segunda-feira, 21 de junho de 2010

Com o mundo nas costas

Paolo De Santis 123RF

Quem já nunca sentiu estar carregando o mundo nas costas? Há aqueles em que este estado é crônico e em outros ele só se manifesta em fases agudas. Acontece com quase todos pelo menos uma vez na vida.

Pessoas íntimas que desabam, problema grave de saúde conosco ou com alguém perto, dívidas que somaram quantia preocupante, empresa mal das pernas. Enfim, são inúmeras as possibilidades de termos o mundo em nossos ombros.

A questão é: como tirar o peso de nossas costas? Compartilhar problemas, angústias pode ser uma ideia interessante. Muitas vezes quando temos essa sensação, estamos centralizando, isto é, assumimos sozinhos a reflexão sobre o caso. E se compartilhássemos com alguém o problema? E se dividíssemos esse peso (lembre que não somos os únicos a poder resolver as coisas, em algumas situações, claro)? E se nos déssemos conta de que sozinhos tudo fica ainda mais difícil?

Um ouvido acolhedor que nos ouça. É disso que precisamos. Não há melhor “ginástica” do que essa. À medida que nossas palavras saem, o peso diminui.

Pensando em peso dos ombros cito abaixo a última estrofe do poema de Drummond, “Os ombros suportam o mundo”:
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?


Teus ombros suportam o mundo


e ele não pesa mais que a mão de uma criança.


As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios


provam apenas que a vida prossegue


e nem todos se libertaram ainda.


Alguns, achando bárbaro o espetáculo,


prefeririam (os delicados) morrer.


Chegou um tempo em que não adianta morrer.


Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.


A vida apenas, sem mistificação.

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