sábado, 27 de fevereiro de 2010

De Segunda a Sexta

Daniel Wiedemann 123RF

Escrever aqui no blog é um prazer para mim, uma maneira de canalizar o que percebo, o que penso e sinto. Adoro esse veículo e não quero que ele se torne um motivo de qualquer desprazer, quero continuar a escrever com tranquilidade, curtindo.
Março está quase aí, o que significa tempo mais curto para o que não é 'trabalho' propriamente dito. Assim, achei que seria boa ideia escrever de segunda a sexta. Nos finais de semana me dedicarei a outras escritas e leituras, além do descanso, claro.
Então... até segunda!
Um beijo e bom fdsemana!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Autossabotagem

Anton Malcev 123RF


Não cheguei nem na metade da revista Women’s Health deste mês, mas ao ler o índice vi que há uma matéria sobre autossabotagem e achei interessante o assunto. Afinal, quantas vezes nos flagramos criando nossa própria armadilha?

Talvez isso não seja tão comum, o que é uma excelente notícia. Porém, uma vez na vida, pelo menos, nós mesmas nos colocamos em uma situação problemática. Queremos tanto uma coisa e, quando estamos perto de consegui-la, fazemos algo “sem querer” e pluft! A coisa passou! Essa coisa nem precisa ser algo concreto; pode ser a sensação de felicidade. Por exemplo, você está contente por uma conquista sua e “sem querer” vai à casa de uma amiga maior baixo astral. Isso não parece ser uma autossabotagem? Sim, você está sabotando seu bem-estar.

Talvez tenhamos medo de perder a felicidade, o que dificulta a sua curtição. Talvez nos sintamos não merecedoras dela. Talvez seja uma sensação tão inédita que ficamos sem jeito. Enfim, são muitas as possibilidades que dificultam o nosso sucesso completo.

Se isso acontecer, vamos dar uma paradinha, olhar a situação de novo e tentar fazer de outro jeito? A única maneira de nos livramos do ciclo da autossabotagem é rompê-la.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Vamos complicar menos?

Tetyana Kulikova 123RF

“Devia ter me importado menos/Com problemas pequenos”, diz a música Epitáfio, composta por Sérgio Brito, cantada pela banda “Titãs”. Com regularidade, podemos nos lembrar e, melhor, seguir essas palavras. Analisem: quanto tempo nós perdemos preocupados com coisas tão miúdas?

Conhecemos esta canção há vários anos. Porém, uma boa música, uma boa letra não tem data de validade. Talvez em um futuro próximo, volte com ela por aqui. Leia e se inspire!

Epitáfio


Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...


O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...


O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...


Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...


Para visitar o site da banda: http://www.titas.net/discografia/

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Comércio

Denis and Yulia Pogostins 123RF

Ô coisinha chata é o horário de funcionamento das lojas. Se você não mora em uma grande cidade, uma vez que outra se depara com uma loja fechada ao meio-dia, quando não às 11:30 (!!), ou às 18h30. A hora do almoço, para muitos, significa a folguinha para resolver pendências, e depois das 18h é o sol que dá uma folga e você se sente mais confortável para sair.

São poucas as lojas (lembrem que falo de cidades de médio e pequeno porte) que mantêm suas portas abertas nestes dois períodos do dia. Uma chatice. Falo de lojas aqui, mas penso em outros segmentos também: imobiliárias, escritórios diversos, cursos de línguas etc.

Compreendo os direitos dos funcionários e a disponibilidade financeira dos donos dos estabelecimentos, mas não há uma solução agradável para todos?

Reclamo de barriga cheia quando me lembro da Inglaterra, onde o comércio coloca a placa closed na porta às 17:30. Ok, temos cerca de uma hora ou até, nas lojas maiores, uma hora e meia de vantagem sobre os ingleses, isso já é alguma coisa.

Outra questão que incomoda os clientes e atormenta o pessoal do comércio é o sábado à tarde. Tudo fechado, com algumas exceções. Este é outro momento da semana que as pessoas que trabalham o dia inteiro e que não conseguem fazer suas coisas ao meio-dia, pelo motivo óbvio ou no fim da tarde. Elas precisam ser malabaristas para dar conta!

