O diretor Lee Daniels dirigiu, anos atrás, o filme “A Última Ceia”, que agradou ou desagradou seus espectadores, mas não passou despercebido. O mesmo pode-se dizer de “Preciosa”, este, verdade seja dita, é mais comercial que o primeiro.
Desde seu lançamento no Brasil, estava muito curiosa e desejosa de assistir a triste história de Precious, uma adolescente obesa e negra, que vive em um apartamento pobre no Harlem, com uma mãe igualmente pobre, principalmente de espírito.
Esta mãe é violenta, amarga e incapaz de qualquer palavra ou ato de carinho. O pai de Precious que curiosamente não aparece no filme, mas está presente o tempo todo, também foge do papel de pai. Ele violenta sua filha, que engravidou e pariu uma menina com Síndrome de Down há dois anos e agora, novamente, está grávida.
Na escola e na vida, Precious é calada e tímida, sugerindo uma autoestima muito baixa, característica comum em vítimas de violência doméstica. Quando Precious é matriculada, pela escola que estuda, em outra instituição, dita alternativa, ela começa a construir uma alternativa para si mesma.
Sem flores, o filme se aproxima da vida real e é disso que mais gosto no cinema: ficção com jeito de realidade. Gabourey Sidibe e Mo’Nique estão ótimas nos papeis de filha e mãe.
O filme nos comove e nos tira do lugar. Somos testemunhas de como é possível sobreviver frente às crueldades vindas de quem deveria proteger e amar. O mais triste de tudo: sabemos que Precious não existe apenas no cinema, muitas estão aqui, entre nós buscando um outro caminho para si mesmas.