domingo, 5 de dezembro de 2010

Coisas do universo feminino

Tetyana Kulikova 123RF


A peça “Amores, perdas e meus vestidos” recebe elogios pela interpretação das quatro atrizes – Arlete Salles, Carolina Ferraz, Taís Araújo e Ivone Hoffmann, algumas partes do texto são bem boas, mas confesso que esperava mais.
Identifiquei-me com três aspectos comuns do universo feminino representado no palco: a bolsa que nada se acha de tantos objetos, o dilema entre a elegância do salto e o conforto do sapato baixo e a sensação de não encontrar nenhuma peça de roupa adequada no armário.
Suspeito que uma ponta do meu desapontamento com a peça foi por que há uma certa intolerância minha com algumas coisas ditas como típicas do feminino. Se você conversar comigo sobre as últimas tendências da moda ou se perguntar como se chama um determinado tipo de calça, farei cara de paisagem. Não entendo bulufas do mundo fashion!
Da mesma forma me desagrada esses programas de televisão centrados no visual. Sou daquelas que lendo uma revista, chega na parte de moda, passo logo. Interesse praticamente zero.
Em vários momentos já quis ser diferente, mais “estilosa”, ter perspicácia para combinar acessórios, mas essa não é minha praia. Tenho várias amigas superchiques e as admiro muito por isso. Para terminar, preciso dizer o que já afirmei em texto anteriores: acho chato sair às compras. Adoro fazer isso com minha mãe ou uma amiga, faz passar mais rápido esse momento de indecisão, que com tantas opções fico perdida. Meu sonho de consumo? Ter uma personal stylist, só para pensar por mim que roupa vestir.
Sobre os três aspectos que me identifiquei na peça, pensei em escrever um texto só sobre elas. Quem sabe não estimulo esse meu lado feminino um pouco atrofiado?


Um comentário:

  1. O mundo da moda tem sua linguagem e seus fãs, mas a peça parece girar em torno ao mundo psicológico da mulher, os amores, as perdas e as máscaras.

    A bolsa simboliza a capacidade uterina, continente de todas confusões do universo. O salto alto pode-se relacionar com os dilemas de superioridade ou de dominação/submissão. E a procura de vestidos e boas aparências leva à busca e escolha de elementos que definam a própria identidade e o verdadeiro self.

    Um espectador de visão mais profunda poderá elucidar muitas coisas com algo aparentemente tão banal como o mundo fashion.

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