quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Surpresas

Por quem você colocaria a mão no fogo? A resposta dependerá da sua leitura da realidade e de suas experiências. Talvez você cite quatro nomes, nenhum nome, somente o seu ou liste uma dezena ou mais de pessoas que você acredita conhecer completamente.
A pergunta inicial é somente o gatilho para pensar sobre conhecer as pessoas. Achamos que conhecemos muitas, porém esquecemos que na maioria das vezes conhecemos o que o outro nos deixa ver. Conhecemos a máscara, a superfície, porém o que acontece no “quarto escuro”, quando ninguém está vendo é sempre um mistério.
Facilmente você lembrará um caso surpreendente de ter achado que sabia quem estava ao seu lado e, meu deus, era alguém muito diferente!
Não quero plantar a desconfiança crônica, pois viver com ela seria uma tragédia, desejo é pensar em conjunto como seria interessante sempre deixarmos um espaço em branco para observarmos, percebermos sem os automatismos do “velho conhecido”, para as coisas ruins, ok, mas principalmente para as coisas boas.
Esse espaço em branco serviria como uma oportunidade para o outro mostrar o seu lado generoso, empático, forte, delicado, enfim que possamos iluminar esse encontro com o lado bom do outro.
Você pergunta: E se for o lado ruim? Bueno, faz parte também. E façamos desse encontro com o feio do outro da maneira mais produtiva possível, que a gente aprenda que ninguém é perfeito, que faltas são toleráveis. Porém, atenção, construa sua “régua” para suportar até o possível, o “seu” possível.
Não precisamos colocar a mão no fogo por ninguém, nem por nós mesmos, conhecemos e confiamos, mas sabemos que mudamos ao longo da vida. E isso é muito bacana, faz a vida ser menos rigidamente previsível e ser uma caixinha de surpresas.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Entrevistas de Emprego


Resfriada fiquei em casa na segunda-feira. Assisti um telejornal que mostrava dicas de como as pessoas deveriam se comportar nas entrevistas de emprego. Antes mesmo de a reportagem ser passada fiquei pensando que a principal dica é: seja você mesmo.
Hoje não trabalho com essa parte da psicologia, mas fiz muitas entrevistas no meu estágio de Psicologia Organizacional. Nunca foi a área mais amada, mas confesso que aprendi muitas coisas legais.
Uma das coisas que mais me chamava a atenção era quando o candidato era bastante sincero. Claro que somado a isso, havia sensatez, bom currículo, experiências interessantes e/ou cursos idem, bom humor. Mostrar que não sabe alguma coisa não significa necessariamente uma grande falha, o que importa é se você está a fim de aprender, e se sim mostrar a motivação para isso.
Todos que trabalham com seleção de pessoal sabem que os candidatos ficam ansiosos, tensos, isso faz parte. Os melhores entrevistadores conseguem driblar e alcançar a melhor parte do entrevistado.
As empresas buscam, em sua maioria, profissionais que somem à empresa, que possam desenvolver seu potencial para assim fazer crescer a produção de trabalho. 
Além disso, sempre é importante frisar que seleção nem sempre é justa. Já soube de pessoas ótimas que não foram chamadas e isso não quer dizer que elas não fossem boas, mas é uma seleção, não há espaço para todos naquele mesmo momento.
Não sei se você fará em breve uma entrevista ou se conhece alguém que fará, mas fica aqui a dica: seja você mesmo, afinal, se você mentir ou tentar mascarar alguma coisa, nas primeiras semanas de trabalho aparecerá a verdade e aí a coisa pode ser pior.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Poema para começar bem a semana...

"Noite Estrelada" - de Vincent Van Gogh



"Parem de Falar Mal da Rotina"

Parem de falar mal da rotina
parem com essa sina anunciada
de que tudo vai mal porque se repete.
Mentira. Bi-mentira:
não vai mal porque repete.
Parece, mas não repete
não pode repetir
É impossível!
O ser é outro
o dia é outro
a hora é outra
e ninguém é tão exato.
Nem filme.
Pensando firme
nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas:
chuva dia azul crepúsculo primavera lua cheia céu estrelado barulho do mar
O que que há?
Parem de falar mal da rotina.

