Dias atrás estava envolvida com um trabalho sobre o Transtorno de Personalidade Borderline. Tal transtorno tem a ver, entre tantas coisas, com fronteiras e isso me fez pensar em várias coisas que ultrapassam o setting terapêutico.
Vivemos em um momento social em que as fronteiras estão bastante borradas. Por exemplo, o limite entre o público e o privado se confundem em meio às redes sociais, blogs, microblogs. O limite entre eu e o outro igualmente sofre uma crise. As coisas parecem, em vários momentos, todas juntas e misturadas.
Li e não saberei dar a referência, infelizmente minha memória não é boa para isso, que o mundo com a tecnologia se tornou menor. A internet aproximou mundos e paradoxalmente, provavelmente essa é uma das épocas em que mais as pessoas estão distantes umas das outras.
Tornamo-nos mais independentes, o que por um lado é ótimo, por outro, preocupante. Esse isolamento nos tira a ideia de coletividade, que é importante.
Às vezes nos deparamos com a mensagem de que vivemos sem fronteiras, como se isso nos desse onipotência, “podemos tudo”! O que é uma ilusão enorme, um equívoco. As fronteiras limitam não porque somos pequenos, mas porque é necessária essa limitação para nos organizarmos, nos localizarmos onde estamos, o que queremos e o que podemos.
Precisamos pensar sozinhos e precisamos pensar com o outro. Mas quando o eu e o outro estão mesclados, tudo vira uma coisa só, bagunçada, que não me faz enxergar quando estou usando meus direitos e quando estou abusando deles.
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