Como disse, sei que a questão não é fácil, envolve dinheiro, questões trabalhistas, além do que há o argumento de que as lojas abertas nestes horários nos quais reivindico não são de muito movimento etc.

De qualquer modo, exponho aqui minha opinião, de querer, mesmo sem a febre do consumismo, consumir com um tempo mais confortável.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Tampa

Stephen Orsillo 123RF

Na semana passada, estive envolvida com algo aparentemente banal, mas que contém alta complexidade. Precisei comprar uma tampa de vaso sanitário, comum não?

Não! Mil vezes não! Perambulei por todas as lojas possíveis atrás da tal tampa. Você sabia que cada vaso faz parte de uma linha que faz parte de uma marca? Sim, não há qualquer padrão.

Assim, precisei descobrir a fábrica que fez a louça e depois procurar a linha para aí encontrar a maldita tampa. Qual foi a surpresa? A louça saiu de linha!

Achei que saía de linha carro, cremes, mas louça de banheiro? Reflexos do consumismo. Para encurtar a história, encontrei uma tampa que talvez possa servir. Ela ainda não foi testada, mas estou fazendo figa, dancinha em volta da fogueira e batendo na madeira para tudo dar certo.

Acho super bacana se surpreender, mas surpresa quanto à tampa do vaso sanitário, vamos combinar que eu poderia ter ficado sem essa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Psicólogo


De vez em quando pego filme na locadora sem ler a sinopse. Ora porque já ouvi falar no filme (mas a leitura me daria mais detalhes do enredo) ora porque converso com a atendente, sempre simpática, que me fala a respeito da história.

Foi assim que peguei o filme “O Psicólogo”, com Kevin Spacey. Achei que era uma comédia. Mesmo que tenha momentos de riso, o filme é um drama, um completo drama.

O personagem de Spacey é Henry Carter, um terapeuta famoso em Los Angeles que passa por um momento pessoal muito doloroso. Assim, além das dores dos pacientes, vemos também as do terapeuta, que fuma maconha compulsivamente e não consegue dormir em sua cama.

O filme é sobre a dor. A dor que sentimos com as perdas que sofremos na vida, a dor da ausência das pessoas amadas, a dor de não ver sentido no dia-a-dia. A dor que nos faz sentir tão sozinhos que pensamos não haver alívio possível. Da mesma maneira, o filme fala das portas de emergência que encontramos em momentos de crise, de ganhos que temos nestas fases e das chances de superação.

Ficamos tristes e rimos com Carter, que faz uma quase terapia com seu traficante e que dorme em lugares inesperados. Triste e engraçado, como a vida é.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Blog da Gestante


Não estou pensando e nem me preparando para ser mãe. Acontece que tenho uma amiga, também psicóloga, que tem um blog muito bacana (o endereço está lá embaixo) sobre amamentação, maternidade e bebês, e penso que pode ser interessante, mesmo para quem não está nesta fase de fraldas e mamadeiras, conhecer um pouco mais sobre este meio.

Os assuntos infantis e maternos caem no gosto popular e há muitas falsas ideias. Por isso, é importante conhecer mais a fundo para saber se a “receita da vovó” faz bem mesmo ou é pura crendice.

Se você está nesta fase, mais um motivo para cair na leitura das dicas do blog! O conhecimento diminui nossas ansiedades e angústias frente a um momento tão peculiar como o de ser mãe. Não é algo que acontece todo o dia e, por isso, assusta a mamãe de primeira ou até de segunda viagem!

Bem, a dica está dada. Para quem quiser conferir, vai lá:


Um bom domingo!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Guerra ao Terror



O filme “Guerra ao Terror”, cuja direção coube à Kathryn Bigelow, é impactante. Incomoda, não se fica indiferente frente ao que assiste. Aliás, você até pode ficar sem dar uma palavra, mas seus pensamentos estarão pipocando.

A história gira em torno de três personagens, soldados americanos no Iraque, que têm a missão de desarmar bombas, presenças constantes nas ruas iraquianas. Só com isso já dá para imaginar a tensão do filme.

Bombas são um estresse. Guerra é um estresse. Contudo, ao final do filme, você não ficará estressado. Pelo contrário, você estará sensibilizado com a dor da guerra. Uma dor já conhecida ou imaginada por nós; porém, ela aqui é exposta de uma forma peculiar.