Este poema é de Elisa Lucinda, uma das presenças na Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo.
(Fonte: Jornal Zero Hora)

domingo, 21 de agosto de 2011

Com calma



Um dos efeitos colaterais que o apressado mundo atual pode causar é a irritabilidade ou o conhecido “nervos à flor da pele”. Estressamos-nos dentro do carro no engarrafamento ou na longa fila do supermercado ou quando tentamos achar vaga para estacionar ou no banco. Podemos nos estressar com muitas coisas e parece que isso já virou clichê. Todo mundo corre o tempo todo.
Algumas pessoas chegando ao seu limite e num movimento de cuidado de si vira a mesa. Faz as malas, vende tudo e vai para a praia ou o campo viver uma rotina mais tranquila.
Quem não deseja mudar totalmente de estilo, mas procura um jeito mais zen de ser há algumas alternativas a pensar, como entrar em uma aula de ioga ou simplesmente começar a exercitar uma seleção do que realmente vale a pena se preocupar.
Se pararmos para pensar vamos enxergar o que realmente importa e dar prioridade a isso. Acabamos nos cobrando além da conta: responder todos os e-mails já, encontrar todas as pessoas que nós gostamos já, comer todas as comidas agora, assistir todos os filmes nesse momento, ler todos os livros até amanhã.
Lógico que exagero nos exemplos, mas é somente para mostrar que facilmente podemos responder a demandas que nem são nossas. A cultura hoje exige que você seja mega: boa profissional, boa mãe, boa amante, boa amiga, boa filha, boa neta, boa em tudo, mas e boa consigo mesmo, isso também não é importante?
Não estou aqui levantando a bandeira para chutar tudo, claro que não! Mas sim tolerar a imperfeição, aceitar que deixamos algumas coisas para amanhã porque não é legal viver o hoje sem fôlego.
Compreender que o tempo deve ser vivido e não corrido, eis uma tarefa atual.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tonho Crocco, obrigada!

Foto: Letícia Tolentino


Foi arquivado o processo contra o músico Tonho Crocco, autor do rap “Gangue da Matriz”, que cita os 36 deputados que deram aumento em seus próprios salários de 73%. A música é bastante original e confesso que só cheguei a ela por meio da polêmica que se alastrou pela internet.
Não estou capacitada a escrever dentro do campo do Direito, portanto silencio a respeito. Só quero chamar a atenção para o fato de que estamos pouco acostumados com músicas de protesto, o que é uma pena. Além do que, precisamos valorizar a postura autêntica do compositor ao citar os nomes de todos os parlamentares que passaram os seus salários, de 11.564,76 para 20.042,34. Um absurdo expressado em rimas criativas.
Quantas pessoas afastadas, por desinteresse ou desilusão, da política voltaram a refletir novamente mediante essa polêmica com Tonho Crocco? E se isso se seguisse? Se além dos aumentos exacerbados, outros escândalos viessem aos palcos, em discursos rimados? Seria pelo menos o fim do silêncio de muitos de nós.

Para ouvir o rap:


domingo, 7 de agosto de 2011

IDEB na escola

Modelo de uma placa (Projeto IDEB na Escola)


