quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Neymar

Robert Pasti 123RF




Os “meninos da vila”, isto é, do Santos, arrancaram muitos sorrisos. Neymar, Ganso e Robinho não apenas jogavam bem, mas driblavam de forma travessa e, ainda, dançavam. Divertiam-se em campo. Robinho, em agosto, foi para o Milan. Ganso está lesionado. Ficou Neymar.

Neymar nasceu em 1992. Tem 18 anos. Talvez possamos responsabilizar sua tenra idade pelos atos mal-educados que fez nas últimas semanas. Foi multado e afastado do time. O técnico Dorival Jr. foi demitido.

É preciso dizer que Neymar teve um convite milionário para jogar no Chelsea, na Inglaterra. Negou. Ficou no Santos, onde é ídolo da torcida.

Não entrarei em detalhes do que Neymar fez. Só nos importa saber que ele desrespeitou o técnico. Jogou de cabeça quente, foi irresponsável e inconsequente.

Ele tem 18 anos, mas sua responsabilidade e seu salário exigem uma postura madura. Para isso, ele necessita de suporte, principalmente da família, para lidar com suas angústias e com o peso da fama.

Não temos dúvidas que ser famoso, como quase tudo na vida, tem dois lados. Por um lado, é bacana ser reconhecido, ainda mais craques do futebol, pois muitos deles superaram um prognóstico social negativo. Por outro lado, você precisa ter muita prudência, humildade e clareza da situação que vive. Não é nada fácil.

Após a rebeldia, Neymar em entrevista coletiva, desculpou-se com o técnico e com os jogadores. Não foi suficiente para apagar o fato. Dorival manteve seu castigo de deixá-lo no banco. Neymar pagou sua multa, em torno de 48 mil reais (30% do seu salário).

Dias atrás, os dirigentes do Santos demitiram Dorival. O que significa isso? Podemos tentar uma leitura da seguinte forma: um aluno foi agressivo em sala de aula, desrespeitou a professora. Foram para a diretoria. Inicialmente, a professora teve apoio da direção. Depois, ao reconhecer a importância daquele aluno, em termos financeiros, se decide que é melhor a professora encontrar outro lugar para trabalhar. E aí, o que pensa o aluno? Que ele pode fazer o que bem entende, pois tem nas mãos a direção da escola.

A grande questão neste episódio do Santos é que ele reflete o que muitas famílias vivem e por diversos motivos: a dificuldade de estabelecer limites. A direção, ao passar a mão na cabeça de Neymar, está transmitindo a mensagem “Neymar, faça o que você quiser”. Isto é ruim para o jogador, para o time e para o futebol em si.

As regras, não apenas as futebolísticas, existem, porque elas norteiam, dão limite ao jogo, às relações que há entre as pessoas. Sem o respeito a essas regras, sobra o caos. Neymar, por sua idade, pelo que representa ao futebol hoje, precisa de alguém que coloque seus pés no chão. E era isso que Dorival tentava fazer.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O dinheiro e a felicidade

Sergey Sundikov 123RF



Dinheiro não traz felicidade. O dito popular agora tem fundamentos científicos!

Cientistas da Universidade de Princeton concluíram, após estudo feito nos anos de 2008 e 2009, com mil americanos, que o dinheiro não traz felicidade, mas sim satisfação.

A forma com que as pessoas veem a vida e lidam com seus problemas é mais positiva naquelas que estão tranquilas financeiramente.

Os estudiosos calcularam o que seria o ideal para garantir uma boa qualidade de vida: 130 mil reais por ano. Eles garantem que quem ganha menos que isso, cerca de 11 mil reais por mês, está mais sujeito a sofrer com fatos imprevisíveis.

O valor está dentro do contexto norteamericano. Importante salientar isso.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O segredo dos seus olhos


 
Somente agora assisti “O segredo dos seus olhos”, produção argentina, dirigida por Juan José Campanella, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, na edição deste ano. O título não é por acaso. O olhar é um dos “personagens” mais importantes da história.

Lembro de uma palestra que assisti, há alguns anos, do argentino Carlos Skliar que trabalha com a educação. Uma de suas abordagens foi a pedagogia do olhar. Assim, ele falou sobre como o olhar pode matar, salvar, amar. O olhar ético seria aquele que não julga, não mata, não mancha.

O olhar tira a potência da palavra, ele se torna por si só uma mensagem. E é o olhar um dos aspectos mais sensíveis desse filme, forte e triste, que fala do amor, da perda e do tempo.



Site do filme:


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Joaquin Phoenix





Há um tempo li em algum lugar que Joaquin Phoenix teria abandonado sua carreira de ator para se dedicar à música. Depois disso não me lembro de ter lido ou visto alguma coisa sobre o ator.

Nesta semana tudo ficou claro. Em fevereiro de 2009, Phoenix concedeu uma entrevista ao David Letterman. Phoenix estava barbudo, com o cabelo despenteado, com óculos escuros e muito esquisito. Nessa época, Phoenix afirmara que estava deixando de ser ator para ser cantor de rap. Um documentário, dirigido pelo amigo e diretor Cassey Affleck, estava sendo produzido para mostrar este período de transição.

Na noite de quarta-feira passada, Phoenix retornou ao talk-show, explicou que aquela sua aparência e seu comportamento faziam parte do personagem que ele estava interpretando. O filme existe e se chama “I’m still here”.

Seu comportamento foi uma farsa. Ele não estava em alguma crise existencial, nada disso. Ele estava "interpretando"  ele mesmo, um ator que meio doido, resolve mudar, do cinema vai para a música.

