quarta-feira, 31 de março de 2010

Stella




O filme francês “Stella” é um trabalho autoral da roteirista e diretora Sylvie Verheyde. Na década de 70, Sylvie, que ganha o nome de Stella na película, é uma garota de 11 anos que tem sua vida alterada a partir do momento que ela se torna aluna de uma famosa escola parisiense. Seus pais são donos de um bar sem qualquer charme ou glamour (no local também alugam alguns quartos para pessoas marginalizadas que recebem ajuda da assistência social). Stella é desprotegida, vive em uma rotina fora do ideal para o universo infantil.

Ao frequentar a escola, passando por evidentes dificuldades de aprendizagem, Stella conhece Gladys, sua coleguinha de aula que é filha de intelectuais. Este encontro abre para um novo caminho para a protagonista. A amizade com Gladys a desperta para o mundo da literatura e da música, fazendo disso uma alternativa para Stella fugir do tipo de vida que leva seus pais.

O filme tem uma trilha musical muito bacana, interpretações competentes e uma história esperançosa, de como é possível vencer problemas familiares e sociais.

terça-feira, 30 de março de 2010

Desenhos Animados



A revista Monet do mês de abril mostrou uma lista dos cem melhores desenhos animados já produzidos para a televisão, segundo uma votação da própria equipe da revista. Tem de tudo: desenhos de várias décadas até os dias de hoje.

Claro que a leitura faz rir pelo reencontro com os personagens que fizeram parte da nossa infância, assim, achei legal colocar alguns deles aqui e sua posição:



88º She-Ra, A Princesa do Poder


80º Homem-Aranha


78º Formiga Atômica


67º Papa-Léguas e Coiote


66º He-Man


58º Capitão Caverna e As Panterinhas


36º Ligeirinho


29º Thunder Cats


27º Zé Colméia


22º Os Smurfs


20º Os Jetsons


19º Caverna do Dragão


18º Manda-Chuva


17º Popeye


11º Tartarugas Ninjas


9º Os Flintstones


8º Pica-Pau


6º Tom & Jerry


5º Corrida Maluca


3º Pernalonga


2º Os Simpsons (único que nos pegou já na fase adulta!)


1º Scooby Doo, cadê você!


O desenho Scooby, então, foi o “grande vencedor”. Fred, Daphne, Velma, Salsicha e Scooby por anos nos divertiram com seus mistérios.

Concordando ou não com as posições, o legal mesmo é o reencontro com os personagens do nosso universo infantil. Quem não gargalhava com o Coiote e seus planos contra o rápido Papa-Léguas? Quem não adorava ver Popeye vencendo Brutus? E o bordão “Capitão Caver-naaaa!”? E o gato Manda-Chuva e seus amigos, como o Batatinha, azucrinando a vida do Guarda Belo? Por fim, o que falar da risada do Pica-Pau? Sem comentários!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Isabella



O desfecho do caso Isabella, na semana passada, não significou apenas justiça para os culpados de um assassinato tão cruel que comoveu o país há dois anos. A vitória do promotor Francisco Cembranelli o tornou um símbolo para a sociedade pouco crente no sistema judiciário brasileiro. Sim, é possível fazer justiça no Brasil.

Um julgamento calcado no trabalho bem feito dos peritos paulistas e na lógica (a explanação sobre a linha do tempo do crime, feita pelo promotor, teve um importante impacto) acabou por condenar Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá.

Mesmo que isso não traga novamente à vida a menina de cinco anos, pelo menos a justiça fez o que se espera dela: punir os culpados.

Não é nada fácil tentar compreender o que se passou naquela noite de 30 de março de 2008. Apesar de toda a explicação lógica, é difícil e doloroso pensar que dois adultos, sendo pai e madrasta, agrediram, asfixiaram uma menina de cinco anos e por fim, a jogaram do sexto andar, ainda viva. É por demais cruel e monstruoso.

O que nos entristece ainda mais é pensar nas numerosas crianças que sofrem este mesmo fim, sem o mesmo modus operandi, digamos assim. Podem não ser jogadas pela janela de um edifício, mas sofrem violência, abusos, maus tratos. Muitas não são protegidas daqueles que deveriam ter a obrigação e a vocação para tal. São abandonadas, esquecidas em suas fragilidade e impotência.

A Isabella, em seus cinco anos, se tornou a representação da violência contra a criança, independente da situação financeira, de credo, de quem é o responsável. E agora, com o final do julgamento, também simbolizou a justiça agindo com o intento de proteger e de devolver a paz à vítima. Por fim, o caso Isabella também promoveu o debate sobre a violência doméstica, e sobre isso ainda nos perguntamos: como impedir o crime, como proteger nossas crianças?

sexta-feira, 26 de março de 2010

As amigas do seu namorado


Bojana 123RF

Mesmo que você não sofra de ciúme patológico, é comum sentir um pingo ou um balde de ciúme das amigas do namorado. Tem a ver com insegurança? Sem dúvida! Você acaba sentindo-se ameaçada quando o seu amor está acompanhado de outras da mesma espécie.

