quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo !




RECEITA DE ANO NOVO
                    
(Carlos Drummond de Andrade)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumadas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.



sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

E os cachorros...

Os gatos também entram no clima...

Feliz Natal




Às vezes, no meio da correria entre lojas, pacotes e sacolas, podemos esquecer a principal ideia do Natal. Independente do credo, em minha opinião, o Natal é um momento do ano em que paramos e brindamos, pela paz, saúde, amor e o que mais tenhamos e desejamos.
Nessa noite, entre familiares e amigos, nos reunimos e oficializamos a alegria que é estarmos entre as pessoas que gostamos. Além disso, também é uma hora em que pensamos e podemos contatar aquelas que estão longe, mas moram no nosso coração.
A magia do Natal é acreditarmos genuinamente que todas as pessoas estão em paz e nos querem bem. Lógico que as coisas não são bem assim, porém por um período vivemos essa ilusão e provavelmente essa esperança nos faz bem, é saudável.
A noite de Natal é de colheita e também semeadura. Colhemos as boas energias, plantamos outras e reconhecemos nossos presentes, me refiro àqueles que são impossíveis de serem embrulhados. E essa é a grande tirada dessa noite: o brinde a nós, a quem amamos e à gratidão de estarmos bem.
Que todos nós tenhamos ótimos momentos, que a esperança se renove e que nos sintamos felizes na noite mágica do Natal.


 Feliz Natal !!!!



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Generosidade e Gratidão


 Sempre fico comovida quando necessito de um favor e alguém responde a ele. Da mesma forma, me emociono quando sou testemunha dessa generosidade. E por fim, também é bacana quando sou essa pessoa generosa e vejo no olhar do outro a gratidão que muitas vezes me visita.
Nunca tive qualquer dificuldade em sentir gratidão, em reconhecer o que o outro fez por mim, valorizar o gesto dele.
Não falo dos favores interesseiros que podemos notar, daquelas pessoas que cobram depois ou têm segundas intenções. Falo daquele sincero e gratuito.
Com o fim do ano, quero aqui registrar todas as pessoas que foram especiais comigo, na ajuda que deram, no apoio que ofereceram, nas palavras carinhosas, nos gestos positivos, enfim toda a generosidade recebida neste ano: agradeço!
Aos meus amigos, familiares, seguidores desse blog, todos aqueles que foram generosos: obrigada!

P.S.: E eis que nas últimas semanas do último mês do ano ainda recebo como presente de natal uma ajuda valiosa! Obrigada, Ju!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Compras no bolso



 Sair às comprar para uns é o paraíso e para outros é o inferno. Decidir qual é o melhor presente, avaliar custo/benefício, aguentar o calor, as pessoas te batendo, umas pedindo licença (ainda bem que para várias, a boa educação não se perde em meio a altas temperaturas), pisões no pé e ver aquilo que você queria, mas com o valor aburdamente impossível de pagar, são os males da época.
Por outro lado, comprar os presentes de Natal também pode ser uma operação em que você materializa um sentimento. Claro que a gente sabe das questões do consumismo, o interesse do comércio, porém também temos direito de fantasiar a realidade, dentro do bom senso, de vez em quando.
O que me deixa preocupada é o valor das dívidas do Natal, para quê? Qual a razão de você comprar um presente de 150,00 quando poderia comprar um bem legal por 50,00? Por que comprar para 35 pessoas, quando poderia se justificar ou simplificar e comprar para 20? Eu sei que às vezes não é nada fácil fazer isso, mas se der para a gente adaptar os presentes ao bolso, entraremos no ano que vem com menos problemas.
Entrar com 2011 no vermelho ou com dezenas de prestações para quase 2012 pode não valer a pena. O maior presente mesmo que podemos dar para aqueles que gostamos é o sorriso, o bom humor, uma conversa legal.
 Materialmente, uma lembrancinha especial já pode fazer bonito para o presenteado e para o seu bolso.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Foi pro saco



