segunda-feira, 15 de março de 2010

Insatisfações

Olga Drozdova 123RF

Podemos pensar que há dois tipos de insatisfeitos: aqueles que vivem a insatisfação como forma de estímulo (podemos até chamar de satisfeitos-insatisfeitos) e aqueles que vivem como forma de apontar o dedo para o que está errado. Nem preciso dizer que os primeiros são mais felizes.

Nunca estaremos “prontos”. Nunca! Sempre haverá mais livros para ler, lugares para conhecer, gente para conversar, dinheiro a ganhar, hábitos saudáveis para exercer, formas melhores de se fazer o que se faz.

Provavelmente se você lembrar de alguma coisa do ano passado e comparar com o que fez ontem, verá que está melhor. É assim, tal como vinho, vamos ficando melhores. Ok, talvez os músculos e os ossos nem tanto...

Os insatisfeitos, mas felizes, são aqueles que identificam que a coisa melhorou e que pode melhorar ainda mais. Porém, comemoram como está sendo feito agora. Brindam com as conquistas. Reconhecem que ainda há caminho a percorrer, mas não fazem disso um lamento ou um balde d’água fria em relação às boas notícias, que nada. Fazem disso uma alegria a mais para acordarem logo que o despertador toca.

O insatisfeito infeliz não é capaz de reconhecer o bom, porque presta mais atenção ao que ainda lhe falta. Ele olha para frente e não vê o que já fez, apenas o que falta fazer. Aí, por óbvio, há pouco para sorrir. Vive os desafios com dor, porque nunca sente que está bom o suficiente.

Não se trata de exigência ou não, ambos podem ser exigentes, o que diferencia um tipo de insatisfeito do outro é que o primeiro percebe que a paciência faz parte da construção e consegue lidar de forma mais eficiente com o tempo das coisas, enquanto o segundo se acha impróprio, inadequado por ainda não ter atingido algo. Este não vê o tempo das coisas, pensa que tudo age conforme seu próprio relógio. Falta a ele olhar para as coisas como elas são e não como gostaria que fossem.

O insatisfeito com pressa e crítico irracional sofre porque não observa os movimentos da vida, pensa que tudo está sob controle, quando na verdade não está. Em muito podemos controlar e coordenar e isso nos exige talento. Talento e também sabedoria são cruciais para que saibamos diferenciar o que é da nossa jurisdição e o que é da vida. Saber essa diferença é o que vai nos colocar no primeiro ou no segundo grupo.

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