Você é tocado pela dor dos civis e, principalmente, pela dor de soldados, que tentam cumprir sua função, em meio aos seus próprios medos, ao desespero das situações, ao caos afetivo que vem como consequência.

Você compreende, mais do que nunca, as mazelas durante a guerra e o estresse pós-traumático, que é comum em experiências de guerra, estudadas por tantos estudiosos, como os psicanalistas Freud e Bion.

Entre poeira, moscas, destroços e paisagem bege, os soldados tentam sobreviver, enfrentar e elaborar o que veem e o que fazem. Nem sempre conseguem evitar os efeitos colaterais, porque se trata de um contexto tão árido e tão desumano que é impossível passar incólume por ele.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Agredir e Agradar

Ionut Dan Popescu 123RF



(Para ficar claro: o sentido de agredir que falo neste texto é o de ser ativo, ousado.)

Dentre as várias frases que aprecio de Paulo Leminski destaco a seguinte: “Às vezes o negócio é agredir, às vezes agradar.” Gosto dela, porque é o símbolo do fluxo da vida. Ora precisamos atacar ora precisamos recuar. Ora necessitamos grunhir ora sorrir.

Nem tanto ao céu nem tanto à terra, como se diz. Somos instigados a aprender o ziguezague que forma os ângulos da vida.

Nem sempre é fácil ter a cinturinha fina para não cair no chão. Nesta dança, muitas vezes sofremos, nos precipitamos ou perdemos a hora. Agimos de um jeito torto, sem possibilidade de correção. Ainda bem que, em outros, conseguimos seguir no ritmo e tudo dá certo. Captamos as entrelinhas, temos paciência e perspicácia, mais ainda: sabedoria.

Reconhecer o contexto, os sentimentos envolvidos, assim como os desejos, faz a diferença na hora de saber se é momento de agredir ou de agradar. De uma forma ou de outra, estamos lutando pelo que acreditamos ser o melhor. A diferença aqui é a estratégia; porém, o pano de fundo é o mesmo.

Todos nós buscamos as mesmas coisas, mas cada um vai ao lugar que crê encontrar o seu alimento para viver mais feliz e satisfeita. Não chegar lá sem apatia ou indiferença, mas com agressões ou agrados.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

De ônibus

Olga Drozdova


Estive no Rio, semanas atrás. A “cidade maravilhosa” existe na minha vida desde a infância. Lembro que meu pai adorava ir de ônibus até o centro. Ia para o ponto na Nossa Senhora de Copacabana e abanava feliz da porta. Eu preocupadíssima, com medo da violência e tudo mais que ouvimos da mídia, com o coração apertado, esperava meu pai voltar de seu passeio central.

Eis que neste ano, pela primeira vez fiz o itinerário que atraía o pai, de ônibus, é claro. Compreendi plenamente o interesse dele por esse meio de transporte. Conhece-se muito um lugar andando de ônibus. Consegue-se prestar mais atenção à cidade e tem-se mais contato com a cultura local. Uma experiência muito bacana!

Descobri, por vivência própria, somente em 2010, que os ônibus cariocas são “o” caos. Param em qualquer lugar para você descer e não necessariamente pararão no ponto para você subir. Fiquei pasma em ver o ônibus que precisava pegar, passar na segunda pista, fingindo que nem estava vendo a parada!

Diverti-me muito com os lugares que desci nada seguros: precisei dançar entre um carro e outro. Ainda mais que tenho viva a memória do transporte coletivo inglês, bem mais seguro.

Claro que andar de ônibus no calorão do Rio não é lá muito confortável. Você olha para o mar como o cão que olha o frango rodando naqueles “televisores de cachorro”. Mas para quem quer conhecer melhor a cidade, especialmente o centro, vale a pena.

Os motoristas andam na velocidade dos carros, ultrapassam com o mesmo despojamento do Schumacher e ainda têm o jeito coloquial carioca de falar que rendem risadas, para nós, gaúchos, mais sérios, digamos assim.