O filme foi lançado e não atraiu tantas pessoas como Phoenix e Affleck esperavam. Ainda não está claro como o grande público e o pessoal de Hollywood vai lidar com essa “mentirinha”.

 
Sobre “I’m still here”:


 
As entrevistas de Joaquin Phoenix ao David Letterman:


domingo, 26 de setembro de 2010

O Estado de São Paulo



Um dos jornais mais competentes do Brasil tomou uma iniciativa, no mínimo, inquietante. O jornal “O Estado de São Paulo”, vulgo “Estadão”, tem como editorial hoje (na internet desde ontem) um texto intitulado “Um mal a evitar”.

Neste texto, o “Estadão” se pronuncia contra as palavras, proferidas recentemente, do presidente Lula contra a imprensa brasileira. Além disso, e aí está a parte “quente” da história, o “Estadão” expõe qual candidato apóia.

É a primeira vez que um grande meio jornalístico assume sua posição política. Isso não quer dizer que os demais órgãos do meio não tenham suas escolhas. O que fez o “Estadão” foi deixar bem claro, seu candidato.

Ademais, seus editores afirmam que essa posição não atrapalha as informações a respeito dos outros candidatos.



Para quem quiser ler:


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!





Hoje é dia de festa! O blog está de aniversário!
Parabéns para nós!
Todos os dias verifico o programa que registra os visitantes, ou seja, os leitores. É muito legal ver quantas pessoas estiveram no blog, em que lugar essas pessoas estão, é como um mapa do que acontece virtualmente. Enfim, é muito bacana saber que há alguém do outro lado da tela, que não estou só com meus botões.
Além disso, fico feliz com os comentários, os emails, que vêm como resposta ao que escrevo. Agradeço o respeito, as sugestões, a paciência. Toda contribuição é bem-vinda.
O blog para existir precisa de alguém que escreva, verdade, porém ele ganha sentido se há alguém para ler, tornando o blog, assim, uma forma de encontro.
Nem sempre estamos afinados para a escrita, nem sempre é possível contentar a todos, porém fico contente de saber que muitos de vocês têm uma ligação afetiva ao Casa de Chá.
Aos amigos que conheço, aos amigos que não conheço, mas sei que passam por aqui, muito obrigada!
Um beijo! Liana.

Obs: A foto aí de cima, é o seu pedaço "simbólico" do nosso bolo!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Schopenhauer

Olga Drozdova 123 RF

"Aquele que quer ser tudo não pode ser nada".

(Arthur Schopenhauer)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Filosofando

Olga Drozdova 123RF


Vivemos tempos estressados. Os dias voam, compromissos são adiados ou cumpridos. Queremos fazer várias coisas ao mesmo tempo, tudo com muita qualidade. Nem sempre dá certo. Quando não dá, nos frustramos e nos culpamos. Por que precisamos ser tão exigentes conosco?

Por que não podemos ser mais suaves e tolerantes? Tudo bem que apreciamos o perfeccionismo e o equilíbrio, mas temos de lembrar do que é possível e não correr atrás da impossibilidade. Reconhecer isso é um passo a favor da nossa saúde.

Para que tanta pressa? Do que estamos fugindo? De nós mesmos, dos nossos desejos mais secretos? Temos medo de descobrir que não podemos ser aqueles adultos que imaginamos quando adolescentes? Adultos super-ultra-resolvidos? Cá para nós, algum adulto assim existe? Apenas em nossos devaneios idealizados.

Para que tanta ansiedade? O sossego se tornou um perigo? Temos medo de encarar o caos que reside em nós? Por quê? Se esse caos só apenas demonstra que somos humanos e sensíveis. A tranquilidade não nos ameaça, o que nos ameaça são os fantasmas que ainda não exorcizamos.

Somos nossos algozes, muitas vezes. Em outras, projetamos nossos defeitos, nossa fragilidade no outro, e esse outro passa a ser nosso perseguidor. Ledo engano. Somos nós os responsáveis pela nossa vida, pelo caminho que tomamos. Se fizermos isso por alguém, se fizermos por algo que acreditamos, enfim, qualquer coisa que fazemos é por escolha nossa, e se ainda assim achamos que a culpa é do outro, ainda estamos com dificuldade de enxergamos o que há dentro de nós.

O desafio do mundo adulto é reconhecer que não podemos tudo, que precisamos fazer escolhas e isso significa que perdemos algumas coisas para poder ganhar outras. A renúncia faz parte e nem sempre sabemos qual porta abrir. Para estar mais seguro nesse momento, precisamos ser mais amigos de nós mesmos, respeitarmos nosso momento e termos a certeza de que estamos fazendo o melhor que podemos. Que estamos nos entregando à vida e tentando dançar no seu ritmo, tirando o melhor que há nela.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ingrid Betancourt



Li, dias atrás, uma reportagem sobre o livro que Ingrid Betancourt lançou, contando sobre seus seis anos e meio como refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), na selva colombiana. Confesso que li a reportagem em doses homeopáticas, afinal não se trata de um depoimento fictício. Além de verdadeiro, é atual, não aconteceu em séculos atrás, aconteceu no nosso. Pior, ainda há pessoas reféns desse grupo neste momento.