Estava na minha casa, à noite, sozinha. Precisei ligar a luz para procurar uma coisa e encontrei algo inesperado. Com susto,  percebi aquela coisa marrom, com anteninhas e grande, grande demais para quem tem medo dela. Era uma barata.
Eu, como um montão de gente, tenho asco a esse bicho. Nojo total, desde a infância. Naquele dia, já adulta, na minha própria casa, o medo infantil veio, mas a racionalidade venceu. Era ela ou eu.
Se eu não a matasse, como iria andar pela casa com tranquilidade? Precisava ser corajosa. Sem tempo para pegar inseticida ou vassoura, ela já havia notado minha presença e também meu terror. Peguei meu chinelinho e fui com tudo.
Gente, quem já matou barata sabe, ela não se entrega. Custa a morrer. Não fui apenas assassina, fui uma torturadora da barata! Uma cena patética, eu sei.
Estava eu lá, quase 22h de uma sexta-feira, batendo, batendo o chinelo contra a pobre coitada. Ou a pobre coitada era eu que estava tremendo de nojo e medo daquele inseto marrom?
Curei-me do trauma, mesmo que ainda esteja com olhos atentos procurando uma amiga, quem sabe uma familiar atrás da desaparecida. Aqui em casa, nesse sentido, não há negociação, me transformo em uma policial do BOPE e não adianta elas pedirem para sair. Acabam no saco!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Texto fora de contexto

Andrey Khritin 123RF


Vários fatos ruins da semana me tiraram o chão: 1.babá que torturava bebês gêmeos, que estavam sob seus cuidados; 2.o preço que custa cada deputado federal e senador por mês (o prejuízo pode chegar a 130 mil para deputado e 170 mil para senador, não é apenas salário, 13º, 14º, 15º, são ajudas de custo absurdas!) 3.o fato de não haver, há 15 anos, atualização das taxas do imposto de renda de acordo com a inflação, se isso ocorre diminuiria em muito o que pagamos para o Leão.
A sensação de impacto e/ou de impotência quando lemos as notícias nos jornais nos fazem mal, nos perguntamos o que houve com a humanidade, em quem podemos confiar, o quanto nossa sociedade, a brasileira especificamente, é apática com as questões políticas, econômicas, sociais. Pagamos altos impostos, somos o 14º com maior pagamento, e estamos em 14º nos quesitos educação, saúde, habitação, saneamento, etc, etc? Não, infelizmente não. Estamos muito, mas muito distante de alcançar tal qualidade.
Saindo do público para o privado: como precisamos estar atentos quando contratamos alguém para cuidar de nossos filhos. Uma entrevista é pouco para conhecer alguém totalmente desconhecido. Talvez pessoas que já trabalharam com amigos, indicações mais confiáveis seja uma forma de nos sentirmos mais seguros quando entregamos nossos bebês a uma cuidadora. Há muita gente perversa por aí e que encontra na inocência infantil seu “objeto de prazer”, e dor para a criança, para a família e para nós que mesmo distantes nos sentimos mobilizados.
Eu sei, estamos perto do natal, da virada do ano e podia pegar menos pesado. Escrever um texto mais light. Esse é um texto fora do contexto, eu sei. Mas como não compartilhar as dores que não cessam, mesmo sendo época de Papai Noel?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Frase de Segunda-Feira

Daniil Kirillov 123RF

"Não temas o progresso lento, receie apenas ficar parado."

Provérbio Chinês

domingo, 12 de dezembro de 2010

Frase de Domingo

Robert Pasti 123RF

"Se você obedece a todas as regras, perde toda a diversão."

(Katharine Hepburn)

sábado, 11 de dezembro de 2010

João de Deus

Foto retirada do site oficial do médium João de Deus, cujo endereço está no final do texto.