Escrevo esse texto após ler a última coluna de Gustavo Ioschpe, na revista Veja. Há poucos meses ele começou uma campanha que visa à nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) estar à mostra nas portas das escolas. O que é exatamente o Ideb? Busco no site do projeto a resposta e a reproduzo aqui: “é um indicador da qualidade da educação de toda escola pública brasileira, medido pelo Ministério da Educação (MEC) no 5º e 9º anos do Ensino Fundamental (antigas 4ª e 8ª séries). Sua escala vai de 0 a 10, e a “nota” de cada escola é o resultado do cruzamento de duas variáveis: a aprendizagem dos alunos, medida por um teste chamado Prova Brasil, e a taxa de aprovação da escola”.
Há um descompasso entre as notas do Ideb e a pontuação, feita por pesquisa pelo MEC, que os pais deram à educação de seus filhos. Isso parece mostrar que os pais responsabilizam principalmente seus filhos pela não-aprendizagem ou repetência e pouco questionam o sistema educacional.
Não estou aqui para culpar as escolas e redimir alunos e pais. Escrevo esse texto para salientar o quanto o problema é complexo e precisa ser examinado com seriedade pelas pessoas capazes.
Como não sou especialista no assunto, falo como alguém da sociedade  que observa os comportamentos de professores, diretores, alunos e pais; e as representações que muitas dessas pessoas têm da educação, do papel “professoral”, da influência de más condições de vida na aprendizagem e da família no contexto escolar.
O projeto “IDEB nas escolas” talvez seja um instrumento para reconhecer quem está fazendo devidamente seu papel, ou seja, aqueles ótimos educadores que mesmo nadando contra a maré conseguem ter êxito em seu papel. E, claro, além disso, apontar as falhas do sistema e quem sabe, a partir delas, as soluções sejam criadas.
Não é novidade que a educação de qualidade é a base para uma sociedade mais igualitária e lúcida. A questão é que o como se faz isso está patinando há décadas. Os bons profissionais se veem desestimulados e os maus seguem alimentando negativamente nosso fracasso educacional.
O projeto não é o fim do caos, mas é uma alternativa para clarear as coisas. Esse pode ser um primeiro passo de centenas.

Endereço do site do projeto:
Endereço do texto de G.Ioschpe:
Se você quer saber as notas do IDEB:

sábado, 6 de agosto de 2011

Fronteiras



Dias atrás estava envolvida com um trabalho sobre o Transtorno de Personalidade Borderline. Tal transtorno tem a ver, entre tantas coisas, com fronteiras e isso me fez pensar em várias coisas que ultrapassam o setting terapêutico.
Vivemos em um momento social em que as fronteiras estão bastante borradas. Por exemplo, o limite entre o público e o privado se confundem em meio às redes sociais, blogs, microblogs. O limite entre eu e o outro igualmente sofre uma crise. As coisas parecem, em vários momentos, todas juntas e misturadas.
Li e não saberei dar a referência, infelizmente minha memória não é boa para isso, que o mundo com a tecnologia se tornou menor. A internet aproximou mundos e paradoxalmente, provavelmente essa é uma das épocas em que mais as pessoas estão distantes umas das outras.
Tornamo-nos mais independentes, o que por um lado é ótimo, por outro, preocupante. Esse isolamento nos tira a ideia de coletividade, que é importante.
Às vezes nos deparamos com a mensagem de que vivemos sem fronteiras, como se isso nos desse onipotência, “podemos tudo”! O que é uma ilusão enorme, um equívoco. As fronteiras limitam não porque somos pequenos, mas porque é necessária essa limitação para nos organizarmos, nos localizarmos onde estamos, o que queremos e o que podemos.
Precisamos pensar sozinhos e precisamos pensar com o outro.  Mas quando o eu e o outro estão mesclados, tudo vira uma coisa só, bagunçada, que não me faz enxergar quando estou usando meus direitos e quando estou abusando deles.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O táxi, um assunto e a chuva



Ontem, em Porto Alegre, peguei um táxi na rodoviária. O tempo estava chuvoso e o trânsito aparentava ter engarrafamento. Meu primeiro comentário após dizer o meu destino foi “que tempinho”. Tive como resposta, em tom mal humorado: “se está chovendo, reclamam, se não chove, reclamam, se está frio reclamam e se está calor também”.
Fiquei pensando naquela resposta, imaginei que o motorista deve ter ficado incomodado porque até chegarmos no meu destino encontraríamos engarrafamento. Aliás, suponho que toda POA fique engarrafa com a chuva...
Aí retruquei: “acho que reclamamos porque moramos em um estado com um clima ruim, de extremos”. Afinal, no calor a umidade deixa a sensação térmica terrível, igualmente no inverno ela também nos deixa quase congelando. Além disso, estava um vendaval na capital gaúcha.
Não moramos em lugares com clima ameno, meio outono meio primavera. Temos alguns dias assim, o que ótimo, mas a regra é o extremo. Mais do que isso, e não falei para o taxista: é um hábito falar do tempo. Virou assunto institucionalizado. É uma maneira de nos aproximarmos das pessoas, uma forma que encontramos de ter um assunto em comum. Quando não nos deparamos com alguém aborrecido.