domingo, 10 de outubro de 2010

Aborto Político

Daniil Kirillov 123RF


Não sou eleitora de Dilma Rousseff, preciso esclarecer, porém estou incomodada com as discussões acerca de sua posição frente ao aborto. Ela afirmou ser favorável à descriminalização quando não era candidata e agora, visando ocupar o principal posto político brasileiro, quis distorcer sua opinião. E isso pega mal.

Nem é essa maquiagem que a campanha de Dilma tenta fazer a respeito do assunto, que me faz escrever neste momento. O que me incomoda é o fato de a religião, e especialmente a relação entre esta e o aborto, entrar na campanha.

Assunto polêmico significa que aspectos complexos o rodeiam. Nenhum assunto simples rende tanto debate. Assim, tento simplificar o que não é simples.

O aborto é assunto de saúde pública. Mulheres fazem abortos diariamente em nosso país. Fazem isso na clandestinidade. Isso significa que não há vigilância em relação às práticas nessas clínicas. Não há um padrão a ser obrigatoriamente seguido. O respeito à higiene e aos cuidados básicos que a intervenção exige depende da boa vontade e da consciência ética do médico e demais profissionais da equipe.

Religião é uma coisa. Política é outra. O que para a religião é pecado não significa necessariamente que é crime no Estado. Essa separação é importante, afinal leis são leis, crenças são crenças.

Como disse anteriormente, Dilma não recebe meu voto, porém me identifico com ela nesta postura frente ao aborto. Aliás, me identificava porque parece que ela “mudou” de ideia.

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