sábado, 30 de julho de 2011

Mundos desiguais

                       
Presídio na Noruega. FotoMorten Holm/Scanpix/Reuters

Cela do Pavilhão C:imagem 18
Presídio Central (POA/RS) Foto: Daniel Marenco

O que aconteceu na Noruega não deveria acontecer em lugar nenhum. Não tenho a intenção de falar da tragédia ou do autor dela. Meu objetivo é comentar a prisão norueguesa, na qual o criminoso ficará. Alguém me disse que não é certo que ele irá para lá, mas para esse texto pouco importa.
O Centro de detenção Halden Fengsel é a segunda maior penitenciária da Noruega. Em cada cela há uma TV plasma, frigobar, janelas grandes para dar luminosidade, sem grades. Há salas para convívio dos presos, ginásio climatizado. Os presos e os carcereiros fazem refeição juntos, esses últimos não usam armas. Os presos participam de atividades esportivas, fazem curso de gastronomia, entre outras ocupações.
O Halden Fengsel abriga os criminosos mais perigosos do país. Não tenho os números da criminalidade da Noruega, porém é interessante pensar que o Estado cumpre seu papel no objetivo de tentar ressocializar o criminoso. Os direitos humanos estão preservados e há brecha para confiar que quem passa um tempo por lá pode não mais voltar ao crime, após sua soltura.
Fiquei pensando como seria se uma comitiva norueguesa viesse ao Brasil para participar de uma avaliação em nossos presídios. Já imaginou? Eles precisariam de psicólogos para atendê-los, pois apresentariam um quadro de estresse pós-traumático. Testemunhar o abandono que estão nossos criminosos é um choque.
Não sou da bandeira de um só lado. Assim como os criminosos devem ser punidos, a dignidade não pode ser esquecida. E ela está na maioria de nossas penitenciárias. Também acho que nosso sistema policial precisa de mudanças, igualmente nosso judiciário lento e confuso. Da mesma forma acho repugnante a insegurança que nos assola. O que não dá é continuar como está.
Esqueci também de algo que não mais é suportável: a corrupção que existe em diversas partes: carcerária, policial, judiciária, política, civil. Claro que tem gente boa junto com a maçã podre, mas esse pessoal pode cansar...
Sempre que vejo essa disparidade: presídio Noruega e presídio Brasil fico pensando naquela ideia do Raul de alugar o Brasil. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Presunto e Azeitona



Eu não gosto de presunto. Lasanha para mim? Sem presunto! Não tem como porque estou de visita e não em um restaurante? Tudo bem, da forma mais discreta possível, vou tirar todo o presuntinho para o lado. Só pior que presunto é azeitona. Essa não posso nem ver! Quantas vezes a confundi com pimentão... Quando entra por engano...Argh!
Sempre temos presuntos e azeitonas na vida. E não só na comida. São aquelas coisas que não suportamos, que não caem bem. Ando pela calçada e passa uma aranha, ai que susto, mas se fosse uma barata talvez eu tivesse “surtado”! Que me falem de suas ideias, mas que não me venham com hipocrisia. Que me indiquem livros, menos aqueles rasos. Que me coloquem música para ouvir, mas não aquelas de rock barulhento ou brega demais. Falem-me de filmes, mas não daqueles de só tiros e perseguição.
Enfim, os presuntos e azeitonas às vezes variam, mudamos ao longo dos anos, mas sempre há espaço para as coisas que rechaçamos. Elas podem dizer um pouco sobre o que somos e também sobre o momento que vivemos.
O que queremos distância mostra o que queremos por perto.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

20 de Julho: Dia do Amigo


"Amigos são aquelas raras pessoas que nos perguntam como estamos e que depois ficam à espera de ouvir a resposta."

Ed Cunningham

terça-feira, 19 de julho de 2011

Luta contra a Homofobia



Pai e filho resolvem ir a uma exposição agropecuária, em São João da Boa Vista, interior paulista. Eles são pessoas afetivas, que não têm problema algum em expressar os sentimentos. Durante o passeio, se abraçam.
Um grupo de homens interpela os dois e questiona se são gays. Eles dizem que não, que são pai e filho. O grupo está surdo, sedento por violência e ódio. Afasta-se da dupla. Logo depois, o grupo volta e agride pai e filho, com socos e mordidas.
Isso foi noticiado hoje.
O pai teve parte de uma orelha arrancada, por mordida.
Uma barbárie.
Pessoas como estas, participantes dessa violência, estão doentes, jogam seu ódio, suas frustrações, seus desamparos e seus medos para o outro, que serve como o bode expiatório.
Para os homofóbicos, os homossexuais são responsáveis pela decadência humana, pelo declínio dos valores familiares, para as mudanças atuais nas cenas privadas. Grande bobagem! Como que essas pessoas poderão refletir sobre seus atos, se uma simples tentativa de explicação, como a que o pai tentou fazer, não é ouvida?
De que maneira, essas criaturas preconceituosas e violentas vão deixar em paz as pessoas que nada fizeram a elas?
Desde quando esses boçais têm o direito de se acharem superiores a alguém?
Provavelmente atribuir características depreciativas aos gays, seja uma maneira para que os homofóbicos consigam se ver no espelho.
Estamos cada vez mais assistindo notícias de violência homofóbica na televisão. Isso está acontecendo não porque há mais gays no país, mas sim porque esses crimes estão conquistando território nas páginas policiais. Isso ocorre quando a sociedade passa por transformações, revendo conceitos e valores, modificando seus pilares.
Apesar de nos chocarmos com o que aconteceu no interior paulista, devemos também valorizar que tenha ganhado espaço no noticiário. Isso indica ampliação de olhar social. Significa que estamos caminhando contra a homofobia.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Frase de Terça

Phil Shaw/Barcroft Media/Getty Images



" As pessoas querem aprender a nadar e ter um pé no chão ao mesmo tempo."