Não quero nem pensar como serão a Copa e os Jogos Olímpicos naquele trânsito enlouquecido. Até lá, quem sabe, resolvem alguns dos problemas que acometem não apenas o Rio, mas as grandes cidades brasileiras: carros de mais e ruas de menos.

Turismo se faz do que jeito que se quer. Descobri que o ônibus, neste contexto, serve muito mais do que apenas nos transportar de forma econômica: proporciona-nos a oportunidade de conhecer mais a rotina do lugar que estamos; sem estar neste estado, ou seja, somos turistas em um contexto nada turístico. Interessante.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mais um começo de ano

Sergey Sundikov 123RF


O carnaval terminou e o ano começou, é o que se fala por aí. Apesar de depender de cada um, faz sentido essa sentença, já que a festa pagã mais bonita do mundo atrai multidões em vários cantos do país.

Quando estava na Inglaterra, fui informada por professores da universidade, que num determinado sábado teria carnaval. Não registrei a informação, mas, por acaso, meu marido e eu estávamos no centro da cidade (onde ocorreria o desfile) e assistimos ao carnaval inglês, mais especificamente o de Colchester.

Em nada, absolutamente nada, se parece com o nosso jeito de fazer esta festa. As pessoas desfilavam em carros abertos e no asfalto; umas até fantasiadas. As fantasias sem semelhança com as apresentadas aqui pelas escolas de samba. A música não era samba, claro, era algo meio pop, meio rock, cada grupo tinha a sua. E havia pessoas pedindo donativos para as instituições que representavam.

Nós ríamos do diferente, de como aquelas pessoas, super animadas, muitas com suas pints na mão, gargalhavam com o espetáculo, que não era feio, muito menos ridículo, porém completamente diverso do que estamos acostumados. Brasileiros em terra estrangeira no carnaval? Para quem tem Rio de Janeiro como referência é muito engraçado ver outras maneiras de viver isso.

Não vi muito neste ano o desfile carioca, que é sempre lindo e cheio de criatividade. Do pouco que vi pela televisão percebi, como sempre, que muita gente pulou em blocos, se divertiu a valer de norte a sul do Brasil. Nestes momentos, sempre me vem um alimento para a esperança: se o brasileiro consegue fazer o carnaval com tanta competência, não conseguiria fazer outras coisas, da mesma forma? Não poderia fazer mais por si e pelo lugar que vive?

Voltando ao primeiro parágrafo, se o clima de 2010 começa mesmo após a festa, como está o ano para você? O que você pretende fazer de 2010?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

aliola 123RF

Pessoal, vou dar uma sumidinha... Volto, provavelmente, na quarta, das cinzas...
Excelente samba para todo mundo!! Quem está no estilo "retiro", como eu, desejo um bom descanso!!
Beijos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Carnaval



Já fui de cair na folia na infância e na adolescência. Depois dos 18 anos, o carnaval passou a significar dias de descanso, de ver o desfile carioca, se quiser. Principalmente, é a época de colocar em ordem a casa, a leitura, o sono, o corpo.

Nestes dias quentes, prometo não falar que o calor está de derreter, que não suporto mais suar, procurar sombra, querer um ar-condicionado instalado no corpo, se fosse possível! Não falarei nisso. Digo que neste verão sufocante, para mim, a receita de um bom carnaval será me manter fresca, protegida dos trinta e tantos graus lá fora.

Não sei o que você irá fazer, desejo ardentemente que você se divirta, na forma que escolher viver o seu carnaval.

Para terminar, você sabia que o primeiro carnaval brasileiro ocorreu em 1641? Encontrei essa informação no site do divertido Menino Maluquinho, personagem de Ziraldo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Campos

Ionut Dan Popescu 123RF


Muitas pessoas odeiam as colunas sociais dos jornais, outras amam e ainda há os indiferentes que não se interessam por tal parte da “sociedade”. Independentemente do que você e eu pensamos, é bacana compreender um conceito sociológico que tem a ver, é claro, não apenas com estas partes dos jornais.

Ao descrever a noção de campo, o francês Pierre Bourdieu mostra os diversos campos que se formam em nossa sociedade. Há o campo intelectual, por exemplo, em que é importante a produção, seja científica ou literária, o quanto se pesquisa etc. Há também o campo da arte, em que o importante é a experimentação, a cultura e a produção artística etc. Há o campo da moda, do automobilismo, da engenharia, dos professores etc.