Além disso, sempre há uma ou duas “mais saidinhas” que podem nos dar a maior dor de cabeça. Falo até agora do ciúme da namorada. Mas há também o ciúme da amiga. Até você chegar no campinho, o dito era o amigo dela e só! Aí você chegou e o “roubou”. Ok, não é sempre assim, mas ajuda a se colocar no lugar dela, certo?

O desafio é compreender o que é realidade e o que é fantasia. Realidade é seu namorado mentir para você que vai dormir na casa do avô e vai para a casa da amiga. Fantasia é você achar que qualquer contato, seja pelo celular, MSN ou ao vivo mesmo é passível de traição. Discernir entre o real e o fantasioso é fundamental para você não fazer tempestade em copo d’água e detonar a relação de vocês.

Sobre as amigas que competem com as namoradas de seus amigos, meu conselho é: isso é um problema delas! Será um problema seu se seu namorado ficar confuso com tudo isso, não perceber a competição tal como é e você sentir que seu papel de namorada não está bem claro para ele ou para você!

É preciso ter paciência e prudência para diferenciar as amigas legais de seu namorado, que poderão vir a serem suas amigas também, daquelas gurias que querem, por frustrações e ciúme, acabar com a relação de vocês.

Lembre-se: conte até dez antes de uma explosão de ciúme por causa da amiga de seu namorado; tente se distanciar da situação para ver com maior clareza o que está acontecendo. Também pode valer aquele ditado: se não pode vencer o inimigo, junte-se a ele!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Vacinações



A vacinação contra a influenza A-H1N1 (anteriormente conhecida como gripe suína) começou. Há um calendário que organiza quando cada grupo deverá procurar um posto de vacinação. Esta tabela de tempo foi feita a partir das pessoas que foram mais suscetíveis à gripe no ano passado. Assim, os doentes mais graves representam os grupos iniciais de vacinação.

Não sei se comemoro ou se fico com medo. A minha data é maio. As vacinas estão, conforme o ministro Temporão, programadas justamente para serem feitas antes do período crítico: o inverno. Então, quando ele chegar toda a população estará protegida.

Vacinas deveriam existir não apenas contra doença. Contra o quê você acharia legal? Talvez contra mau humor, inveja, dor de amor, gente chata, trânsito ruim?

O momento em que estou vivendo pediria vacina contra burocracia. Ô coisinha chata! Muito já foi falado, xingado, esbravejado contra a “burrocracia”, mas pouco adianta. Ela existe e o pior, em parte precisa existir porque é quase impossível simplificar milhares de coisas.

Uma ideia que está aí é cada brasileiro ter um só documento: carteira de identidade, de motorista, de mais alguma coisa até. Não estou por dentro do assunto, só ouvi falar, mas acredito que isso seja possível e bem prático.

Se você casou no papel e acrescentou o nome do marido saberá o que falarei agora: você precisará de sua certidão de casamento várias e várias vezes. O seu nome e sua carteira de identidade nem sempre serão suficientes. E quando você tem alguma coisa em outra cidade, como eu, por exemplo, que nasci em São Gabriel e moro em Pelotas, então já viu: uma e duas preciso de algo de lá, isto é, do cartório de lá. Bom, o cartório poderia ser um dos símbolos da burocracia. A gente não vive sem ir nele pelo menos uma vez na vida.

Pensando na burocracia, se vê como é fácil a tabela de vacinação, que coisa bem boa é ir ao postinho, levar uma picada e sair de lá pensando que pelo menos da influenza A-H1N1 você está livre. Se por acaso, você souber de algum lugar que vacine contra a burocracia, me avisa?

quarta-feira, 24 de março de 2010

Tetyana Kulikova 123RF

Pessoal, o blog está de roupa nova!!
De vez em quando é bom dar uma renovada, mudar um pouco, não é mesmo?
O estilo continua mesmo... mas o "modelito" do Chá... hum... quanta diferença! hehehe
Um beijo!

UP – Altas Aventuras


O filme “Up – Altas Aventuras” é um desenho animado, ganhador do Oscar na sua categoria. Poderia ser só para crianças se a história não fosse tão interessante para nós adultos. Em um encontro com amigos que viram este filme, fiquei sabendo mais da beleza do mesmo e o interesse de vê-lo se tornou mais urgente.

Apenas dias atrás consegui assisti-lo e ... adorei! A história do senhor de 78 anos, vendedor de balões, chamado Carl Fredricksen, é de uma sensibilidade peculiar.

Não contarei aqui muito sobre o filme, darei o link caso você queira saber mais. O que desejo comentar neste texto é sobre uma das questões levantadas nesta obra: a velhice.

Vivemos em uma época em que as pessoas fogem da velhice, como vampiros da luz do dia. Botox de um lado, cirurgias de outro, cremes, promessas de juventude eterna permeiam a mídia, as conversas e os consultórios de especialistas. O medo de ficar velho está fazendo com que não se perceba o significado da velhice.

