Foto de Ramón Sampedro
A revista Veja desta semana traz na capa uma matéria acerca das condutas médicas frente a pacientes que desejam morrer para dar fim aos sofrimentos dos males que os abatem. O tema é polêmico, sem dúvida, não há uma opinião absoluta.
Ao ler as páginas sobre o assunto, lembrei do emocionante filme “Mar Adentro” em que retrata a luta de Ramón Sampedro pelo direito de pôr fim a sua própria vida. Ramón ficou tetraplégico após um acidente, quando tinha 26 anos, e passou quase três décadas em cima de uma cama. Sua luta na justiça espanhola durou cinco anos. Não lhe foi concedido o direito à eutanásia. Assim, ele planejou sua morte de uma forma que não incriminasse nenhum de seus amigos e familiares. Em janeiro de 1998, Ramón foi encontrado morto, consequência de ingestão de veneno.
Não há como ser simplesmente contra ou a favor de um paciente decidir pelo fim de sua vida. Há casos e casos. Há pessoas que estão em depressão ou apenas cansadas, mas que há perspectivas de viver mais e quem sabe, muito bem. Há outras que chegaram ao fim da linha, que nenhuma intervenção médica ou farmacológica trará a cura. Reconhecer entre um caso e outro não é para qualquer um.
Dogmas, ignorância e dúvidas podem confundir e não levar a lugar nenhum. Reconhecer a finitude humana é o primeiro passo. O segundo é valorizar a vida com dignidade, não apenas a vida em si. De acordo com o contexto, a participação familiar, a perspectiva de viver bem, a vontade do paciente, sua consciência e discernimento a respeito de seu desejo, morrer pode não ser a pior coisa. Respeitar a vontade do paciente, quando ele quer apenas “dormir”, como fala uma mãe, na revista, sobre sua filha de 12 anos que não aguentava mais os seis anos de luta contra a leucemia que acabou por invadir os demais órgãos e, assim, a menina pediu à mãe que a deixasse “dormir”, faz pensar que mesmo que muito dolorosa a partida e a saudade, morrer com dignidade é um direito de todos nós.
Para quem quer saber mais:
Livro “Cartas do Inferno” – Ramón Sampedro.
Filme “Mar Adentro”, direção de Alejandro Amenábar.
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