terça-feira, 16 de março de 2010

Glauco

Geraldão, principal personagem de Glauco

O assassinato do cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, criador do personagem “Geraldão”, ganhou espaço nas notícias do final de semana e chocou todos nós. Foi uma morte estúpida, não apenas a dele, mas de seu filho, Raoni. Eles moravam na comunidade Céu de Maria, que reúne pessoas adeptas do culto do Santo Daime, em Osasco (SP).

Na madrugada de 12 de março, um rapaz conhecido pela comunidade, Carlos Eduardo, invadiu a casa de Glauco com um revólver na mão, exigindo que familiares do cartunista fossem com ele até a casa de sua mãe. Cadu, como era chamado, queria que sua mãe soubesse que ele era Jesus Cristo. Glauco se ofereceu para ser o portador dessa “notícia”. Os familiares, presentes no momento, disseram que Carlos Eduardo estava fora de si, muito perturbado. O filho Raoni, 25 anos chegou da faculdade, houve uma discussão e tiros foram disparados contra Glauco e Raoni.
A morte quase sempre nos choca. Não temos aviso prévio, ainda mais em um caso como esse de Glauco. Perguntamos-nos como isso pode ter acontecido, dizemos frases como “que barbaridade” etc. Tudo isso é uma reação à falta de explicação que a vida nos impõe muitas vezes.

Não há manual, não há receita, simplesmente somos compelidos a nadar, andar, pular, enfim, fazer o que é necessário para sobreviver e o melhor: viver bem como dá. Porém, a explicação que muitas vezes necessitamos escutar, nem sempre vem.

O que dizer sobre o caso Glauco (claro que as investigações não estão completas, apesar de Cadu já estar preso)? Morreu, porque um rapaz, com perturbações mentais e com uma arma na mão, invadiu sua casa e confundiu tudo? Parece não bastar.

Os familiares, os amigos e os fãs de Glauco precisarão de um tempo para digerir os fatos e aceitar a lei máxima do universo: não há certezas. Frequentemente as respostas não chegam a nós; criamos uma ou duas ou várias para nos sentirmos mais confortáveis em situações completamente desconfortáveis. No final das contas, pouco sabemos desse mundo em que vivemos. A única certeza é que haverá um fim, que nada é para sempre e que estamos aptos ou somos capazes de aprender a viver nesta linha malabarista que a vida é.

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