segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mortes no asfalto


Ruslan Zalivan 123RF



A imprensa gaúcha tem nos chamado a atenção para os acidentes nas estradas e nas cidades gaúchas. Somente neste final de semana, foram 24 mortes, sendo que 56% das vítimas estão na faixa dos 16 aos 24 anos. Jovens demais para morrer.

Perguntamos-nos constantemente a causa de tantas mortes. Primeiramente vamos considerar alguns significados da palavra “acidente”, segundo o Aurélio: 1.acontecimento casual, imprevisto. 2. Acontecimento infeliz, casual ou não, de que resulta ferimento, dano, etc. Temos, então, que um acidente de trânsito pode ser algo infeliz e não esperado ou infeliz e imaginado.

A gente pode imaginar a possibilidade de um acidente se um motorista estiver a 180 km/h após tomar várias cervejas. A gente também pode imaginar que um motorista cuidadoso esteja a 90 km/h, atropela um cavalo na pista e se acidenta. Com que objetivo escrevo isso? Para dizer o óbvio. Na verdade, podemos sofrer um acidente a qualquer momento, porém há facilitadores também.

Dirigir embriagado, em alta velocidade, em um carro sem revisão, em uma estrada muito sinuosa, se deparar com um motorista perigosamente irresponsável, atropelar um animal, o pneu estourar, enfim, são diversas formas que podem nos levar a um acidente ou morte no asfalto.

O que está ao nosso alcance dentre as circunstâncias acima? Educar os motoristas, quanto à forma de dirigir e como cuidar do veículo que dirige. Todavia, há algo que foge das campanhas que vemos por aí: a questão psíquica.

O psicanalista e escritor David Zimerman afirma que a forma com que dirigimos o carro expressa o nosso psiquismo. Impulsos de amor e de ódio se mostram na maneira com que conduzimos nossos veículos. Assim, podemos supor que tantas mortes no trânsito indicam que os nossos psiquismos individual e “social”, digamos assim, estão precisando de atenção.

Ao dirigir com agressividade, muitos motoristas tentam compensar suas dores emocionais. Ao beber e dirigir, muitos buscam a adrenalina do risco de morrer para sentir que estão vivos, que existem. Ao desrespeitar o motorista ao lado, muitos tentam impor sua força quando se sentem demasiado fracos.

Desta maneira, não apenas questões técnicas devem ser revisadas e ensinadas, mas também os aspectos psicológicos devem ser considerados. A patologia do vazio, atualmente muito comum em consultórios psis, denuncia o pouco sentido que muitos têm dado à vida, justamente porque para estas pessoas, não há sentido algum. Se não há, a vida vale muito pouco e não há nada a temer.



Observação importante: de forma alguma penso e não tenho intenção de generalizar quando falo dos motoristas, tanto que tento usar a palavra “muitos”.

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