segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Moacyr Scliar

Foto: Jefferson Bernardes (www.agenciapreview.com)
Moacyr Scliar na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre


 Senti a morte de Scliar como milhares de outras pessoas. Minha relação com o médico, cronista e escritor gaúcho, tinha duas perspectivas: a presente, como leitora, principalmente de suas crônicas (terças, sábados e domingos), no Zero Hora e a do passado. Quando criança, me recordo, como se fosse ontem, minha mãe lendo seus textos nos jornais de domingo. Sabia que ele tinha um filho, Beto, que regula com a minha idade. Minha mãe ria de coisas que ele, esporadicamente, contava do filho, talvez se identificando como mãe.
Morreu para mim não apenas o intelectual, que entendia de gente e de palavras, uma pessoa com muitos talentos, mas alguém que, de alguma maneira, mesmo distante, fez parte da minha infância. 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Estar para baixo



De vez em quando usamos a expressão “estar para baixo” quando estamos um tanto tristes ou desanimadas. Isso pode acontecer na TPM ou fora dela. Por uma razão clara ou obscura. A certeza é que todo mundo tem seus dias “para baixo”.
Na cultura atual em que tristeza virou sinônimo de depressão, quase é pecado falar em voz alta que se está triste, então preferimos os eufemismos. Depressão é doença, tristeza não é, faz parte da vida, ora.
Quando a tristeza permite, podemos nos dar conta que a expressão “estar para baixo” é uma possibilidade de vermos a realidade sob outra perspectiva. Talvez mais silenciosos e voltados para dentro podemos perceber faltas, distorções antes não notadas, coisas que são importantes para nós e estavam esquecidas embaixo dos documentos e das contas. E provavelmente, várias coisas mais.
Assim, parece que “estar para baixo” é uma oportunidade de se reinventar, verbo que está na moda. Para levantar a poeira e seguir adiante precisamos de novas sementes, diferentes ações que nos levem a mudanças, mesmo que pequenas.
Se “estar para baixo” não é algo que desejamos, pelo menos podemos fazer desse limão, às vezes azedo, uma limonada saborosa.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Remédios para emagrecer



 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer tirar os remédios para emagrecer das farmácias. A principal justificativa para isso é que tais drogas oferecem mais riscos que benefícios à saúde. O único remédio aprovado para comercialização seria o orlistate, que atua no intestino.
O Brasil é um grande consumidor de sibutramina e anfetaminas. São caminhos rápidos para a perda do apetite e, consequentemente, para a perda de peso. O “x” do problema é que um número significativo de pessoas abusam de tais medicações e, a partir daí, os problemas se multiplicam.
A sibutramina, por exemplo, é suspeita de acarretar problemas cardíacos e neurológicos. As anfetaminas, de modo geral, levam o usuário a comportamentos que podem trazer uma gama de malefícios: alta irritabilidade, humor deprimido, agressividade, impulsividade, sem contar os efeitos como enjoos e vômitos. Além disso, femproporex, dietilpropiona e mazindol podem ocasionar problemas graves de saúde num espaço curto ou médio de tempo.
As mulheres, comumente, são as principais clientes das anfetaminas. Muitas delas, por conta própria e risco, aumentam a dose, potencializando os riscos e os efeitos colaterais destas drogas. Estar magra “a qualquer custo” parece ser um objetivo pelo qual se aceita correr qualquer perigo.
Algumas se tornam dependentes da droga e isso não tem nada de diferente em comparação com outro dependente químico. Problemas de autoestima baixa, imagem corporal distorcida, transtornos psiquiátricos podem ser o pano de fundo psicológico da pessoa que abusa dos remédios para emagrecer.
O que nem todo mundo sabe é que há o efeito rebote, isto é, quando se para de tomar os tais comprimidos, se engorda muito mais. O que estou dizendo não é um mero “papo saúde”; há estudos científicos comprovando isso.
O desafio para emagrecer é perceber que não há milagres, não há resultados imediatos. Perder peso requer esforço, paciência e persistência. Achar que o segredo está na pílula pode ser um erro de alto custo para a saúde física e mental.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


"Ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés."
Provérbio Africano

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Profeta



 O filme francês “O Profeta” é indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira, vi e gostei. Talvez esperasse mais, mesmo assim é muito bom. Excelentes atuações e direção muito competente. Fez-me lembrar do espanhol “Cela 211”, igualmente bem feito, em minha opinião.
Os filmes de prisão são interessantes porque apresentam um mundo que pouco conhecemos, ouvimos gírias, leis, condutas que não fazem parte da nossa rotina. Da mesma forma, vemos tratamentos desumanos ou com respeito, dependendo da situação. Vemos a decadência ou o triunfo dos mais e dos menos bandidos na cadeia.
Fazemos um paralelo com o mundo real brasileiro quando vemos reportagens do sistema carcerário daqui. Superlotação, higiene quase zero, uso de drogas, celulares, corrupção, violência, crueldade.
A sociedade brasileira finge não ver o que acontece, se convence de que aquelas pessoas estão tendo o tratamento que merecem, creem que nada pode e nem deve ser feito. Você, eu e todos somos cúmplices e testemunhas de um sistema penitenciário falido que grita SOS há décadas.
Melhorar este sistema, colocar fim à impunidade, evitar corrupção, investir em educação, saúde, programas sociais são tarefas longas e difíceis, porém as mais eficientes para fazer do Brasil um país melhor e merecedor da estampa que deseja no cenário internacional. 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

PaulPaladin 123RF



"Nada lhe pertence mais que seus sonhos." 
(Nietzsche)

Horário de Inverno

oleksiy 123RF


 Ao saber que o horário de verão terminará amanhã, tive uma ideia interessante: que os estados do sul do país (RS,SC,PR) adotassem de maio até fim de agosto o horário de inverno.
Você precisa começar a trabalhar às 8h, para isso acorda, por exemplo, às 6h30min, muito frio e ainda escuro. Então, o horário de inverno resolveria essa comovente situação. Todos do sul iriam adiantar duas horas o relógio (não me perguntem detalhes porque não pensei, meu foco está na hora de sair da cama quentinha e encarar o frio), dessa maneira, 6h30min seriam, na verdade, 8h30min. Ainda frio, ok, mas não mais tão cruel.
Sulistas, esqueçam o calorão de agora, lembrem do frio, da geada, da cerração, do dia que ainda é noite. O horário de inverno não parece uma ideia civilizada?


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

The Fighter



No ritmo da festa do Oscar, que ocorrerá no próximo dia 27, “The Fighter” (“O Vencedor”, na versão brasileira) é um filme que merece comentário. A direção coube ao David Russell.
O roteiro é baseado na vida de Micky Ward (Mark Wahlberg), um lutador de boxe mediano que tem como seu treinador e ídolo, o meio-irmão Dicky Ecklund (vivido por Christian Bale, de maneira estupenda), um ex-lutador viciado em crack.
O filme é triste, nos faz rir e nos encanta pela singularidade da história que foge de clichês. A família de Micky, desestruturada, mas apaixonada e unida. Irmãos que se adoram e que precisam se diferenciar. Uma mãe passional que se atrapalha, sofre e faz sofrer. Uma namorada que encontra no amor uma nova chance. Um ex-lutador que foge para as drogas, incapaz de lidar com as frustrações de seus sonhos juvenis. Um lutador sem muitas perspectivas que deseja mais da vida.
Um filme muito bacana, bem feito e que faz bonito ao apresentar as idiossincrasias de todos nós.

“Eu não sei, como é?”

porsenna 123RF


Você está preparado para o começo do ano? Sim, você “sabe”, aqui no Brasil o ano começa mesmo após o carnaval. Na verdade, nunca tive essa sensação, para mim o ano começa após a meia-noite, primeiro de janeiro. Decidi fazer a pergunta inicial para “denunciar” o que a gente toma como uma verdade sem bem pensar ou por mera solidariedade.

