sexta-feira, 7 de maio de 2010

Nem todo médico é de verdade



Desde o dia 13 de abril, um novo código médico de ética começou a vigorar. Esta mudança me fez pensar a profissão médica, melhor dizendo, a complexidade envolvida nas tarefas daqueles que assumem este ofício.

Alguns podem afirmar que ser médico é dominar a tecnologia, a teoria das patologias e seus tratamentos, conhecer os procedimentos necessários. Concordo em parte com isso. Isto porque ser médico é muito mais do que ter competência para tratar um pós-infarto ou realizar uma cirurgia, por exemplo. A técnica é uma parte importante do caminho; a outra parte, de mesma importância, afirmo que é muito difícil para um número significativo de “doutores”.

Esta porção da lida médica exige muito mais que qualquer universidade possa ensinar, muito mais do que qualquer professor possa transmitir: a disponibilidade afetiva de lidar com as pessoas, isto é, com os pacientes.

Percebo muitos médicos orgulhosos de sua linguagem técnica e medrosos frente ao doente. Impotente frente às demandas da vida e, claro, da morte. Há um despreparo de muitos profissionais para o contato humano. Podem ser grosseiros, indiferentes, são aqueles médicos que não acolhem os pacientes e seus familiares.

Por sorte, há médicos de carne e osso que não temem a palavra, que não têm medo de escutar o que outro irá dizer. Compreendem a fragilidade humana frente à debilidade do corpo, entendem o medo e as vicissitudes de quem está doente e seus familiares. Estes sim são médicos de verdade, os outros pseudomédicos, são pessoas que podem ter diploma, vestir jaleco, mas não são médicos de verdade.

Falta a muitos destes profissionais a leitura da alma humana, não apenas as constatações a partir do exame do corpo. Felizmente, em minha vida, convivi e convivo com médicos que orgulham a categoria, sofrem, é verdade, porque são mobilizados pela dor do outro e dão dignidade a essa classe; porém, recebem afeto e aprendem muito com seus pacientes. Aqueles os quais me referi anteriormente são uma vergonha, podem ter ganho o diploma mas não o merecem, não são médicos de verdade.

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