O livro se chama “Não há silêncio que não termine”. Achei o título forte. Seu sofrimento foi narrado nas quinhentas e cinquenta e três páginas, onde o limite humano é apurado. A força que essa mulher teve ao sobreviver a tantas adversidades até ser salva, em 2008, pelo exército colombiano, em uma operação digna de roteiro cinematográfico, é de emocionar.

Por causa dessa emoção e da brutalidade de sua experiência que imagino que não seja um livro para todas as pessoas e nem para todos os momentos. Mesmo quando se trata de ficção, nos sentimos mobilizados, imaginem uma história como essa, ocorrida perto de nós, “ali” na Colômbia?

Se formos capturados pelo livro de Ingrid, creio que poderemos sofrer junto com as páginas, porém teremos um ganho interessante. Seremos testemunha de um calvário, narrado pela vítima, que sobreviveu. Quanto de força há em nós?

Quantas vezes imaginamos determinada situação e com quase certeza dizemos que não vamos conseguir? E se tal situação ocorre, tiramos de letra, ou pelo menos, saímos machucados, porém ainda inteiros?

Não sabemos, na verdade, de nossa real potencialidade de ser. Mediante os acontecimentos externos somos testados e avançamos limites até então bem instalados.

Ingrid viveu uma situação-limite, em que muitos não sobrevivem, infelizmente, mas com certeza quem sobrevive tem uma grande história para contar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dia do Gaúcho

Pessoal, resolvi selecionar algumas músicas tradicionalistas para marcar o feriado de hoje.

http://www.youtube.com/watch?v=U3bRoWpjyhE
http://www.youtube.com/watch?v=KzH1ojB9P6Q
http://www.youtube.com/watch?v=Jb453kIS_Mg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=1lCGPG1D8_s&feature=related

Rio Grande do Sul




Quem é gaúcho ou quem mora no Rio Grande do Sul sabe que dia 20 de setembro é o dia que marca a Revolução Farroupilha, ocorrida entre este dia do ano 1835 até março de 1845. Os grandes nomes do lado gaúcho, entre outros, contra o Império foram: General Bento Gonçalves, Giuseppe Garibaldi, Davi Canabarro e General Neto.

Bem lembrados na série “A Casa das Sete Mulheres”, mesmo que a autora não tivesse a intenção de que a sua obra fosse plenamente fiel à história.

Falando em produção gaúcha, sempre é válido lembrar a principal obra referente a este estado: O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, que, além da trilogia literária, ganhou as telas, em 1985, e foi lançada em DVD há alguns anos. Não há como esquecer as histórias dos Terra e dos Cambará. Ana Terra, Rodrigo Cambará, Bibiana Terra Cambará são alguns dos muitos nomes que marcam esta obra.

Na versão imagem, Tarcísio Meira como Capitão Rodrigo está genial.


“Como o tempo custa a passar quando a gente espera! Principalmente quando venta. Parece que o tempo maneia o tempo” – Érico Veríssimo – O Tempo e o Vento – O Continente.



Para quem está por aqui, bom feriado!



Para quem quer olhar minutos da série “O Tempo e o Vento” – chegada do Capitão Rodrigo Cambará a Santa Fé:

http://www.youtube.com/watch?v=SrMsWLnZKtI

domingo, 19 de setembro de 2010

À espera de investigações


Sergey Sundikov 123RF


Eu tento, juro que tento, ficar calma, mas os escândalos de Brasília me tiram do sério. Sei que não estou sozinha. Por mais que estude o comportamento humano, por mais que a psicanálise me mostre os meandros do inconsciente e do consciente, mesmo que os livros de psicopatologia e a experiência clínica sejam fontes de aprendizagem de sintomas, me permito ficar impactada com a desonestidade de pessoas que estão no poder do nosso país.

Sou cautelosa, compreendo que é necessária uma investigação muito séria, não podemos julgar sem investigar. O que me deixa preocupada são dois aspectos pontuais: primeiro, o órgão que investigará está ligado àquele que é palco do crime; segundo, provavelmente, as mesmas pessoas ligadas ao tráfico de influência, direta e indiretamente ligadas, estarão pelo menos mais quatro anos em Brasília. Assim como o pessoal do mensalão.

Eu fico muito preocupada, muito. Tento me desligar, pensar que as coisas podem não ser tão ruins. Aí descubro hoje que mais um escândalo estourou e dos fortes de novo. E o eleitor? Há aquele que segue iludido, achando que o corrupto é o outro. Há um que não acredita mesmo, acha que é um movimento eleitoreiro (e o mensalão que não foi em época de eleição, o que dizer?). Há aquele que fica estupefato, considera as informações dos escândalos e lembra o caso mensalão. Há aquele que nem quer saber de nada, o que importa é o que ganha nisso tudo. Pode existir o que fica contra tudo, sem nem ter argumentos. Por fim, há o que reconhece todas essas coisas, mas ainda acha que é melhor deixar com está.

Dizem que política e religião não devem ser discutidas. Discordo. Acredito que nós podemos debater com quem pensa diferente, desde que haja respeito mútuo. É importante percebermos que muitas brigas entre eleitores, por exemplo, se dão porque há uma confusão entre a pessoa que defende tal candidato e o próprio candidato. Há razões explícitas e implícitas nas escolhas que fazemos no dia da eleição. Procuro me guiar nisso e consigo aceitar e conviver com pessoas que têm postura completamente contrária a minha. Isso não me deixa brava. Mesmo. O que me tira do sério é a desonestidade.

sábado, 18 de setembro de 2010

Jornal do Brasil

Tatyana Ogryzco 123RF



Meu pai sempre gostou de ler o Jornal do Brasil quando estávamos no Rio. Lembro das páginas balançando na praia ou ainda no hotel, após o café. Longe das férias, na minha casa, havia duas assinaturas de jornais do estado. Provavelmente seu hábito colaborou para que hoje adore o momento de ler o jornal. No fim de semana e quando tenho uma manhã livre, gosto de ler na cama. Quando leio à noite, vai de qualquer jeito, à mesa, geralmente. Um dia sem jornal, é um dia incompleto.

