terça-feira, 6 de abril de 2010

Sem Anestesia

mayamaya 123RF

“Eu não sei o que dizer”. Há momentos que reagimos desse jeito, não? Coisas que nos pegam de surpresa, que nos desconcertam, que nos exigem tempo para digerir e pensar a respeito. Às vezes são coisas que acontecem no nosso mundo particular, uma briga, uma traição, uma falha; outras, no mundo coletivo mesmo, um crime, um desatino, uma tragédia.

Não estamos sempre preparados para os enfrentamentos. Nem sempre estamos aptos a lidar imediatamente com algum fato, com alguma coisa. Somos mobilizados, tocados. Isso dá medo. E o medo ainda é maior para quem tem suas “ferramentas” mais frágeis do que o desejado.

Assim, a anestesia acaba sendo uma opção fácil e parece evitar a dor e a frustração. Anestesiar significa não se deixar tocar pelo que acontece. Como se a pele impedisse a entrada do que é doloroso e que pode mexer na homeostase, isto é, no equilíbrio.

Dessa forma, estas pessoas podem parecer mais zumbis que gente. Robôs nada ou pouco suscetíveis à dor sentida pelos de carne e osso. O uso de drogas, por exemplo, é um jeito encontrado para anestesiar, insensibilizar. A "viagem" ocupa o lugar da realidade.

Não é fácil mesmo ficar calado, sem saber o que dizer, pensar e apenas sentir, sentir, sentir. Abdicar disso pode ser feito inconscientemente com o intuito de se proteger. A ideia é tentar sair da casca, enfrentar a vida e suas dores, lembrando que há também muitas coisas maravilhosas no meio dos espinhos.

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