terça-feira, 27 de julho de 2010

Quando o trivial deveria ser raridade

Denis and Yulia Pogostins 123RF

Hoje uma pessoa muito próxima de mim teve seu carro invadido. Quebraram uma janela, entraram, nada roubaram, apesar de ter uma moeda à vista e um CD no porta-luvas. Ainda bem que o dono do carro não chegou nessa hora, mas depois, quando o bandido já havia ido embora. Mesmo assim, a sensação de ter sido agredido existe.

Houve uma violação. O seu carro foi invadido por um estranho. Alguém não convidado sentou no banco do carona, tocou no painel, repito: alguém não convidado.

A violência está ao nosso lado, nos é vizinha e pouco podemos controlá-la, ficamos à mercê da sorte, de movimentos desencontrados que nos salvam de um encontro infeliz. O que podemos fazer quando o crime não é mais manchete, quando vira cotidiano, chocando apenas os envolvidos? Chamar a polícia, para quê? Reclamar de um vidro quebrado? Esbravejar porque alguém violou algo seu?

Devemos, quem sabe, reavivar nosso “botãozinho” de ficarmos perplexos para que não aceitemos mais barbaridades como banalidades? Mesmo que não chamemos a polícia, tenhamos nosso direito legitimado de ficarmos atônitos com os desrespeitos que somos vítimas e testemunhas regularmente.

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