Fiquei surpresa, semanas atrás, quando soube que o modelo impresso do Jornal do Brasil acabou, agora somente pela internet. O que não é uma notícia ruim, jornal de qualidade na internet sempre é bom. Só que precisamos viver o “luto” de não ter mais o jornal impresso, que a gente folheia, dobra, recorta. Claro que estou vivendo esse caso do JB como antecipatório, pensando no meu jornal daqui, e como se um dia todos os jornais deixassem de ter gráfica, será?

Nessa semana, na revista Veja, Lya Luft falou sobre o e-book e a remota chance de deixarem de existir livros impressos. A escritora alega que as novas ferramentas, desde a televisão até a internet, acrescentaram ao nosso cotidiano, sem terem ameaçado o que já existia. Foi assim com a televisão, por exemplo. O rádio não deixou de ter seu espaço.

Tento ficar tranquila com as palavras da Lya e tento esquecer que o DVD aposentou o videocassete e que o Ipod praticamente já aposentou o CD Player. Os jornais talvez daqui a algumas décadas, seguindo os passos já trilhados pelo JB, poderão também deixar de serem impressos. Mas os livros, ah esses não. Ok, JB eu perdoo, mas os livros, de jeito nenhum!



Para quem quer fazer uma visita no “primeiro jornal brasileiro na internet”:


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eu me relaciono, tu te relacionas, eles se relacionam...




Fala-se que devemos casar com nossos melhores amigos, que é melhor casarmos com quem nos faz rir. Além do amor, é claro. Viver uma relação exige cuidado, mais fácil cultivar quando amamos.

Verdade que não é fácil encontrar o outro certo. Após algumas tentativas, conseguimos definir exatamente que pessoa e que relação desejamos.

Há aqueles que formam uma relação “mina enterrada”, estão sempre em guerra, mas é dessa forma que ela se mantém viva. Outro casal possível é aquele tranquilo, que pula as ondas de mão dadas, mas os pés voltam a ficar firmes ao chão. Relacionamento “ioiô” é aquele marcado por términos e retornos repetitivos; estes só têm certeza que se amam no momento da reconciliação. Outra possibilidade é aquele par “estrada”, cada um mora em uma cidade e assim que fica bom. Também tem aquele mais polêmico, um ou ambos trai(em), e talvez seja a procura do outro que faz com que o que trai volte para a casa. Há a relação parasita: um se alimenta do outro. Igualmente, existe a simbiótica, em que o casal se mistura de tal jeito que não dá para distinguir quem é quem.

E há tantas outras formas de viver o amor. Às vezes queremos até mesmo um manual. Como não há, cabe a nós escrevermos o que serve e o que não serve. Cada um com o seu modo de viver tenta buscar um outro que seja quase um reflexo do que se quer.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Os Folclóricos

Daniil Kirillov 123RF


Uma rádio gaúcha lançou uma enquete para seus ouvintes: votar em candidatos folclóricos seria um ato de protesto ou um ato irresponsável? Comecei a pensar com meus botões.

Está certo que temos um número significativo de candidatos a deputados estadual e federal, senadores, governadores e presidentes que não são de levar a sério, mas aquele candidato que aparece de forma burlesca igualmente não deveria ser levado a sério.

Compreendo nossa necessidade de vingança, ao votarmos em pessoas que assumem a palhaçada, ao invés de ficarem escondendo seus narizes vermelhos nos bolsos do paletós, porém cabe a pergunta: quais condições um candidato folclórico tem de realizar as tarefas inerentes ao cargo almejado?

Política não é para qualquer um. A ideia de democracia, governo pelas mãos do povo é mera metáfora. Política é carreira profissional, é necessário compreender os meandros do poder, saber percorrê-los sem se corromper. Cá para nós, deve ser um desafio e tanto, afinal são muitos os parlamentares e governantes que usam mal a posição que ocupam.

Corrupção, tráfico de influências, mentiras, dossiês, invasão de dados pessoais, enfim são variados os meios sujos, típicos de crime organizado que vemos estampados na mídia, presentes na política brasileira.

Além disso, política exige jogo de cintura, isto é, diplomacia. Não se governa responsavelmente um país com ideias fixas e inflexíveis. Ao mesmo tempo em que conciliações são úteis, a manutenção da ética também é importante.

Não julgo os candidatos folclóricos apenas pelo mau gosto ou pela “graça” nos habituais quinze segundos de fala, mas me pergunto como este sujeito irá se comportar a partir do dia de sua posse, quando a seriedade é fundamental.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Lista


Ozkan Deligoz 123RF

Comecei a pensar seriamente em criar uma lista de itens necessários caso o fim do mundo ocorra. Antes que você pense que enlouqueci, explico que fiquei horas sem luz, sem água e sem telefone na minha casa, com um vento super forte que faria não somente a Olívia Palito voar, como Popeye e Brutus, e para completar vi em um mês dois filmes do tipo pós-apocalíptico, ambos já citados aqui no blog: “O Livro de Eli” e “A Estrada”.

