sábado, 27 de novembro de 2010

Rio 40º

Ônibus queimado por traficantes na bairo de Maria da Graça, Rio de Janeiro – 26/11/2010
Foto: Marcelo Sayão



Na última quinta-feira, Luiz Eduardo Soares, em seu blog, escreveu um texto bastante interessante para compreender melhor o que ocorreu nesta última semana na zona norte do Rio de Janeiro.
Comparando a violência do tráfico com um corpo doente em um hospital, fica claro o quanto precisamos ficar ligados não somente nas ações policiais, midiáticas e civis durante a crise, como foram esses últimos dias, mas também no que vai ser feito depois.
Quando um paciente, por exemplo, entra em um pronto-socorro com infarto, não há tempo para pensar em como os cardiologistas estão sendo formados, na falta dos equipamentos necessários, nos salários pagos aos médicos com atraso. Não há espaço para tais reflexões.
O paciente precisa do atendimento rápido e eficaz. Foi isso que a segurança do Rio de Janeiro fez. Assumiu um território até então dominado pelos traficantes expulsos das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), tentou ao máximo controlar os ataques de terror e assegurar o bem-estar da população civil carioca.
Mesmo sem ser especialista na área, arrisco a dizer que o maior desafio vem a seguir, quando a atenção ao fato diminuir, quando não houver mais nenhum ataque, tudo voltar à rotina. Como diz Soares, somos ótimos em eventos, assim os Jogos Olímpicos e a Copa serão um sucesso, provavelmente. A coisa complica na rotina. No cotidiano não conseguimos ter tanto sucesso.
Neste momento, são urgentes diversos assuntos relacionados ao que ocorreu no Rio. Como mudaremos o sistema penitenciário para dar conta de tantos presos e como impedir que muitos deles continuem a ser chefes das quadrilhas, de dentro dos presídios?
Quais estratégias as polícias que cuidam as fronteiras usarão para impedir entrada de armas e drogas?
Como será possível aumentar salários dos policiais e eliminar da folha de pagamento aqueles corruptos?
Essas são algumas das tantas perguntas que devem ser respondidas com ações.
Enfim, esta guerra existente há décadas, mas oficializada nesta semana, não pode ser pensada como bem-sucedida porque um território foi resgatado das mãos dos bandidos, pelo Estado. Ela só terá sucesso quando o espiral que a envolve for levado efetivamente a sério pelos governos, pelos comandos de segurança e pela sociedade.

Para ler Luiz Eduardo Soares:


Um comentário:

  1. O que posso dizer desse aumento de temperatura é que é muito angustiante viver numa selva sem o menor indício de superego protetor.
    Quando as feras são perseguidas, nosso ego se tranquiliza e pode começar a viver e pensar direito.

    ResponderExcluir