Velhice pode ser sinônimo de cestinha de remédios, de idas ao médico, de um andar mais lento. Porém, pode significar também reinvenção. O que o “Up” mostra é isso. Que também na “terceira idade” se pode ressignificar a rotina, os planos, os sentidos das coisas.

Na velhice, se tem muito claramente a ideia da mortalidade, coisa que nosso narcisismo disfarça, tal é o nosso medo, mesmo que inconsciente, de não estar mais aqui, de ir para algum lugar desconhecido ou de, simplesmente, deixar de existir. O que as pessoas velhas podem ganhar com isso é gozar de uma liberdade, fruto de anos de experiência, que poderá dar suporte para as novidades que aparecerem.

Poderá haver medo e resistência, mas se a pessoa estiver conectada à vida, deixará entrar o novo e se aventurará tal como fez Fredricksen. Bem, talvez sem a necessidade de uma casa flutuante!

Mesmo quem não estiver na velhice, vai se inspirar, nesta história de amor, se desacomodar e ir atrás de suas próprias aventuras.

Site do filme: http://www.disney.com.br/cinema/up/


terça-feira, 23 de março de 2010

Os “nãos” da vida

Stephen Orsillo 123RF

Várias vezes, no percurso de nossas vidas, as coisas dão errado. Queríamos de um jeito e foi de outro. Tentamos algo e não conseguimos. Gostaríamos de ter alcançado nosso objetivo, realizado alguma coisa diferente, mas foi impossível. E assim foi não por deleite sádico do universo, mas simplesmente porque não deu. Como lidar com situações como essa?

Antes disso, é importante frisar que, em alguns contextos, a responsabilidade é nossa: não estamos preparados o suficiente, não reconhecemos a hora certa, ficamos com preguiça ou medo, enfim, a deixa foi perdida por nós mesmos. Todavia, há aquelas situações em que não deu mesmo. Você estudou o ano inteiro para o vestibular, foi bem em simulados, estava seguro, mas seu nome não estava na lista de aprovados. Infelizmente.

Desde pequenos devemos ser treinados a aceitar o “não”, que primeiro vem do pai e da mãe, depois da vida.

Quando recebemos um “não” precisamos ir à busca de um caminho fora do planejado. Nem sempre teremos aquilo que almejamos. Isso faz parte das leis da vida e não significa de forma alguma “o fim”. Tão somente necessitamos encontrar nossa potência criativa para descobrir como superar este “não” e aprender com ele.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O amor e o rei Salomão

Studio Porto Sabbia 123RF

Todos conhecem a história de Salomão, rei de Israel, que intercedeu no caso do bebê disputado por duas mães. Para quem não lembra, conto rapidinho: duas mães tiveram seus bebês no mesmo dia. Um dos bebês morreu, a mãe do bebê morto pegou o filho vivo da outra mãe e colocou o seu morto para a outra. As duas entraram em discussão quando a mãe do bebê vivo não reconheceu o seu suposto filho morto. Assim, foram levadas ao palácio do rei para que ele decidisse qual mulher ficaria com a criança.

Ao perceber a disputa entre as duas e os argumentos de cada uma, o rei Salomão ordenou aos guardas que cortassem a criança ao meio e desse cada metade para elas. Uma das mulheres esbravejou e disse que preferia ver seu filho no colo de outra a vê-lo morto. Desta maneira, o rei concluiu que essa seria a verdadeira mãe.

Essa história bíblica serve para pensarmos no significado do amor. Tanto se fala sobre ele, tantas teorias são suscitadas, mas no final das contas é tudo muito simples: amar rima com altruísmo. Amar é compreender o outro e aceitar o melhor para ele.

Amar não combina com posse, com egoísmo, com intriga. Isso é pseudoamor; parece amor, mas não é. Quando se ama se quer o melhor para o outro, mesmo que isso nos provoque sofrimento. Quando amamos queremos o nosso benquerer feliz, mesmo que não seja conosco. Constatamos cotidianamente pessoas que dizem “em nome do amor” agir de forma egoísta, irracional, infantil e doentia. Mais uma vez se vê que não é amor, são muitas outras coisas, mas não amor.

Hoje em dia se diz “te amo” com mais facilidade, sem se pensar antes, sem cuidado. Porém, fiquemos atentos: amar não é tão fácil assim.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Os Chatos

Andriy Solovyov 123RF


Eles estão por aí, às vezes na família, às vezes no trabalho e até mesmo na roda de amigos. Os chatos fazem parte da nossa rotina. Se temos sorte, um dia que outro eles aparecem. Há chatos não universais, isto é, a pessoa é uma chata para mim, mas não para você. E há aqueles decididamente chatos, mesmo as pessoas que vivem com ele reconhecem a “chatura” que habita ali.

O chato geral é aquele que você vê e tenta disfarçar, fingir que não vê. Se a fuga não tiver sucesso, prepare-se que a tortura começará. Chato que é chato sempre fala coisas chatas. Comentário desagradável, perguntas indiscretas, senso de humor fora do padrão da etiqueta etc. Tudo vai depender do que chateia você.