Então comecei a pensar na lista, pegue seu lápis e vamos lá:
1. Galões de água

2. Comida

3. Doces

4. Lenços umedecidos

5. Roupas

6. Cobertas

7. Álcool Gel

8. Livros

9. Papel higiênico

10. Óculos de sol

11. Protetor Solar

12. Pilhas

13. Barracas

14. Mochilas

15. Fósforos e isqueiros

16. Palavras Cruzadas (para as horas em que não estiver disputando comida)

17. Lápis e apontadores

18. Fotografias para lembrar como o mundo era, e mais: como você era!

19. Absorventes

20. Giletes (imaginou nossas axilas sem? Eca!)

21. Sabonetes

22. Pasta de dentes

23. Escovas de dente

24. Xampus (no caso de não faltar água)

25. Desodorantes

26. Perfume (podemos estar no fim do mundo, mas que seja com charme!)

Ainda sobre a luz

Foto do filme "A Estrada"


Quando escrevi o texto sobre a falta de eletricidade na minha casa (texto anterior) e descobri, pouco tempo depois que não havia também água nem rede telefônica, lembrei do filme que havia visto na noite anterior: “A Estrada”. É sobre o fim do mundo, um período pós-apocalíptico. Um homem e seu filho se tornam andarilhos sujos e famintos, percorrem prédios vazios, estradas destruídas, dormem em caminhões abandonados, pegam comida e cobertores de pessoas mortas pelo suicídio ou pela falta de assistência. É um filme muito triste e bonito quando trata da relação afetuosa entre pai e filho.

“A Estrada” mobiliza aspectos muito comuns na década de 1980, quando a ideia de um abrigo subterrâneo seria necessário para todos. Neste abrigo teria comida para muito tempo, itens básicos de higiene etc.

Rapidamente, a lembrança do filme veio: meu deus, é o fim do mundo!

Brincadeiras à parte, a gente se dá conta de como somos dependentes, de como podemos virar “bichos” sem água e sem luz.

Velas e água na tina são bonitas no cinema e em uma noite super romântica, no mais, é desconforto em potência máxima.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eletricidade: diferenças nos dois “mundos”




Studio Porto Sabbia 123RF

Eu acho bastante antipático quando escrevem críticas ao lugar em que vive e idealiza outro lugar que esteve. Lógico que há casos e casos. Pretendo escrever aqui um pouco isso, mas sem qualquer intenção de dizer que aqui é muito ruim e que em outro lugar é tudo de bom. Percebo os pontos negativos, positivos e neutros de ambos os lugares. Portanto, não quero parecer antipática.

Fui estimulada a escrever este texto quando faltou luz em minha casa. Por longo tempo. Precisava fazer várias coisas que dependiam de eletricidade. Fiquei esperando, fazer o quê? Bem, coloquei o laptop no funcionamento ótimo da bateria e comecei a escrever.

Perguntem-me quantas vezes faltou luz ou houve sequer uma queda de luz quando morei na Inglaterra. Adivinharam a resposta? Nenhuma! Ontem estava chovendo muito aqui e voltando do trabalho passei por um buraco, aliás, um senhor buraco. Tenho certeza que só não perdi a calota do pneu porque ela é presa a ele, não tem como ela sair, entendem? Aí pensei nas ruas lisas, estáveis, nas manutenções persistentes ao longo das rodovias inglesas.

Não conheci toda a Inglaterra para generalizar, mas o faço para fins de escrita. Como disse, não idealizo aquele país, apenas constato a nossa pobreza.

Os atuais dados do IBGE mostram que somos muito atuais em termos de internet e celulares, por exemplo, e ao mesmo tempo, há milhares de casas sem esgoto. Quê? Como assim? Podemos ficar felizes com a economia estável, mas ainda temos muito que remar até chegar ao patamar do primeiro mundo.

Certamente, quando a luz voltar a minha alegria será a mesma daqueles primeiros homens que descobriram o fogo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Papéis Perdidos






Ao ver o filme “Criação”, que conta o período da vida de Charles Darwin em que ele está por terminar a sua grande obra, “A Origem das Espécies”, pensei em como somos mais tranquilos hoje com computadores, impressoras, internet, backups, máquinas de xerox.

Em uma determinada parte do filme, sabida por todos nós, a obra será publicada, há uma cena, real ou não, pouco importa, em que Darwin entrega um pacote pardo bem embalado ao carteiro que, de carroça, vai de casa em casa pegar e entregar correspondências. Neste pacote pardo, está o resultado de pesquisas feitas por duas décadas, que viria a ser algo revolucionário e que bateria de frente com as teorias religiosas do período.

Quando vi tal cena, pensei: imaginou se o pacote cai da carroça, ou o editor o perde, enfim, quantos acidentes poderiam haver? Onde está a cópia? Cadê o pendrive?

Claro que, a partir de Darwin, comecei a pensar em tantos outros, antecessores e sucessores dele. Shakespeare, Freud, Nietzsche, Kant, Aristóteles, enfim, todos aqueles que continuam existindo através de suas obras e que não tinham as ferramentas que temos hoje.

Mesmo que não possamos estar 100% garantidos, o laptop pode quebrar, o pendrive se perder, mas, no século XXI, temos mais recursos para garantir que o nosso trabalho ganhará materialidade.

