quinta-feira, 7 de julho de 2011

Educação



Uma pessoa que conheço vai se formar em Biologia no final do ano. Desde que entrou na universidade, sonhava em ser professora. Meses atrás concluiu seu estágio em uma escola estadual. Fazia um tempo que não a via. Semana passada, em um breve encontro, perguntei sobre tal experiência. Ela disse que estava muito perdida sobre o que faria após a formatura, pensou em fazer um segundo curso universitário.
Mas, por quê? Perguntei eu. Aí veio a triste resposta. Essa minha conhecida detestou a experiência. Sentiu-se impotente frente a crianças (5º ano do Ensino Fundamental) desinteressadas e, portanto, desmotivadas, com o conteúdo que ela apresentava.
Os colegas professores tentavam consolá-la, dizendo que era assim, que ela precisava se impor, gritar para mostrar quem mandava. Ela, que não faz nenhum tipo de professora brava, ficou desolada com a futura profissão.
Uma professora bastante experiente dessa mesma escola lhe aconselhou a esquecer a “maluca ideia” de mudar as coisas. Ela mesma já havia tentado, décadas atrás, sem sucesso. Então, é assim mesmo, nada há para fazer.
Enquanto ela me falava tentava concordar com alguns pontos reais: não é novidade que nossas crianças não veem sentido, pelo menos a maioria delas, na escola e, por isso, não respeitam a figura do professor. Também não é mentira o fato de que muitos pais estão confusos em sua função de educar e se tornam tão infantis quanto suas crianças; então, quando estas vão para os bancos escolares tentam estabelecer suas vontades, como em casa. Se não aprenderam a respeitar em casa, provavelmente, será complicado perceberem como funciona a hierarquia institucional.
Ao mesmo tempo em que a ouvia e a apoiava, tentava mostrar o outro lado. As escolas precisam de professores como ela, que não se acomodam em uma posição autoritária para exercer seu papel e se deixam inquietar pelas demandas atuais. O problema é que pessoas como ela se sentem sós, perdidas e sem saber que rumo tomar. Como fazer diferente num contexto tão repetitivo: os alunos reclamam das escolas, os professores reclamam dos alunos e dos salários, os pais se queixam dos filhos e das escolas. Como romper com tudo isso?

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