar em casa, provavelmente, será complicado perceberem como funciona a hierarquia institucional.
Ao mesmo tempo em que a ouvia e a apoiava, tentava mostrar o outro lado. As escolas precisam de professores como ela, que não se acomodam em uma posição autoritária para exercer seu papel e se deixam inquietar pelas demandas atuais. O problema é que pessoas como ela se sentem sós, perdidas e sem saber que rumo tomar. Como fazer diferente num contexto tão repetitivo: os alunos reclamam das escolas, os professores reclamam dos alunos e dos salários, os pais se queixam dos filhos e das escolas. Como romper com tudo isso?