Ruslan Zalivan 123RF
Na revista Veja dessa semana, Cissa Guimarães ocupa as páginas amarelas. A entrevista tem como assunto principal seus dias após a morte trágica de seu filho, Rafael, de 18 anos, no Rio de Janeiro, dia 20 de julho deste ano.
Suas palavras me soaram espontâneas e sinceras, de acordo com a imagem que temos da atriz. Algo que ela disse me fez escrever hoje: perguntada como estaria seu estado de espírito neste momento, Cissa diz que está sangrando.
Sangrar é um verbo que usamos quando sentimos uma dor dilacerante, não só dói, sangra. Sabemos que na “escala”, a dor da perda de um filho está no topo. Você deu à luz, como pode pensar em enterrar seu próprio filho? Somos todos, pais ou não, sensíveis a esta situação.
Como na vida, as regras nem sempre são justas. Isto acontece. O que nos toca como injustiça, simplesmente compõe os fluxos da vida. Vamos ao céu e ao inferno durante nossa caminhada.
A dor que sangra é aquela que aperta, que transborda de nós. Aquela em que o choro tenta encontrar um sentido para tudo que está acontecendo. A dor que sangra é aquela em que vemos o mundo com outras cores e outros tamanhos. A dor que sangra pode ficar latente por algum tempo, curto, claro, e quando volta, parece que é a primeira vez.
Ela dói e sangra porque parece pesada demais para darmos conta. Como se nosso corpo não fosse capaz de suportar o que sente. Essa dor que sangra nos coloca mais próximos da morte e da vida.
Quem sobrevive a essa dor consegue a muito custo e com vários “curativos” retomar a vida. A pulsão de vida, citada por Cissa, pode ser maior e mesmo amputada, outro termo dela, seguir em frente.
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