Na minissérie “Agosto”, baseada na obra de Rubem Fonseca, que anos atrás passou na rede Globo, hoje há em DVD, o personagem principal, o policial interpretado por José Mayer, cujo nome não me recordo, tinha uma pergunta interessante para um comentário banal.
Quando alguém, por exemplo, reclamava da demora de algo burocrático, dizia a ele: “Você sabe como é a burocracia...” Eis que Mayer dizia: “Não, não sei. Como é?” Tal pergunta desconserta porque nos faz pensar, nos puxa da onda em que “todo mundo” está.
“Não sei, como é?” Essa simples perguntinha nos convida a refletir e estar abertos a novas perspectivas, novas percepções e constatações de quanto somos nós que falamos e o quanto é o imaginário social, digamos assim, falando.
Quando nos deixamos levar pelo “você sabe como é a política”, por exemplo, não permitimos espaço para a postura crítica. Assumimos um conformismo defensivo e esquecemos que as coisas podem mudar, mesmo que não imediatamente.
Deixando José Mayer e a política, voltando ao início do ano, somos nós que decidimos se as coisas engrenam mesmo depois do carnaval ou se elas já estão engrenadas. Cada dia é uma nova chance para recomeçarmos, independentemente do que a maioria fale.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Deus da Carnificina



 Quem estiver por visitar ou está no Rio de Janeiro teatro sempre é um excelente programa. Na Maison de France, no centro da cidade, está em cartaz “Deus da Carnificina”, uma ótima peça, com atuações nota dez e com um texto bom, muito bom.
Deborah Evelyn e Orã Figueiredo são os pais de um menino que apanhou de outro, cujos pais são Júlia Lemmertz e Paulo Betti. O encontro acontece por iniciativa dos primeiros pais, com o objetivo de apaziguar a situação.  
Esta conversa de quase uma hora e meia não abarcará apenas o contexto dos garotos, dos cuidadosos bons modos iniciais até os xingamentos, os casais falam de si, do outro, da leitura de mundo, de suas dores.
Logo que a peça iniciou fiquei intrigada de que maneira ela iria se segurar até o fim, naquele mesmo cenário e com a presença dos quatro em cena. Pois a peça se manteve ótima até o final e o tempo voou.
A plateia ri em diversos momentos, mas a história, no final das contas, é triste.

Para quem deseja saber mais:

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cisne Negro


Se você ainda não assistiu ao filme mais recente do diretor Darren Aronofsky, “Cisne Negro”, e quer fazer isso aconselho a ir rápido ao cinema. Não é um filme para todos e nem para qualquer hora. É uma experiência perturbadora.
Quando as luzes se acendem logo você percebe que momento angustiante você se encontra. Sem dúvidas, é um filme maravilhoso. Intimista, com uma Natalie Portman magnífica, a história da jovem bailarina que vive seu momento profissional mais glorioso e também mais exigente é um primor.
Lógico que como qualquer outro filme não agradará a todos. Foge das películas comerciais. Trata-se de um filme arte mesmo, uma grande obra.
Fui ao cinema com meu marido que fez um comentário que reproduzo aqui porque concordei e plenamente: “o filme é excelente, mas nunca mais quero assisti-lo novamente.”
Além disso, conto que na fila do banheiro pós cinema uma espectadora comentou comigo: “não vou mais conseguir assistir balé.” Disso eu discordo, mas exponho aqui para mostrar o quanto o filme pode render se você aguentar o tranco e apreciar aonde a história pode nos levar. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011



Pessoal, estarei de férias por alguns dias. Selecionei algumas imagens que vão estar por aqui, todas com o motivo "férias". Há algumas bem legais. Assim, se não estarei aqui por texto ou  frase, estarei por imagem!
Um beijão !