Claro que generalizei ao exemplificar os campos. Porém, isto serve para dar uma visão geral sobre o que Bourdieu fala. Cada campo tem sua hierarquia, sua linguagem, suas regras. Há conflitos, sem dúvidas. Tanto fora como dentro de cada campo há disputas e desequilíbrios. Cada um de nós, nos campos que transitamos, agimos conforme nossa posição no grupo, o que já fizemos nele e o que almejamos fazer.

Se você gosta das colunas, vai atrás do seu espaço na foto e boa sorte! Se você odeia, pensa se você está ou não neste campo. Não está, então perceba se quer entrar, quer? Então, vai. Não quer? Então vem comigo para a indiferença! A indiferença é aquela postura de quem até pode olhar, mas sem inveja e não tem atração nenhuma por ser fotografada no bar “x” depois da uma da manhã. Tudo é uma questão de campo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Up in the Air




O filme “Amor sem escalas” caiu na graça do público e não sem motivos. Trata-se de uma história interessante, com diálogos bem construídos e elementos da vida real, fazendo com que a ficção se torne ainda mais próxima da realidade. Nem é preciso confirmar o que se imagina: é um tanto triste o que se vê desenrolar na tela do cinema.

Claro que essa tristeza, derivada de questões existenciais nossas, não nos faz desgostar do filme ou criar um arrependimento por tê-lo visto. A melancolia nos aproxima dos personagens.

O diretor, Jason Reitman, é o mesmo do original “Juno” e faz igualmente aqui um trabalho competente. A história gira em torno de Ryan (Clooney), que trabalha demitindo funcionários de empresas em crises, o que o faz viajar durante quase todos os dias do ano. Os aeroportos, os aviões e os hotéis são a sua casa, são lugares em que ele se sente bem. Sua mala super prática e sua técnica de fazer check-in e check-out com rapidez são eficientes.

Ele dá palestras motivacionais, cuja filosofia combina bastante com seu estilo de vida e foge do padrão que elegemos como a ideal, ou por que não a “normal”.

O pano de fundo do enredo é a solidão. Somos sós e podemos diminuir essa sensação, caso estejamos preparados para enfrentar riscos afetivos ou podemos abraçar o estado solitário, arcar com a incompreensão alheia e buscar defesas para sobreviver no limbo.

Como já dito, o filme vale a pena. Não será o melhor filme da sua vida, provavelmente, mas é um filme que convida à reflexão e, já por isso, vale.



Para saber mais:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

SOS Escola

Karam Miri 123RF


Na edição da revista Veja desta semana, é mostrado o resultado de uma pesquisa, realizada pela Fundação Carlos Chagas, que revela que apenas 2% dos estudantes de escolas públicas e privadas pensam em fazer o curso de pedagogia, isto é, dedicar sua vida ao ensino. Além disso, essa pequena porcentagem de atraídos pela labuta escolar pertencem ao grupo dos 30% com as piores notas no histórico de notas.

Se existisse um mundo perfeito, os professores seriam as pessoas mais bem valorizadas, reconhecidas social e financeiramente. Vocês têm noção da importância dessa profissão?

Nesse universo ideal, os professores falariam dois idiomas, no mínimo. Viajariam regularmente para apresentar trabalhos, participar de congressos e também por turismo. Eles comprariam livros frequentemente, faltando espaço em casa para a biblioteca.

Eles teriam televisão a cabo, que disponibiliza programas mais culturais, iriam a cinemas e teatros, como quem vai para o restaurante no domingo.

Os mestres teriam condições de morar bem, de comer beber, de se vestir adequadamente, enfim, as questões básicas seriam atendidas plenamente. Ainda conseguiriam fazer poupança!

Na escola, seriam respeitados pelo seu conhecimento e por sua competência no ensino e no trato social. Os pais os veriam como auxiliares na educação e vice-versa.

Estes profissionais teriam escolhido a pedagogia por vocação, por gostar de ensinar e de estudar. Nem pensar uma opção feita por esta ser a única porta aberta para o ensino superior!