Há os “chatonildos” que incomodam com todas as palavras que proferem. Em geral, são frases inconvenientes, sem qualquer traço de sensibilidade. Há aqueles que possuem alguma característica que incomoda: um jeito de falar, gestos, a forma como se comunica. Há aqueles que os traços de personalidade saltam e... chateiam! Presunçosos, indelicados, abusados, falam em demasia...

Como disse, geralmente, a escala de chatice é subjetiva, depende de cada um. A notícia boa é essa: que os chatos quase nunca estão sós no mundo, encontram pessoas tolerantes ou que simplesmente não se sentem incomodadas com as suas “chaturinhas”.

Ninguém se livra de, pelo menos uma vez na vida, ser muito chato. Acontece. No entanto, o chato de plantão é aquele eleito por um número significativo de pessoas. O chato para ser educadamente aceito, sem tantos conflitos, necessita ter qualidades nobres para compensar a chatice de todo o dia.

quinta-feira, 18 de março de 2010

As Pulseiras do Sexo

Paulo Toledo Piza / G1


As pulseiras do sexo nasceram na Inglaterra (shag bands) e estão sendo exportadas para vários lugares do mundo, inclusive para o Brasil. Se fossem pulseiras vendidas em uma sex shop e ser mais um “brinquedinho” entre casais não iriam causar a polêmica que está por aí.

As pulseiras são de plástico e coloridas, usadas principalmente por meninas, adolescentes, mas até crianças podem portá-las. Todas nem sempre sabem o que significam o seu uso. Elas são bonitinhas, vendidas em vários lugares, portanto, aparentemente são apenas pulseiras.

Na verdade, se trata de um código, em que cada cor tem um significado. São umas nove cores, a amarela, por exemplo, significa um abraço; já a rosa quer dizer que a menina deve mostrar os seios. Entenderam?

As pulseiras e suas cores indicam o que os meninos podem esperar da menina. A “ação” acontece se o menino interessado rompe a pulseira. Assim, se ele romper a amarela, a menina deve abraçá-lo. Quase todas as atividades devem partir das meninas, mas há casos em que são eles que fazem alguma coisa nas garotas.

Pais e educadores estão de cabelo em pé com essa “brincadeira”. Brincadeiras de cunho sexual sempre existiram e sempre existirão, faz parte do jogo da conquista, ainda mais na adolescência, em que o desejo da descoberta está bastante forte. É necessário fazer a ressalva que, para muitos jovens, se trata apenas de um “joguinho” em que nada de real acontecerá.

A marca do uso destas pulseiras é que elas expõem os desejos, as curiosidades, o que poderá ocorrer nos próximos minutos, há uma renúncia à privacidade. A intimidade fica exibida, da mesma forma como vemos em revistas de “celebridades” e programas de televisão. Tais pulseiras são o reflexo do comportamento da coletividade hoje: o particular deixando de ser particular, se tornando algo público, como se não houvesse graça alguma sem plateia.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Ansiedades

Natalja Stotika 123RF

O mundo hoje está mais rápido, concorda? Escrevemos email ao mesmo tempo em que falamos ao telefone e se der ainda gesticulamos para alguém que está na nossa frente. Fazer uma coisa de cada vez está em extinção. Se você é calma, dependendo do interlocutor, você será confundida com uma tartaruga. Uma barbaridade.

Então, quando a gente menos espera entrou nesse ciclo frenético do século XXI. Podemos assumir várias tarefas ao mesmo tempo sem conseguir curtir a realização delas. Podemos ter sucesso nos compromissos, mas tudo pode parecer distante e talvez nem se lembre qual dia em que tudo foi feito, porque perdemos um pouco a “inteireza” das coisas. Não somente fazemos, também atropelamos.

Desta maneira, esquecimentos estão cada vez mais comuns em idades cada vez mais precoces. Esquecemos, porque não estamos atentos ao que estamos fazendo. Estamos envolta a uma atividade já pensando na próxima.

Fica muito fácil compreender as altas queixas de ansiedade que ouvimos por todos os lados, não apenas em consultórios “psis”. Estamos ansiosos, porque o mundo está ansioso.

Claro que a ansiedade existe há longo tempo, não é característica única da contemporaneidade. Aqui não falo da ansiedade que compromete a rotina das pessoas. Falo daquela mais superficial, que pode nos fazer andar mais depressa, falar mais rápido e ter menos paciência com as coisas e as pessoas que nos rodeiam.

O que fazer? Parar para pensar um pouco. Eleger as prioridades e as renúncias. Alguns itens são imprescindíveis, outros não. Delegar aos outros responsabilidades que podem ser compartilhadas. Pedir socorro quando necessário. Ser fiel a uma agenda que lhe ajude a produzir, mas que não o escravize. Lógico que precisamos e gostamos de trabalhar, de ter nossos compromissos, de cumpri-los da melhor maneira possível. Diminuir a ansiedade não significa que estas ações serão prejudicadas!

