segunda-feira, 29 de março de 2010

Isabella



O desfecho do caso Isabella, na semana passada, não significou apenas justiça para os culpados de um assassinato tão cruel que comoveu o país há dois anos. A vitória do promotor Francisco Cembranelli o tornou um símbolo para a sociedade pouco crente no sistema judiciário brasileiro. Sim, é possível fazer justiça no Brasil.

Um julgamento calcado no trabalho bem feito dos peritos paulistas e na lógica (a explanação sobre a linha do tempo do crime, feita pelo promotor, teve um importante impacto) acabou por condenar Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá.

Mesmo que isso não traga novamente à vida a menina de cinco anos, pelo menos a justiça fez o que se espera dela: punir os culpados.

Não é nada fácil tentar compreender o que se passou naquela noite de 30 de março de 2008. Apesar de toda a explicação lógica, é difícil e doloroso pensar que dois adultos, sendo pai e madrasta, agrediram, asfixiaram uma menina de cinco anos e por fim, a jogaram do sexto andar, ainda viva. É por demais cruel e monstruoso.

O que nos entristece ainda mais é pensar nas numerosas crianças que sofrem este mesmo fim, sem o mesmo modus operandi, digamos assim. Podem não ser jogadas pela janela de um edifício, mas sofrem violência, abusos, maus tratos. Muitas não são protegidas daqueles que deveriam ter a obrigação e a vocação para tal. São abandonadas, esquecidas em suas fragilidade e impotência.

A Isabella, em seus cinco anos, se tornou a representação da violência contra a criança, independente da situação financeira, de credo, de quem é o responsável. E agora, com o final do julgamento, também simbolizou a justiça agindo com o intento de proteger e de devolver a paz à vítima. Por fim, o caso Isabella também promoveu o debate sobre a violência doméstica, e sobre isso ainda nos perguntamos: como impedir o crime, como proteger nossas crianças?

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