Escapei para a idealização, porque o fato é muito sério: os nossos professores estão na UTI! Esperança é necessária, eu sei, mas quando lemos que a educação está fraca e que não se trata apenas de alunos preguiçosos e indisciplinados, mas também daqueles que deveriam dar o exemplo... Ai, é demais!

O que me faz respirar melhor é lembrar que há professores que resistem a essa onda. São competentes e não se entregam a queixas contra o governo, contra o sistema etc. Cumprem seu papel, apesar de tudo, com maestria, e nos fazem pensar que o mundo ideal poderia existir, pelo menos, em partes.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O calor não humano

Nelli Shuyskaya 123RF

Na edição do Fantástico de ontem, foi mostrada uma matéria sobre o calor dentro da casa de uma moradora do Rio de Janeiro. O seu quarto, assim como o de seu neto, não têm ar-condicionado, apenas ventiladores, causando, assim, um grande desconforto na hora de dormir. Seguramente, não é apenas na casa da senhora da reportagem. Não sei como ainda não derretemos!

Não há como não ser clichê, todos os dias repetimos ou ouvimos a frase “que calor!”. Não há a possibilidade de sermos originais. O calor continua quando o sol vai embora. O governo deveria, com todo o respeito as demais mazelas dos cidadãos brasileiros, fornecer bolsa-condicionador de ar.

Lembra do tempo que ar geladinho era luxo e completamente supérfluo? Esqueça, não é mais. Tornou-se item básico, de proteção à saúde, principalmente a mental. O clima “forno” altera nosso humor, nossa capacidade de trabalho e nos faz desejar sermos peixes ou ursos polares.

Faço aqui minha reclamação: ou o bolsa-ar ou para tudo, ninguém faz mais nada! Ficaremos todos nós embaixo de árvores ou dentro d’água, mas seguir uma rotina “normal”, não é possível. Na verdade, possível até é, afinal, estamos fazendo isso, não?

Outra ideia, como comentei com um amigo, seria inventarem uma roupa com gelo dentro, com uma tecnologia que refrescasse nosso corpo na medida certa. Esse calor, decididamente não é humano! Conseguiremos sobreviver até abril?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A Teoria do Som

oleksiy 123RF


Certamente você já esteve na rua e passou por você um carro com som, ou seja, um carro emitindo um som altíssimo. Se você não teve tanta sorte assim ele estacionou perto de onde estava, e aí uma música ensurdecedora emudeceu seu papo. Se a sorte se foi de vez, a música é do estilo que você detesta. Aí, falta pouco para você ir embora ou mudar de lugar.

Dias desses estava atenta ouvindo o rádio no carro, quando outro carro parou ao meu lado na sinaleira. O “vizinho” tinha caixas de som no porta-malas a todo vapor. Ele não se contentou em ouvir a sua música; quis compartilhá-la com quem estivesse nas ruas por que passava.

Logo pensei em uma teoria: a pessoa é tão sedenta por ser ouvida, não se sente escutada, que precisa, mediante a música, se expressar, se fazer presente. O pobre coitado necessita de potentes caixas de som para se sentir mais “gente”. Ele tem o desejo de gritar ao mundo suas necessidades, suas vontades, seus pensamentos e seus sentimentos e, por alguma razão, é calado; então, pela música, realiza sua frustrante intenção.

Claro que essa teoria pode ser uma furada, a criatura pode ser surda ou simplesmente gostar de música alta e não estar nem aí para os outros. De um jeito ou de outro se sentir invadida por uma música altíssima, cujo volume não está sob seu controle, é uma chateação.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Vende-se trabalho de vereador


Ionut Dan Popescu


Muitos vereadores contratam empresas especializadas em fazer projetos, não em ajudar, mas fazer, entregar pronto ao contratante. Esta foi a notícia que recebi, dias atrás de um amigo. Sim, meu caro, o vereador resolve de modo mais “simplificado” o seu trabalho.