O mundo ansioso de hoje nos exige habilidades como organização e criatividade para mantermos nosso ritmo interno mais tranquilo e não enlouquecermos com o frenético cotidiano que se apresenta diante de nossos olhos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Glauco

Geraldão, principal personagem de Glauco

O assassinato do cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, criador do personagem “Geraldão”, ganhou espaço nas notícias do final de semana e chocou todos nós. Foi uma morte estúpida, não apenas a dele, mas de seu filho, Raoni. Eles moravam na comunidade Céu de Maria, que reúne pessoas adeptas do culto do Santo Daime, em Osasco (SP).

Na madrugada de 12 de março, um rapaz conhecido pela comunidade, Carlos Eduardo, invadiu a casa de Glauco com um revólver na mão, exigindo que familiares do cartunista fossem com ele até a casa de sua mãe. Cadu, como era chamado, queria que sua mãe soubesse que ele era Jesus Cristo. Glauco se ofereceu para ser o portador dessa “notícia”. Os familiares, presentes no momento, disseram que Carlos Eduardo estava fora de si, muito perturbado. O filho Raoni, 25 anos chegou da faculdade, houve uma discussão e tiros foram disparados contra Glauco e Raoni.
A morte quase sempre nos choca. Não temos aviso prévio, ainda mais em um caso como esse de Glauco. Perguntamos-nos como isso pode ter acontecido, dizemos frases como “que barbaridade” etc. Tudo isso é uma reação à falta de explicação que a vida nos impõe muitas vezes.

Não há manual, não há receita, simplesmente somos compelidos a nadar, andar, pular, enfim, fazer o que é necessário para sobreviver e o melhor: viver bem como dá. Porém, a explicação que muitas vezes necessitamos escutar, nem sempre vem.

O que dizer sobre o caso Glauco (claro que as investigações não estão completas, apesar de Cadu já estar preso)? Morreu, porque um rapaz, com perturbações mentais e com uma arma na mão, invadiu sua casa e confundiu tudo? Parece não bastar.

Os familiares, os amigos e os fãs de Glauco precisarão de um tempo para digerir os fatos e aceitar a lei máxima do universo: não há certezas. Frequentemente as respostas não chegam a nós; criamos uma ou duas ou várias para nos sentirmos mais confortáveis em situações completamente desconfortáveis. No final das contas, pouco sabemos desse mundo em que vivemos. A única certeza é que haverá um fim, que nada é para sempre e que estamos aptos ou somos capazes de aprender a viver nesta linha malabarista que a vida é.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Insatisfações

Olga Drozdova 123RF

Podemos pensar que há dois tipos de insatisfeitos: aqueles que vivem a insatisfação como forma de estímulo (podemos até chamar de satisfeitos-insatisfeitos) e aqueles que vivem como forma de apontar o dedo para o que está errado. Nem preciso dizer que os primeiros são mais felizes.

Nunca estaremos “prontos”. Nunca! Sempre haverá mais livros para ler, lugares para conhecer, gente para conversar, dinheiro a ganhar, hábitos saudáveis para exercer, formas melhores de se fazer o que se faz.

Provavelmente se você lembrar de alguma coisa do ano passado e comparar com o que fez ontem, verá que está melhor. É assim, tal como vinho, vamos ficando melhores. Ok, talvez os músculos e os ossos nem tanto...

Os insatisfeitos, mas felizes, são aqueles que identificam que a coisa melhorou e que pode melhorar ainda mais. Porém, comemoram como está sendo feito agora. Brindam com as conquistas. Reconhecem que ainda há caminho a percorrer, mas não fazem disso um lamento ou um balde d’água fria em relação às boas notícias, que nada. Fazem disso uma alegria a mais para acordarem logo que o despertador toca.

O insatisfeito infeliz não é capaz de reconhecer o bom, porque presta mais atenção ao que ainda lhe falta. Ele olha para frente e não vê o que já fez, apenas o que falta fazer. Aí, por óbvio, há pouco para sorrir. Vive os desafios com dor, porque nunca sente que está bom o suficiente.

Não se trata de exigência ou não, ambos podem ser exigentes, o que diferencia um tipo de insatisfeito do outro é que o primeiro percebe que a paciência faz parte da construção e consegue lidar de forma mais eficiente com o tempo das coisas, enquanto o segundo se acha impróprio, inadequado por ainda não ter atingido algo. Este não vê o tempo das coisas, pensa que tudo age conforme seu próprio relógio. Falta a ele olhar para as coisas como elas são e não como gostaria que fossem.

O insatisfeito com pressa e crítico irracional sofre porque não observa os movimentos da vida, pensa que tudo está sob controle, quando na verdade não está. Em muito podemos controlar e coordenar e isso nos exige talento. Talento e também sabedoria são cruciais para que saibamos diferenciar o que é da nossa jurisdição e o que é da vida. Saber essa diferença é o que vai nos colocar no primeiro ou no segundo grupo.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Fumaça

PaulPalladin 123RF


Na revista Veja desta semana, há uma matéria sobre a “vergonha” de muitos fumantes famosos. São pessoas que estão na mídia e evitam ser flagrados com o cigarrinho na mão. A revista mostra fotos de políticos, modelos, atores etc.