Era um sábado à tarde. Mesmo tendo um milhão de coisas para ler, estava em frente da televisão, mudando os canais aleatoriamente, tentando disfarçar meus compromissos de estudo. Eis que paro no canal GNT, especificamente no programa da americana Oprah, e ouço “John of God”. Como? Estão falando do João de Deus, daqui, do Brasil?
Sim, estavam. Conheci por ouvir falar, nunca estive com ele, mas já escutei muitas coisas interessantes a respeito. Mesmo que bastante cética, há uma parte minha sempre aberta para as dúvidas.
Este homem, hoje chamado João de Deus, é procurado por milhares de pessoas do Brasil e do mundo por uma cura, seja ela física ou espiritual. Sem cobrar um tostão, ele atende os interessados, vestidos de brancos, na cidade de Abadiânia, perto de Brasília.
Vez e outra ele viaja para outras regiões brasileiras, atraindo mais tantos milhares de fieis.
Ele é categórico em afirmar para todos que os cuidados e as prescrições médicos devem ser obedecidos. Ele não nega a medicina, apenas tentar complementar, digamos assim, seu efeito.
No programa estavam uma jornalista e um médico que vieram até o Brasil, sendo todos, os participantes da discussão, americanos. Depois duas pessoas que tentaram curar seus tumores, a primeira não teve sucesso, não houve cirurgia, ele fez uma intervenção mais simples. Diferentemente, o segundo  teve seu tumor retirado e foi curado. Sim, ele faz cirurgia sem anestesia, sem nenhum recurso das tecnologias atuais!
A jornalista e o médico concordam em não saber explicar racionalmente o que acontece em Abadiânia. Disseram que é algo muito forte, que foge do nosso entendimento. Cada paciente lá tem um tratamento particular. A mesma doença não tem o mesmo procedimento. Há vários momentos de oração e meditação.
Os quatro tiveram, cada um a sua maneira, mudanças significativas após a visita à Casa, como é chamado o local que João de Deus atende. Claro que há um efeito psicológico, mas igualmente há mistério nisso tudo, inclusive o médico salientou o quanto é preciso estudar mais isso, tentar compreender o que se passa lá.
A paciente que ainda luta contra um câncer em grau avançado afirmou algo que destaco: que após o encontro com “John of God”, ela parou de se punir, que se tratava mal de vez em quando.
Destaquei essa fala que ficou retida na minha memória porque quantas vezes somos tão exigentes e impacientes conosco? Podemos nos tratar melhor, mesmo que tenhamos o desejo de aprimoramento, devemos ser mais compreensivos e cordiais não somente com os outros, também com a gente mesmo. Ou teremos de viver uma experiência como essa da Abadiânia para isso?

Para saber mais:

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cross-dressing

O cartunista Laerte Coutinho posa em sua casa, em São Paulo, durante entrevista ao iG
Foto: Augusto Gomes (IG São Paulo)


 Desde que o cartunista Laerte decidiu assumir que é um cross-dresser, isto é, pessoa que gosta de usar roupas e acessórios do gênero oposto, o termo em inglês passou a ocupar mais espaço na mídia. Apesar de ser sinônimo de travesti, empregar o termo cross-dresser é uma tentativa de fugir do estigma atrelado ao termo travesti.
O cross-dressing não é um hábito da contemporaneidade. A revista Veja dessa semana traz uma reportagem a respeito e nela há informação de quem seria o primeiro cross-dresser: Monsieur d’Eon, um espadachim e espião do rei Luís XV.
O que eleva a incompreensão de muitas pessoas é o fato de um cross-dresser não ter qualquer desejo em trocar de sexo, fazer uma cirurgia. Ele deseja apenas se vestir conforme o outro gênero.
Socialmente entende-se a sexualidade como algo fixo e objetivo. Então, o fato de, por exemplo, um homem, com seus aspectos biológicos e heterossexual, querer se vestir de mulher não é compreendido por bastante gente.
O que facilmente pode acabar em preconceito, infelizmente. Afinal, este é consequência de desconhecimento e do apego a verdades absolutas.
Se algumas pessoas conseguissem entender que a sexualidade é algo muito mais delicado e complexo do que separar em uma linha imaginária “homens” de um lado e “mulheres” de outro, não haveria tanta intolerância aos ditos “diferentes”. E crimes homofóbicos, por exemplo, como esses que ocorreram, na Avenida Paulista, nos últimos meses, deixariam de existir.

Entrevista com Laerte:


P.S.:
Quando li entrevistas de Laerte, me lembrei de um filme bem interessante que vi há anos, com Tom Wilkinson e Jessica Lange, intitulado “Normal”. O enredo é o seguinte: depois de décadas de casamento o personagem de Wilkinson decide expressar sua vontade de se vestir como mulher, e diferentemente dos cross-dressers, fazer cirurgia para a troca de sexo, o que causa um choque no seu casamento. Ele não deseja divórcio, ele quer permanecer com sua esposa, porém como mulher. O filme mostra o quanto o campo da sexualidade pode ser desafiador.

Sobre Cross-dressing:


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um Presente Especial

Daniil Kirillov 123RF

Já estamos próximos do Natal e imagino que você tenha ficado surpresa como eu com a passagem tão rápida deste ano. Dizem que essa sensação acontece porque fazemos cada vez mais coisas em pouco tempo, assim não conseguimos “digerir” nossas ações.
Temos o hábito de viver o último mês de ano como um balanço dos meses anteriores. Talvez seja uma necessidade nossa de virar o ano com as contas em dia.
Aproveitando esses dias de reflexão, que tal escolhermos um “presente” para nós? Não falo de nada possível de ser comprado no comércio, falo de coisas que podemos fazer por nós mesmos: termos mais paciência com nossos erros, aprendermos que excesso de preocupação não resolverá qualquer problema, confiarmos mais no futuro, assumirmos que não precisamos ter todas as respostas, encontrarmos uma maneira de diminuir os medos de cada dia. Enfim, que possamos nas próximas semanas além de refletirmos sobre o ano que termina, semearmos em nós boas energias para o ano que tão logo virá.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Frase para começar a semana

elvinphoto 123RF

"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Mergulhe no que você não conhece."
(Clarice Lispector)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Coisas do universo feminino

Tetyana Kulikova 123RF


A peça “Amores, perdas e meus vestidos” recebe elogios pela interpretação das quatro atrizes – Arlete Salles, Carolina Ferraz, Taís Araújo e Ivone Hoffmann, algumas partes do texto são bem boas, mas confesso que esperava mais.
Identifiquei-me com três aspectos comuns do universo feminino representado no palco: a bolsa que nada se acha de tantos objetos, o dilema entre a elegância do salto e o conforto do sapato baixo e a sensação de não encontrar nenhuma peça de roupa adequada no armário.
Suspeito que uma ponta do meu desapontamento com a peça foi por que há uma certa intolerância minha com algumas coisas ditas como típicas do feminino. Se você conversar comigo sobre as últimas tendências da moda ou se perguntar como se chama um determinado tipo de calça, farei cara de paisagem. Não entendo bulufas do mundo fashion!
Da mesma forma me desagrada esses programas de televisão centrados no visual. Sou daquelas que lendo uma revista, chega na parte de moda, passo logo. Interesse praticamente zero.
Em vários momentos já quis ser diferente, mais “estilosa”, ter perspicácia para combinar acessórios, mas essa não é minha praia. Tenho várias amigas superchiques e as admiro muito por isso. Para terminar, preciso dizer o que já afirmei em texto anteriores: acho chato sair às compras. Adoro fazer isso com minha mãe ou uma amiga, faz passar mais rápido esse momento de indecisão, que com tantas opções fico perdida. Meu sonho de consumo? Ter uma personal stylist, só para pensar por mim que roupa vestir.
Sobre os três aspectos que me identifiquei na peça, pensei em escrever um texto só sobre elas. Quem sabe não estimulo esse meu lado feminino um pouco atrofiado?