Não é uma receita de bolo que se quer pronta, sem ter, necessariamente, os ingredientes fundamentais. Há várias entidades e meios que assessoram o edil a realizar o seu projeto. Da mesma forma, projetos antigos, como modelos podem ser úteis. Mas soa antipático e questionável aquele vereador que, em vez de se envolver com a comunidade, ouvi-la, dar espaço aos moradores manifestarem suas necessidades, resolve simplesmente contratar uma consultoria que vai lhe dar um projeto “bonito” no papel e que poderá servir como material de campanha política, mas se for para a prática poderá não dar certo.

Afinal de contas, cabe ao vereador planejar, criar os projetos. Se ele pretende terceirizar sua função, talvez seja mais honesto terceirizar sua vaga na Câmara também.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pessimismo x Otimismo


Cristina Cazan 123RF


Pessimismo versus Otimismo é algo já muito discutido. Algumas pessoas se identificam com um lado; outras com o outro. O importante é não ser pessimista com desespero nem otimista com os pés no ar. O famoso equilíbrio.

O pessimismo enfraquece, faz sumir a esperança ou perder sua importância, pode viciar o pensamento e as emoções, tornando tudo potencialmente escuro. Ao contrário, o otimismo fortalece, potencializa a criatividade e a inteligência, assim como a atenção ao mundo, propiciando um clima mais claro.

Sem dúvida, o otimista é mais feliz, mesmo que ele venha a sofrer com o inesperado. O pessimista sofre em dobro: não somente pelo inesperado como com a energia pesada antes do acontecimento que virá ou não acontecer.

O pessimista é o medroso: é aquele que vai tremendo, quando vai. A postura do otimista é outra: mais espontânea e se tiver os pés no chão, mais disposto a enfrentar as adversidades.

Problemas sempre teremos. Em alguns momentos, pequenos, em outros, maiores. A forma como vamos lidar com eles é nossa responsabilidade. Temos, pelas nossas histórias de vida e familiar, tendência para um dos lados.

O que é importante lembrarmos é que podemos mudar, aprender a sermos mais otimistas e com os olhos na realidade. Sermos atentos às armadilhas que podem aparecer, sem ficarmos de olhos fechados com medo delas.

Aprender a viver é isso: desafiar nossas fragilidades para sermos mais fortes para o que der e vier.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O lugar que o homem não devia estar


mettus 123RF


Em meu bairro há diversas lixeiras coletivas, um pequeno contêiner cinza com tampa laranja. Nelas as pessoas colocam os lixos do cotidiano. Um caminhão apropriado regularmente coleta o material descartado.

Levei um susto da primeira vez em que vi uma pessoa saindo dela. Afinal, ela é funda e se corre risco nesta “aventura”. Que lugar é este em que vivemos que pessoas saem do lixo? A conhecida desigualdade, a conhecida ignorância, a conhecida falta de educação, a conhecida miséria que enriquece muitos bolsos de políticos neste país.

Já vi a cena do homem no lixo diversas vezes. Em uma delas, a pessoa colocou uma garrafa de plástico para não deixar a tampa cair. Ainda havia um cão, sempre fiel como é característica da espécie, ao lado da lixeira esperando seu amado dono.

Eu sei que pode parecer conversa de gente que se intitula sensível e de classe média. Não quero ser dessa maneira rotulada, quis escrever para pensar alto, pensar a impotência que às vezes nos toma por não conseguirmos lidar com a pobreza alheia.

Não conseguir aceitar que há gente que passa fome, que toma chuva e sente frio. O que nos parece básico, é luxo para o outro. Isso é triste demais. Não há como não me chocar, a cena não consegue ser banal para mim.

Talvez para muitos ver gente catando lixo e dormindo na rua já se tornou rotina. Isso é muito triste e me pergunto ao mesmo tempo em que divido com você: o que é possível fazer para mudar esta situação?

Concluo com o genial Manuel Bandeira, em um poema intitulado “O Bicho”:

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Crianças de novo


Tetyana Kulikova 123RF


Minha sobrinha de vez em quando tapa seus ouvidos quando estão falando para ela palavras que ela não se interessa. Leia-se: sermões, explicações sobre um comportamento inadequado etc. Quando está em um dia menos tolerante, além de tapar com seus dedinhos os ouvidos, ela fecha os olhos e, em dias menos condescendentes ainda, canta um lá-lá-lá. Durma com esse barulho.

