quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

De ônibus

Olga Drozdova


Estive no Rio, semanas atrás. A “cidade maravilhosa” existe na minha vida desde a infância. Lembro que meu pai adorava ir de ônibus até o centro. Ia para o ponto na Nossa Senhora de Copacabana e abanava feliz da porta. Eu preocupadíssima, com medo da violência e tudo mais que ouvimos da mídia, com o coração apertado, esperava meu pai voltar de seu passeio central.

Eis que neste ano, pela primeira vez fiz o itinerário que atraía o pai, de ônibus, é claro. Compreendi plenamente o interesse dele por esse meio de transporte. Conhece-se muito um lugar andando de ônibus. Consegue-se prestar mais atenção à cidade e tem-se mais contato com a cultura local. Uma experiência muito bacana!

Descobri, por vivência própria, somente em 2010, que os ônibus cariocas são “o” caos. Param em qualquer lugar para você descer e não necessariamente pararão no ponto para você subir. Fiquei pasma em ver o ônibus que precisava pegar, passar na segunda pista, fingindo que nem estava vendo a parada!

Diverti-me muito com os lugares que desci nada seguros: precisei dançar entre um carro e outro. Ainda mais que tenho viva a memória do transporte coletivo inglês, bem mais seguro.

Claro que andar de ônibus no calorão do Rio não é lá muito confortável. Você olha para o mar como o cão que olha o frango rodando naqueles “televisores de cachorro”. Mas para quem quer conhecer melhor a cidade, especialmente o centro, vale a pena.

Os motoristas andam na velocidade dos carros, ultrapassam com o mesmo despojamento do Schumacher e ainda têm o jeito coloquial carioca de falar que rendem risadas, para nós, gaúchos, mais sérios, digamos assim.

Não quero nem pensar como serão a Copa e os Jogos Olímpicos naquele trânsito enlouquecido. Até lá, quem sabe, resolvem alguns dos problemas que acometem não apenas o Rio, mas as grandes cidades brasileiras: carros de mais e ruas de menos.

Turismo se faz do que jeito que se quer. Descobri que o ônibus, neste contexto, serve muito mais do que apenas nos transportar de forma econômica: proporciona-nos a oportunidade de conhecer mais a rotina do lugar que estamos; sem estar neste estado, ou seja, somos turistas em um contexto nada turístico. Interessante.

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