O mês de setembro está quase terminando e a principal matéria da revista Cult desse mês ainda não foi lida por mim. A reportagem é sobre um livro recém-publicado na Alemanha, que traz cartas trocadas entre Freud e sua futura esposa, na época, Martha.
Nessa matéria, há quatro cartas e é esse o empecilho.
Sempre fui desconfiada com essas coisas. Livros que trazem cartas, mensagens íntimas, privadas e que tempos depois, quando os personagens dessas correspondências não estão mais aqui, ganham vitrines, estantes, passando a ser públicos, completamente públicos.
Eu sei, talvez muitos desses personagens tenham autorizado tal publicação. Isso é um detalhe importante, porém não impede meu sentimento de invasão, de estar em um espaço que não é meu de fato.
Biografias nem sempre me dão essa impressão, geralmente lido sem conflitos. Mas a troca de cartas me enche de pontos de interrogação. Afinal, aquelas correspondências existiram para um fim e agora acontece uma reciclagem, curiosa, claro, conhecemos facetas outras desses remetentes e destinatários, mas essa entrada na intimidade sem licença me faz pensar.
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