O que achei interessante nisso é o quanto o cigarro está fora de moda. Ainda pode ser uma atitude rebelde, uma “saidinha” da linha, afinal, vivemos num período de culto à saúde e, portanto, fumar passou a ser algo que nem sempre escancaramos (estou falando de adultos e não de adolescentes que seguem escondendo a carteira de cigarros dos pais).

Pessoas em entrevistas de emprego negam o vício ou dizem já terem parado. Pessoas fumam escondido das outras. Se, em tempos passados, fumar era um ato charmoso, reverenciado pelos astros e estrelas de Hollywood, hoje é algo que pode comprometer a imagem. Como disse antes, saiu de moda.

Sabe-se que os males do fumo é questão de saúde pública e que é bastante sensato delimitar um espaço para quem escolhe a fumaça e para quem não a suporta. O problema ocorre quando há uma “caça” ao fumo, com certo exagero.

Assim, como nós não fumantes temos nossos direitos, os fumantes também os têm, não podemos esquecer disto! Sobre os “famosos” que fumam e tentam disfarçar, é um problema deles, penso que cada um lida com seus hábitos como quiser. Agora, sobre os fumantes em geral, devemos exigir a compreensão de não querermos almoçar com baforadas ao lado, como devemos tolerar um amigo querido que, em nossa companhia, acende um cigarro. Podemos até dar uma reclamadinha com humor, mas segregação, não. Esta também não está na moda!

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Fim do Meu Vício

Denis and Yulia Pogostins 123RF


O cardiologista francês Olivier Ameisen foi alcoólico por vários anos. Médico bem conceituado em Nova Iorque precisou renunciar ao seu ofício para lidar com o alcoolismo. Por diversas vezes foi internado em clínicas de reabilitação, se tratou com psicólogos e psiquiatras, frequentou reuniões do AA, tudo sem sucesso. A compulsão pela bebida e a fissura por ela lhe impediam de ter a sua vida de volta.

Além do sofrimento de lidar com a doença, ele precisava manejar com a dura realidade do preconceito. O “xis” da questão é que quase sempre o alcoolismo não é visto como uma doença, e sim como uma falha de caráter. Como se o alcoólico fosse uma pessoa fraca que não consegue dizer não para a garrafa de uísque que lhe sorri. A família, cansada e triste com a situação nem sempre consegue oferecer suporte, porque também ela fica doente. Assim, o alcoólico fica ainda mais vulnerável à dependência.

Ameisen sofreu muito durante anos e fez sofrer sua mãe, seus irmãos, namoradas e amigos. Mesmo com o apoio oferecido por todos, ele se sentia sozinho e refém de uma ansiedade fortíssima que o empurrava para o álcool porque este amenizava os sintomas ansiosos.

Após várias tentativas de diferentes manejos terapêuticos, Ameisen descobriu o baclofeno, um relaxante muscular que atua nos receptores GABA (ácido gama-aminobutírico, importante neurotransmissor ligado ao processo da ansiedade) e que ajudava a eliminar a vontade de usar o álcool. O remédio não era indicado, conforme sua bula, para fins terapêuticos em pacientes alcoólicos, mesmo assim fazia um papel revolucionário na luta contra a dependência.

Usando-se como cobaia e com resultado positivo, Ameisen escreveu um artigo científico sobre o benefício do uso do baclofeno na dependência do álcool. Nenhum ansiolítico, por exemplo, foi tão eficiente na ansiedade que o médico-paciente sentia, como o baclofeno. Com o desaparecimento da ansiedade e o fim da fissura, Ameisen enfim teve sua vida de volta.

A consequência final de tudo isso foi um livro intitulado “O Fim do Meu Vício”, editado este ano no Brasil. Com uma narrativa interessante, o autor compartilha sua experiência, divulga os resultados do baclofeno e assim tenta ajudar outros dependentes do álcool.

terça-feira, 9 de março de 2010

Viroses

Andrey Khritin 123RF

Vocês já perceberam que qualquer mal-estar que temos facilmente é diagnosticado como uma “virose”? É uma moda, de uns tempos para cá. Moleza no corpo? Nariz congestionado? Pode ser resfriado, mas o primeiro nome que vem é... virose!

Consegui passar uma tarde de segunda em repouso, dormindo e acordando, completamente sonolenta. Este é o quarto dia de sintomas, que oscilam. Melhoro e pioro dependendo do período do dia.