Nossos gênios podem dormir sossegados, sem perigo de uma vela cair e prender fogo em papéis importantes, as canetas não mancham mais, não haverá apenas um exemplar do seu trabalho, haverá tantas cópias, bastando ele clicar para a impressora imprimir. Talvez haja menos charme e romantismo, mas o conforto e a segurança compensam a cinzenta tecnologia.

Para concluir, o filme é bastante interessante!

domingo, 12 de setembro de 2010

Perguntas e Respostas

Jody Vrugteveen 123RF
                                                            
"(...) ter paciência com tudo o que há para resolver em seu coração e procurar amar as próprias perguntas como quartos fechados ou livros escritos num idioma muito estrangeiro. Não busque por enquanto respostas que não lhes podem ser dadas, porque não as poderia viver. Pois trata-se precisamente de viver tudo. Viva por enquanto as perguntas. Talvez depois, aos poucos, sem que o perceba, num dia longínquo, consiga viver a resposta."

(Rainer Maria Rilke)

sábado, 11 de setembro de 2010

Inclusão nas escolas: um sonho possível





Pode-se dizer que o filme “Um sonho possível” tem muitos aspectos comuns em filmes americanos. Um jovem de 17 anos sem lar e sem chances na vida tem seu destino completamente transformado a partir do momento em que é “adotado” por uma família. Mesmo que este resumo do filme seja parecido com outros que já vimos nos cinemas, nesse há um ingrediente especial: se trata de uma história verídica do astro do futebol americano Michael Oher.

Não falarei do filme aqui, na verdade, ele é a “catapulta” para tocar em outro assunto. Quem viu o filme sabe que Michael tinha muitas dificuldades cognitivas, ele não conseguia se comportar como os demais alunos na aula. Os professores não teriam qualquer sucesso em sua tarefa de ensinar se não percebessem as particularidades de Michael.

Quando eles começam a ressignificar sua metodologia de trabalho, isto é, quando conseguem sair de suas referências até então, oferecem efetivamente uma oportunidade de Michael aprender.

A inclusão nas escolas brasileiras é lei, desta forma, o que acontece com Michael no filme é o que deveria acontecer dentro de todas as nossas escolas. Uma atenta professora nota que Michael pensa, presta atenção e escreve, só que ele não iria conseguir aprender no mesmo sistema que os demais alunos, assim ela acaba por mobilizar seus colegas para avaliar Michael não apenas em relação ao que a escola exige, mas conforme as próprias peculiaridades de Michael.

O desafio de nossos educadores é vencer a resistência quando afirmam que os alunos devem se adequar às escolas e ponto. O movimento deve ser de mão dupla. Verdade que os alunos devem respeitas as regras escolares e cumprir seus compromissos, porém os professores e demais profissionais da área devem estar preparados para receber alunos que com suas dificuldades podem ficar à margem, deixados de lado e com rótulos pejorativos.

A notícia boa é que a inclusão está cada vez está maior, isto significa que muitos educadores estão seguindo os mesmos passos dos mestres de Michael. Assim, mesmo que esse movimento precise crescer, já podemos pensar que ele é possível.


Para saber mais do filme:

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Landlord

Ionut Dan Popescu 123RF


Quando meu marido e eu fomos embora da Inglaterra, deixamos as chaves do apartamento que alugávamos na caixa de correspondência. O nosso landlord ficou de nos repassar o dinheiro do depósito de garantia adiantado, que é costume naquele país, para servir de segurança, digamos assim, que todas as contas foram pagas, como as de luz, água, essas coisas.

Chegamos ao Brasil divididos. Enquanto meu marido duvidava que o landlord cumpriria sua palavra, eu, mais entusiasmada com o jeito inglês de ser, discordei: acreditava que o dinheiro chegaria até nós.

Bem, ele está chegando. Um amigo inglês que mora no Brasil assumiu o intermédio entre nós e o landlord. Assim, nossa história terá um “happy end”.

O que chama a minha atenção nisso é a nossa “surpresa” quanto ao fato do dono do apartamento que moramos cumprir a sua palavra. Se ele não nos devolvesse o dinheiro, ficaríamos provavelmente acomodados, sem ter o que fazer. Mas não, independente do fato de estarmos em hemisférios diferentes, Mister O. honrou o seu compromisso.

Em período eleitoral, quando exageram em promessas, achei interessante compartilhar uma história em que a palavra vale como deveria valer. Muito.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Coisa de Novela


PaulPaladin 123RF



O jornal “Folha de São Paulo” está com uma enquete cuja questão gira em torno do segredo do personagem Gerson da novela “Passione”. Não acompanho fielmente a novela, mas sei de várias coisas dela. Não sei em detalhes a reação de sua esposa quando descobriu o mistério em seu computador, mas sei que ela ficou estupefata e exigiu que ele se tratasse.

Gerson vai se tratar. Na edição desta semana, a revista “Veja” publicou uma matéria em que o conhecido Flávio Gikovate interpretará ele mesmo na trama e será o terapeuta de Gerson. A ideia, conforme o autor, Sílvio de Abreu, é mostrar a “psicoterapia” tal como ela é, daí contratar um psicoterapeuta de verdade.

Eu não faço ideia do grande segredo de “Passione”, talvez nem o próprio autor tenha a certeza, porém haver um mistério como esse aguça muito o nosso interesse. Nem precisa ser um segredo assim articulado, pode ser algo bem simples, por exemplo, quando um amigo seu liga e diz que precisa conversar contigo sobre um assunto, todavia não pode ser naquele momento, então um encontro daqui a dois dias é marcado. Certamente até chegar este dia, em vários momentos, você se perguntará o que será que “fulano” quer falar.