sábado, 4 de dezembro de 2010

Cinema em Pelotas: algumas considerações



Se há vários aspectos positivos em viver em uma cidade de médio porte, há também, claro, o lado negativo. Morar em uma cidade de aproximadamente 300 mil habitantes pode ser vantajoso porque a violência não é tão terrível, dependendo do que você faz é bem possível almoçar em casa, não há longos engarrafamentos e o custo de vida é mais baixo, comparando com grandes cidades.
Por outro lado, há as desvantagens. As opções em diversos setores são menores, inclusive nos programas culturais. Ultimamente em Pelotas vários shows e algumas peças de teatro têm estado na cidade fazendo de nós, os moradores, mais saciados.
Infelizmente, o cinema nem sempre corresponde às expectativas. Há semanas os mesmos filmes em cartaz, voltados para o público teen e infantil. Filme de qualidade para nós, adultos, sobra apenas o já visto “Tropa de Elite II”.
Uma produção menos comercial nem pensar. Leio no jornal a seleção de filmes em cartaz em Porto Alegre com olhos que misturam inveja e melancolia. O mesmo acontece quando vou ao cinema. Sala de qualidade? Não, ainda não há aqui. Infelizmente.
Juro que faço essa crítica com medo: já pensou se as três salas de cinema existentes aqui fecham suas portas? Morrerei de tristeza. Enquanto elas estão lá continuo com minha esperança de encontrar uma sala limpa, com ar-condicionado adequado e um excelente lançamento na grande tela.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Bilhete



Em uma visita a casa da minha sobrinha (5 anos), peguei um caderno da “Moranguinho” e folheei até encontrar o que parecia ser um bilhete e pela letra bem maior do que as linhas do caderno, percebi em um segundo que era de autoria da minha sobrinha.
No bilhete dizia “Te amo e te adoro, mas não me “covide” para nada. Me “descupe”. Um beijo” Perguntei a ela do que se tratava e ela me explicou.
Era uma comunicação de sacada para sacada. De vidro para vidro, ela e sua vizinha, também amiga, de 7 anos, se comunicavam. Como minha sobrinha havia chegado da escola e ia tomar banho, não podia brincar naquele momento e estava expressando tal mensagem pela escrita do bilhete.
Sou coruja, eu sei, mas não é uma graça tudo isso?
Fazer parte disso é algo único, impossível de mensurar o ganho.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Encontrando as palavras



 Minha sobrinha de 5 anos está começando a ler e me emociono em ser testemunha disso. O “nh” e o acento agudo, por exemplo, não são naturais para ela como é para nós, adultos.
A leitura é meio que tateada, feita com cuidado e desconfiança. Busca o olhar do outro para confirmar seus acertos ou o socorro aos seus erros. As palavras já familiarizadas são lidas com desenvoltura e servem de estímulo para continuar o desbravamento.
Esquecemos do quanto aprendemos, de quantos desafios precisamos enfrentar até chegar à alfabetização, ao conhecimento maior do mundo e de como as coisas funcionam.
Nas cabecinhas infantis a vida é simples muitas vezes, seu cotidiano é seu mundo, todavia em outras questões, tudo parece complexo demais. As crianças são invadidas por sentimentos e sensações que nem sempre sabem identificar, e talvez seja essa parte a maior complexidade.
Nesses confusos e “normais” sentimentos há o desejo de independência, de conhecer, de avançar em novos percursos e aí a aquisição da leitura acaba sendo um passo fascinante. A busca por interação, diversão e decodificação de mundo encontra eco na leitura.
Junto a esse processo de leitura está a escrita, que gera em nós, adultos que rodeiam os pequenos, instantes de riso e orgulho, que contarei em outro texto.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Frase do Dia



"A realidade é coisa delicada, de se pegar com as pontas dos dedos."

(Paulo Henriques Britto)