quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ausência de pai

Robert Ellferich 123RF


Não escreverei sobre os milhares de lares em que o chefe da família é uma mulher. Não escreverei sobre pessoas que não têm mais seus pais vivos. Escrevo sobre a ideia de pai.

Na psicanálise, ideia de pai quer dizer ideia de autoridade, de limite, enfim, do superego.

Hoje, constatamos rapidamente pelas notícias do jornal, pelo que testemunhamos ou que nos contam que há ausência de pai.

Pessoas sem limites, sem respeito às regras e ao próximo. Entes perdidos em seu caminho, sem saber o que fazer e para onde ir. Arriscam-se no trânsito, nas baladas, nas relações. Uma forma de saber existir, de testar não apenas os limites colocados pela sociedade, mas limites de si próprio, de seu corpo.

Pouco amor e apego à vida, como se não houvesse o porquê de um cuidado, da prudência. Respeito ralo ao que é certo. O dever sendo esmagado pelos direitos, ao invés de ambos terem o mesmo peso.

Ausência de pai é confusão entre o que pode e o que não pode. Significa linhas falhas que delimitam o seu território e, consequentemente, o do outro. A ausência, como já dito, não é física, corporal, mas imaginária, pano de fundo de uma sociedade organizada e respeitosa.

Lógico que há para muitos, ainda bem, presença de pai. Pessoas que olham para os lados, que se importam com o coletivo e com o correto das coisas. São estes sujeitos que seguram as pontas para que não haja ausência de sociedade.

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