Os sintomas são muito chatos, você sabe, mas o que falar dos remédios, que ajudam muito, mas que dão sono? Eu tenho uma ressaca no outro dia que pareço ter sido atropelada por cachorros, você também?
Depois disso tudo, espero estar nessa terça-feira com os olhos abertos, conseguir verbalizar palavras com nexo e deixar essa virose sair de mim, me dar um tempo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Kathryn Bigelow


A festa do Oscar de ontem assinalou uma grande conquista do gênero feminino: pela primeira vez uma mulher, Kathryn Bigelow, ganhou o prêmio de melhor direção, pelo excelente "Guerra ao Terror".   Seu filme também conseguiu o prêmio máximo, melhor filme.
Além disso, vale comentar que o filme dirigido por Bigelow é marca no território masculino, sobre guerra.
Ótima notícia no dia internacional da mulher, afinal "uma de nós" alcançou um posto inédito até então!
O fato de ela ter sido casada por dois anos com James Cameron, diretor de "Avatar", grande rival na competição de "Guerra", não somente pelo título de melhor filme, como de melhor direção, foi apenas um detalhe mínimo. Ambos são amigos e ensaiaram uma foto em que a o ex ameaçava esganar a ex. Tudo de mentirinha, claro.
Bigelow, em 2010, conseguiu a proeza de terminar com a hegemonia masculina na premiação do Oscar, no quesito direção. Isso é uma amostra de que não há lugar exclusivo de homens ou mulheres. Todos podemos, só é preciso talento e deixar de lado o preconceito.

Dia Internacional da Mulher

Natalia Kuchumova 123RF


Li várias matérias de jornal a respeito do Dia Internacional da Mulher que é hoje, dia oito de março. Gostei particularmente do texto de Claudia Laitano, do Zero Hora. Quem não teve a oportunidade de lê-lo no sábado, recomendo.

Por muito tempo tive dúvidas a respeito desse dia. Hoje percebo o dia oito de março como um dia de reflexão, sobretudo em relação às conquistas que mulheres do passado adquiriram como o direito ao voto, à educação, a um maior espaço no mercado de trabalho etc. Da mesma forma, serve para refletir acerca da violência doméstica, com números ainda altos; mulheres que vivem em países onde muitos direitos lhe são negados, mulheres desesperadas que provocam abortos com agulhas de tricô, mulheres mutiladas ainda crianças etc.

Por todas essas reflexões, vale o dia internacional da mulher, não apenas para brindarmos triunfos, mas também para meditarmos sobre o que ainda é preconceito e discriminação.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Política

Ivan Trucic 123RF

O que você gostaria de mudar em sua cidade? Este será um ano de promessas, afinal, em outubro, haverá eleições. Não apenas as nossas cidades receberão atenção a suas fragilidades, mas também o país.

Não deve ser fácil ocupar uma cadeira de governante. Sem dúvida, não faço parte de grupos ingênuos e estúpidos que acreditam que se “o cara quer, ele faz”; as coisas não são bem assim. A política, mesmo que todos nós opinemos, não é assunto para leigos.

Eu, particularmente, desgosto de alianças políticas, hoje necessárias para que os projetos andem. Governo é como uma máquina: ele precisa de peças para funcionar. Assim, a prefeitura precisa não apenas de seu prefeito e de seus secretários, necessita também da Câmara. Imaginem a complexidade quando se trata do governo federal!

Apesar de saber que debater política cabe aos especialistas, creio que todos nós, como eleitores, devemos saber o mínimo para não ficarmos ignorantes. Lya Luft, em seu texto da Veja desta semana, fala que nós, considerados “pensantes”, nem sabemos citar o ministério completo do governo Lula. Salvo exceções, claro. Instigada por Lya, tentei lembrar de todos os senhores de Brasília, um vexame, apenas alguns recordei. O que isso mostra? Que nossa repulsa pela corrupção, pelas mentiras e caras de pau da política nos distanciam dela, o que, por sua vez, colabora para que mais gente desse tipo circule por aí impunemente.

Sabe aquele discurso que diz que certos políticos se interessam pela permanência da não educação, da ignorância do povo, para que assim “enrolem” melhor as pessoas? Isso também vale para nós, letrados, que ignoramos os acontecimentos políticos por defesa e acabamos deixando a porta aberta para quem não deveria entrar.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Viajar de Ônibus

Natalja Stotika 123RF


Viajar de ônibus (assim como de avião) talvez seja uma das atividades coletivas que mais nos exijam a harmonia de lidar com as diferentes pessoas. Primeiro, você divide um espaço (o banco ao seu lado) com alguém que provavelmente nunca viu na vida e nunca mais verá de novo. O hábito desta pessoa, assim como as demais que rondam você pode ser muito desagradável. Podem falar ao telefone em altos brados quando o que você deseja é dormir durante a viagem; podem roncar (sim, há pessoas que mesmo sabendo de seu ronco não têm a nobreza de evitar fechar os olhos); podem tirar os sapatos; podem comer aqueles salgadinhos com cheiro horrível; podem querer ocupar o espaço mais que o destinado pela sua passagem; enfim, são muitas as infelizes possibilidades em uma estrada.

Li um texto sobre este tema de uma amiga, há alguns meses atrás, que é perfeito ao narrar as “aventuras” que podemos enfrentar em um transporte coletivo (o endereço está abaixo e vale a leitura!).
Bem, se você está por ir à rodoviária, desejo além da boa viagem, boa sorte!




quarta-feira, 3 de março de 2010

Mandela



Perdoar nem sempre é tarefa fácil. Ainda mais quando estão envolvidas coisas muito fortes e dolorosas, quando não apenas se tratam de duas pessoas ou pouco mais, mas sim de um povo como um todo.

