Quase sempre respeito os roncadores, não deve ser fácil saber que seu sono perturba quem está ao lado. Eu só perco o respeito por eles em uma situação: no ônibus. Mais uma vez digo que tento compreender, me colocar no lugar, porém nada me faz ter compaixão por quem sabe que incomodará os 40 passageiros do veículo e não se importa, se entrega ao momento reparador, “os outros que se virem”, talvez pense.
Não tenho dúvidas que posso estar sendo injusta, que a pobre criatura enfrentou um dia-cão e que não consegue manter os olhos abertos, todavia minha larga experiência pelas rodovias me faz pensar que geralmente não é assim.
Conheço uma pessoa que ronca bastante, muito mesmo, bem forte. Quando ela precisa encarar três ou cinco horas de viagem, segue firme, sem se entregar ao Morfeu, justamente porque ela não acha legal atrapalhar o sono dos silenciosos com o seu sono barulhento. Complicado, sem dúvidas, mas é assim viver no coletivo.
Vejo muitos roncadores que nem tentam modificar seu som. Não tem qualquer interesse em procurar ajuda, afinal, talvez pensem, “não me incomodo com meu ronco”! E os outros?
Apesar de minhas críticas, saibam que sou solidária com aqueles que não tiveram bons resultados em tratamentos, que se sentem constrangidos e não gostariam de incomodar os colegas de bus. Agora, àqueles que não estão nem aí, que acordam e saem do ônibus como se não tivessem atrapalhado os pobres coitados, como eu, que também mereciam horas de descanso, esses não perdoo mesmo...
Obs: uso meu iPod como posso para me proteger, mas dependendo da localização do roncador ou o número deles, não há como, o ronco entre uma música e outra vem, e assusta.