Marcel Proust

segunda-feira, 11 de julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

Frio: tchau!



Não é maravilhoso que o frio tenha dado uma trégua? Mesmo que a temperatura esteja baixa em alguns momentos do dia, está muito mais agradável que dias atrás.
Adorei a crônica de quarta-feira de Martha Medeiros, publicada no jornal Zero Hora. Nela, a cronista fala que sempre afirmou gostar mais do frio, talvez por ser um gosto mais intelectual, mais chique, todavia ela refletiu e assumiu que o que é bom mesmo é o clima mais quente.
Concordei em gênero, número e grau com a Martha. Sempre falei que amava o frio, amigas: vocês são a prova disso, porém me entrego! Quero primavera o ano inteiro!
Não aguento mais viver encolhida e ter dor nas costas por isso, não querer sair da cama de jeito nenhum quando os termômetros do amanhecer indicam 2 ou 3 graus e por fim, não suporto mais os pés congelados, temo uma gangrena!
Exageros à parte, frio é bonito e bacana quando estamos em um local com calefação e bebendo um chá quente. O chá a gente consegue fácil, porém a calefação ainda é um problema aqui.
Em vários lugares conseguimos conforto: restaurantes aquecidos, lojas acolhedoras, porém em casa e no trabalho nem sempre é tão fácil. No primeiro, precisamos arcar com o alto custo da energia elétrica e no segundo vai depender do empregador e da nossa liberdade no ambiente de labuta.
Fico chocada quando me deparo com pessoas que acham o aquecimento supérfluo, ficam resignadas em suas casas e em seus locais de trabalhando com mãos perto do congelamento. Bem, cada um com seus conceitos...
Botas, cachecóis, chapéus, luvas são chiques sim, porém não sei se a elegância compensa o frio que sentimos.
 Ainda temos até o final do mês, agosto e um pouquinho de setembro, haja lareira, estufa, split e dinheiro para lenha e luz...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Educação



Uma pessoa que conheço vai se formar em Biologia no final do ano. Desde que entrou na universidade, sonhava em ser professora. Meses atrás concluiu seu estágio em uma escola estadual. Fazia um tempo que não a via. Semana passada, em um breve encontro, perguntei sobre tal experiência. Ela disse que estava muito perdida sobre o que faria após a formatura, pensou em fazer um segundo curso universitário.
Mas, por quê? Perguntei eu. Aí veio a triste resposta. Essa minha conhecida detestou a experiência. Sentiu-se impotente frente a crianças (5º ano do Ensino Fundamental) desinteressadas e, portanto, desmotivadas, com o conteúdo que ela apresentava.
Os colegas professores tentavam consolá-la, dizendo que era assim, que ela precisava se impor, gritar para mostrar quem mandava. Ela, que não faz nenhum tipo de professora brava, ficou desolada com a futura profissão.
Uma professora bastante experiente dessa mesma escola lhe aconselhou a esquecer a “maluca ideia” de mudar as coisas. Ela mesma já havia tentado, décadas atrás, sem sucesso. Então, é assim mesmo, nada há para fazer.
Enquanto ela me falava tentava concordar com alguns pontos reais: não é novidade que nossas crianças não veem sentido, pelo menos a maioria delas, na escola e, por isso, não respeitam a figura do professor. Também não é mentira o fato de que muitos pais estão confusos em sua função de educar e se tornam tão infantis quanto suas crianças; então, quando estas vão para os bancos escolares tentam estabelecer suas vontades, como em casa. Se não aprenderam a respeitar em casa, provavelmente, será complicado perceberem como funciona a hierarquia institucional.
Ao mesmo tempo em que a ouvia e a apoiava, tentava mostrar o outro lado. As escolas precisam de professores como ela, que não se acomodam em uma posição autoritária para exercer seu papel e se deixam inquietar pelas demandas atuais. O problema é que pessoas como ela se sentem sós, perdidas e sem saber que rumo tomar. Como fazer diferente num contexto tão repetitivo: os alunos reclamam das escolas, os professores reclamam dos alunos e dos salários, os pais se queixam dos filhos e das escolas. Como romper com tudo isso?

domingo, 3 de julho de 2011

Copa América

cachorro venezuela brasil copa américa (Foto: Agência Reuters)

Foto: Agência Reuters


Hoje, o Brasil jogou a primeira partida da Copa América, sediada, neste ano, na Argentina. Não imagino que seja fácil para o Mano Menezes organizar o grupo em pouco tempo. Ter jogadores talentosos já é um passo importante, mas só isso não basta.
Estou muito longe de ser comentarista de futebol. Só posso dizer que o jogo foi morno. A grande emoção se deu quando um cachorro resolveu invadir o campo e desfilar a graça canina até o vestiário.
Sobrou estilo em nossos jogadores, na cabeça; já nos pés faltou finalização. Daniel Alves, de cabelo novo, Neymar, em estilo pica-pau, Robinho com topete Pelé, mas e o gol, cadê?
Como disse, a seleção teve pouco tempo de preparação. Todos os convocados têm potencialidade, portanto é esperar que os talentos individuais consigam formar um time vencedor.