Nelson Mandela, para mim, sempre foi uma figura respeitável e nobre. Passou quase trinta anos na cadeia, preso injustamente. Ao ganhar a sua liberdade e, logo após ter sido eleito presidente da África do Sul, poderia ter se vingado de tantas humilhações sofridas, de tantas mortes de seus companheiros e de seu povo, resultantes do cruel Apartheid. Mas não o fez.

De uma superioridade magnânima, Mandela rompeu com o ciclo do ódio entre brancos e negros, fazendo a união de todos os sul-africanos, independentemente da cor e da etnia de cada um. Para ele, o que importava era o seu país com seu único povo: o da África do Sul.

Em janeiro vi o filme “Invictus”, de Clint Eastwood. O filme conta um pouco das virtudes deste líder admirável. O filme é ótimo, as atuações de Morgan Freeman e Matt Damon são excelentes, como sempre. Outro filme muito bom que conta  parte da história de Mandela na prisão é o “Mandela – A Luta pela Liberdade”, para quem se interessar por este personagem inspirador dos nossos tempos.

O poema “Invictus”, de 1875, do britânico William Ernest Henley, foi uma importante companhia de Mandela e estímulo para enfrentar as dificuldades na prisão. Seu trecho final diz: “Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma.”

terça-feira, 2 de março de 2010

O Mensageiro



Eu arriscaria dizer que “O Mensageiro” faz parte do mesmo grupo de filmes que “Guerra ao Terror”. Ou seja, ambos são filmes que mostram facetas da guerra que não estamos habituados a assistir na grande tela. Contrariamente à maioria dos filmes de guerra, igualmente ambos não dão atenção aos grandes combates.

Contudo, são filmes, ao mesmo tempo, bem diferentes. Assim, enquanto “Guerra ao Terror” é sobre soldados que desarmam bombas, “O Mensageiro” conta a história de dois militares que possuem a difícil tarefa de informar as famílias acerca das mortes, ou de outros infortúnios, de soldados nas diversas missões militares que os Estados Unidos sustentam pelo mundo.

Dá para imaginar o quão difícil é para estes dois homens lidar com a dor da perda dos que recebem a triste notícia. Soma-se a isso, o fato de que ambos têm seus próprios problemas, suas próprias dores e suas próprias perdas.

O filme mesmo que, por alguns momentos, nos faça rir (o personagem de Woody Harrelson é particularmente muito engraçado, num tipo de humor politicamente nada correto), na verdade, ele nos entristece, porque denuncia muito como a vida é. Os personagens ali não têm glamour, tal qual na vida real. E as histórias são marcadas por acontecimentos que poderiam estar em qualquer lugar, entre quaisquer pessoas. Os eventos poderiam não ser uma experiência de guerra, mas qualquer outra com a mesma densidade afetiva.

O pano de fundo, claro, é a batalha, os confusos sentimentos que permeiam os que vão para a guerra e retornam, precisando reordenar suas escalas de valores e ações, tão caóticos em dias de luta.

Certa vez, assisti a um documentário, que agora me foge o nome, acerca do estresse pós-traumático vivido pelos soldados norte-americanos. É estarrecedor a dor que aqueles homens enfrentam após voltar para a rotina de paz. Após terem sofrido testes sistemáticos de sobrevivência, de risco de morrer a qualquer momento e necessitando matar, caso o contexto o obrigasse, estas pessoas não conseguem facilmente se readaptar à família, aos amigos, às cidades que viveram sempre. Os traumas não vão embora quando eles embarcam nos aviões de volta ao seu país natal.

“O Mensageiro” não suscita apenas isso, mas também trata disso. Fala da solidão, da sensação de estar perdido quando parece que nada mais faz sentido.

O fim de semana dos coelhos!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Família Margarina

Ionut Dan Popescu 123RF


Você se lembra daquele modelo de família feliz citado nas propagandas de margarina? Aquelas propagandas em que pai, mãe e filhos compartilhavam alegremente o café da manhã? Isso mudou e para melhor. Nada contra uma família “tradicional”; porém, é necessário percebermos que esta composição não é a única possível de felicidade, certo?

Acontece que muitas pessoas, que não se viam identificadas com aquela “família margarina”, acabavam achando que algo estava errado com elas. Grande bobagem.

Assim, uma marca de margarina colocou no ar uma propaganda em que há um menino, sua mãe, sua avó e o namorado da mãe. Não importa o conteúdo do texto, mas sim a constituição familiar, oferecendo a nós outra possibilidade de família.

Claro que não houve a perda do “ideal” de família: pai, mãe e filhos. No entanto, mostrar outra composição familiar é saudável para todos nós e se torna mais fidedigno a nossa realidade, em que pais separados, pais do mesmo gênero podem ser tão cuidadosos e felizes como os pais da antiga propaganda de margarina.