Como este texto não é a respeito de educação infantil, nem tocarei nesse assunto. A questão é que a criança, no caso dela de quatro anos, possui estes recursos para se proteger de algo não prazeroso.

Nós, adultos, perdemos a legitimidade de usá-los ou você se imagina fazendo isso em frente ao seu chefe? Ou quando sua namorada começa com um blá-blá-blá sem fundamento? Não podemos. Conseguimos divagar, pensar na lista do super, olhar para uma vitrine, prestar atenção em qualquer outra coisa que não a baboseira dita.

Cá para nós, há momentos em que seria muito útil ainda ter direito a tais meios. Já pensou, como seria mais divertido ouvir a conversa fiada de corruptos tapando os ouvidos, fechando os olhos e cantarolando? Talvez esta barreira fosse mais eficiente e assim não sentíssemos nas vísceras a indignação. Não apenas quanto aos corruptos, mas quanto a outras espécies de gente: pessoas que tentam inferiorizar os outros, que só têm veneno na língua, que mentem na maior “cara dura”, enfim, a gente sabe bem o que nos faz embravecer.

Então tá, combinado, da próxima vez que você ouvir aquele colega da academia falando um monte de mentiras, contando vantagem: lá-lá-lá.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pichações

Andrey Khritin 123RF


No centro da minha cidade, um prédio antigo foi restaurado. Há pouco ficou pronto e muito bonito. Passei por ele uns dias atrás e fiquei inquieta quando vi uma pichação. Não grande, de tamanho média, em cor preta.

A marca invasora em nada tem a ver com aquele prédio que marca a história da cidade, como as demais construções antigas. A pichação mancha, estraga, empobrece.

Nunca pichei e nunca tive amigos que fizessem isso para afirmar com mais propriedade o que vou supor. O que faz alguém pegar seu spray e pichar? Às vezes vemos declarações de amor, hoje menos comuns, vemos símbolos de grupos, um nome, uma reclamação. Assim, são várias as vontades por trás da mão no spray.

Mesmo assim, eu generalizaria dizendo de duas uma: ou a pessoa quer estragar o que está ali, o que muito faz sentido quando o local pichado foi recém construído ou restaurado, ou a pessoa quer se incluir nessa beleza.

As reclamações ganham voz nos muros não apenas para o seu fim claro, reclamar, como também para mobilizar os transeuntes em relação a questões sociais. As declarações de amor saíram dos muros e ganharam espaço na pele, sob forma de tatuagens. É um jeito de gritar ao mundo o amor que alguém sente e o seu desejo de amar. Símbolos de grupos estão nas ruas para marcar um território e uma identidade.

Enfim, pichar, em minha opinião, deixa a cidade mais suja e mais bagunçada. Se os pichadores parassem um pouco para pensar em seus impulsos com o spray poderiam, em vez de fazer sujeira, fazer arte, se talento tiverem.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Literatura


Stanko Mravljak 123RF



Se eu não fosse psicóloga, seria professora de literatura. Adoro literatura e sofro, em pequena proporção, não se preocupem, com o fato de não ter tempo de ler tudo o que gostaria. Por que não comecei a ler bons livros mais cedo?

Sou encantada com os escritores, os bons, lógico, com a entrega que fazem as suas histórias, aos personagens que criam. Sou fascinada pela capacidade de alguém escrever centenas de páginas com maestria. Admiro o talento de romper a linguagem, isto é, não escrever simplesmente, mas escrever com sangue.

Escrever com sangue, para mim, significa usar as palavras corretas, de maneira acertada, em uma narrativa instigante, onde tudo, como num quebra-cabeça, se encaixa. Sem clichês, sem superficialidades, escrever com alma e originalidade.

Personagens fortes, que ganham vida, além do papel. Pensem em Rodrigo Cambará, de Érico Veríssimo ou em Anna Karenina, de Tolstói, por exemplo. São figuras que atravessam gerações e ganham imortalidade.

Escritores geniais ou muito bons não fazem apenas excelentes histórias com personagens interessantes. Eles criam um mundo, no qual mergulhamos para entender, não apenas o que se narra ali, mas o que acontece fora do papel, no contexto que vivemos, na vida que levamos. Sabemos mais de nós e da vida mediante a ficção construída por estes artistas.