Há pessoas que são super curiosas; perguntam insistentemente e não aceitam meias palavras. Nesses casos e de modo geral, confesso que sou um pouco “sádica”, não falo muito e minhas respostas são quase monossilábicas. Prefiro falar, contar coisas sem pressão, conforme meu próprio ritmo e desejo.

No caso do personagem Gerson, ele precisa ser questionado, não para se saber apenas o que ele esconde, ou seja, matar a nossa curiosidade. Mas ele deve também ser questionado para se saber se ele realmente precisa de um tratamento para sua angústia (o que parece que sim), e quais as perguntas e as conseqüentes respostas que o levarão à terapia.

A novela levará alguns meses para chegar ao fim. Quando ele chegar, saberemos se a penumbra que o mistério envolve valeu a pena ou foi algo já sabido por nós. Não sei você, mas eu adoro ser surpreendida.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Os homens que não amavam as mulheres





O livro “Os homens que não amavam as mulheres” é o primeiro da trilogia Millennium, cujo autor é o sueco Stieg Larsson, que morreu subitamente em 2004, aos cinquenta anos e não viveu o sucesso de sua obra. Larsson foi um jornalista e ativista sueco. Fundou a revista Expo, onde denunciava grupos neofascistas e racistas. Nas horas vagas começou a escrever romances, seriam dez, porém com sua morte prematura, se tornou uma trilogia, que é um grande sucesso de vendas. Das prateleiras foi para a sétima arte.

O primeiro filme, “Os homens que não amavam as mulheres”, tem produção sueca, dinamarquesa e alemã. O idioma e as paisagens suecos tornam o filme especialmente misterioso e interessante.

A história gira em torno de Mikael Blomkvist, um jornalista contratado pelo milionário e tio de Harriet Varger, para descobrir o que houve com sua querida sobrinha. Se junta a ele, Lisbeth Salander, uma investigadora incomum e cheia de segredos. Ambos vão atrás de pistas para conhecer a verdade sobre Harriet.

O roteiro é bem “redondo”, o título, os personagens e a história fazem sentido, mostrando o cuidado e o talento do seu autor. O diretor dinamarquês, Niels Arden Oplev, tratou de ser fiel ao livro, e assim, satisfazer os milhares de fãs da versão impressa.

Há algumas ressalvas: não é um filme para todo o momento nem para todo mundo por duas razões: são quase duas horas e meia de história em um ritmo predominantemente europeu e, em segundo lugar, há algumas cenas perturbadoras de violência. De qualquer forma, eu sugiro.

Agora é esperar pelos dois próximos filmes: “A menina que brincava com fogo” e “A rainha do castelo do ar”. Enquanto isso, quem sabe não vamos à livraria?


Sobre a trilogia:


Sobre o filme:

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Morte e Vida

Eduardo Sánches Gatell 123RF



Falar da morte é falar da vida. Uma não existe sem a outra. Enquanto vivemos, um de nossos grandes temores é perder as pessoas que amamos. Temos consciência que enfrentamos as perdas desde cedo, mas sem dúvida, o medo de perder as pessoas que amamos é a mais difícil perda que temos.

Na psicanálise, se usa a expressão “elaborar o luto”, indicando o processo em que nós precisamos digerir a ausência da pessoa amada, pelo menos fisicamente. Passado a fase do luto, a vida segue seu rumo rotineiro, porém, quem já perdeu alguém amado sabe que de vez em quando a ferida causada pela morte sangra e precisamos trocar os curativos.

Costumo usar essa metáfora não apenas para mim, mas para os pacientes que atendo, perder alguém é como ter uma ferida aberta, colocamos curativo e tudo parece menos doloroso até que novamente, um tempo depois, se faz necessário trocar a gaze e o esparadrapo, estancar o sangue.

Conviver com a ausência é viver a lembrança, se ater à memória para atualizar a vontade de estar junto de quem se foi. Perceber a nossa mortalidade e a do outro significa buscar viver melhor, se dar conta que nosso tempo aqui é curto perto de nossas infinitas intenções. Como disse, falar da morte é falar da vida. Não devemos temer nem uma nem outra, mas sim aceitar seus fluxos e suas vontades que são maiores que nossa capacidade de compreensão.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Amor Canino

Foto: PrensAnimalista



Em Monte Cristo, província de Córdoba, na Argentina, uma história semelhante ao do filme “Sempre ao seu lado” acontece. Um cachorrinho batizado de Alicio espera fielmente seu dono, que foi internado há oito meses em uma clínica. O detalhe é que o dono do cão faleceu e há oito meses o amoroso cão o espera.

A população, comovida, dá comida e carinhos ao leal cãozinho, que bastante sociável, agradece com balanços da cola. Todavia, Alicio não abre mão de seu dono. Já foram várias as tentativas de adoção, nada funciona, Alicio foge e volta à porta da clínica Monte Cristo, onde seu melhor amigo esteve pela última vez.

Alicio já apareceu na televisão e nos jornais, além de ter sua própria página no Facebook, criada, claro, pelos seus fãs.

Veja o vídeo:


Veja o facebook:

domingo, 5 de setembro de 2010

Fim do Mofo


Tatyana Ogryzko 123RF


Na minha cidade, choveu muito nos últimos dias. Nos dias apenas nublados, a umidade estava altíssima, contrariando a situação em outros estados brasileiros que sofrem com o clima bastante seco.

Sabemos que o ideal seria um pouco da nossa umidade para os lugares secos e vice-versa. Assim, todos ficaríamos satisfeitos. Nã-nã-ni-na-não, sem possibilidades.

Voltando ao meu caso: ontem a chuva parou. Roupas para lavar, varal balançando com vento, janelas abertas.

Hoje o dia ainda foi mais bonito, céu azul, com poucas nuvens.Vi-me sentada no pequeno jardim da minha casa lendo, olhei para o lado estava uma manta, um pequeno cobertor colocado, por mim, ao sol para secar um pouco. Na superumidade pelotense, as coisas guardadas facilmente ficam com “cheiro de guardado”.

Desta maneira, me dei conta que não era apenas o leve cobertor que “secava”. Também eu estava ali, com partes do corpo ensolaradas, tirando não apenas o “mofo” dos últimos dias chuvosos, mas ventilando ideias e desejos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Transplante de Medula Óssea




Transplante de Medula Óssea



Mariana Cuervo Eidt, de 27 anos e moradora de Santa Cruz do Sul (RS), descobriu em janeiro de 2009 que estava com leucemia linfóide aguda. Tratou-se por oito meses e parecia que havia tido sucesso.No último dia 25 de agosto, Mariana foi para o hospital, a internação foi necessária porque a doença voltou. Ela necessita com urgência fazer um transplante da medula óssea e para isso, depende de um doador compatível. Se isso não acontecer, ela fará um tipo de cirurgia que tem 1% de chance de dar certo. Seu marido, familiares e amigos começaram uma campanha para encontrar um doador. Há um prazo de três meses para ela poder fazer tal cirurgia com o doador compatível. O relógio está correndo.

Apesar de a situação ser triste, afinal ninguém gosta de ficar doente, há uma beleza nesse cenário, o amor que estimula o marido de Mariana a se dedicar quase 20 horas por dia para mobilizar pessoas do Brasil e do mundo a fazer o cadastro, além de todas as outras pessoas que participam dessa mobilização. Emociona-nos o fato de tantas pessoas estarem unidas por uma mesma causa. E uma causa tão nobre.

Não basta desejarmos sorte e saúde à Mariana, devemos fazer mais. Repassar para nossos contatos e fazer o cadastro no hemocentro de nossa cidade não serão apenas um ato solidário como também um ato de amor.



Mais informações:



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Reeducação Alimentar


Tatyana Ogryzko 123RF



Não está fácil se alimentar bem nos dias de hoje. Somos atravessados por úteis informações acerca dos benefícios do mamão, da soja, da linhaça, da granola e dos males da fritura, do sal, do açúcar. O conflito se dá quando precisamos abandonar os maus hábitos, que provavelmente nos acompanham há tempos, e aderir a uma vida mais saudável, sem briga com a balança ou com o mau colesterol.

A obesidade, infantil e adulta, é uma preocupação médica. O estresse, principalmente nas grandes cidades, é outro fator agravante para uma alimentação não saudável. A valorização social da magreza, do culto a um corpo perfeito colaboram para a ansiedade crescer. Dietas malucas ou remédios-venenos se proliferam na internet. Quase todo mundo quer um milagre: comer e não engordar. E isso, infelizmente, ainda não foi inventado.

Então, dá-se uma escolha: você quer emagrecer e, para isso, renuncia a alguns prazeres, ou você quer manter as gordurinhas e saborear as delícias gastronômicas? É possível unir um pouco de um e de outro: basta comer coisas gostosas em pouca quantidade. Pronto, este é o segredo, mas se sabemos disso, por que é tão difícil?

Porque queremos mais que a quantia recomendada. São quatro colheres de sopa de arroz. Queremos dez. É um bife e sem batatas fritas, mas as batatas piscam para nós. Deixar no prato estas amarelinhas é quase um abandono afetivo.

Para que possamos comer bem e não engordar, necessitamos decidir o que efetivamente queremos, assumir os dissabores de nossa decisão e ir em frente. Até que a atitude comece, leva um tempo para amadurecer e também compreender o que está por trás dessa vontade de comer. Desordem orgânica? Aflições profissionais? Desilusão amorosa? Perda de alguém querido? Mudança brusca em algum setor da vida? São, portanto, muitas as coisas que nos fazem regredir para a oralidade, fase que vivemos na primeira infância, em que o prazer vinha unicamente pela boca. Mesmo na idade adulta, em que temos a gratificação por diversas áreas, a comida pode servir como um conforto, um consolo por algo que não está tão bem ou até está, mas a gente ainda tem medo, por exemplo.

A gula existe por dezenas de razões. Encontrando a nossa, podemos nos aproximar do equilíbrio alimentar, em que a comida não esteja acompanhada da culpa ou do castigo. Comer deve, ao mesmo tempo, ser uma necessidade do organismo e um ato de prazer.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Palavras que convidam


Daniil Kirillov 123RF

O Convite

(Oriah Mountain Dreamer)

Não me interessa saber como você ganha a vida. Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer os anseios do seu coração.

Não me interessa saber sua idade. Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua. O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua tristeza, se as traições da vida o enriqueceram ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor. Quero saber se você consegue conviver com a dor, a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la.

Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, a minha ou a sua, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos, sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas, que nos lembremos das limitações da condição humana.

Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira. Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo. Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma, ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança.

Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita, e fazer dela a fonte da sua vida.

Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu, e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: “Sim!”

Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar seus filhos.

Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui. Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar.

Não me interessa onde, o que ou com quem estudou. Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona.

Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo e se nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia.