terça-feira, 7 de setembro de 2010

Morte e Vida

Eduardo Sánches Gatell 123RF



Falar da morte é falar da vida. Uma não existe sem a outra. Enquanto vivemos, um de nossos grandes temores é perder as pessoas que amamos. Temos consciência que enfrentamos as perdas desde cedo, mas sem dúvida, o medo de perder as pessoas que amamos é a mais difícil perda que temos.

Na psicanálise, se usa a expressão “elaborar o luto”, indicando o processo em que nós precisamos digerir a ausência da pessoa amada, pelo menos fisicamente. Passado a fase do luto, a vida segue seu rumo rotineiro, porém, quem já perdeu alguém amado sabe que de vez em quando a ferida causada pela morte sangra e precisamos trocar os curativos.

Costumo usar essa metáfora não apenas para mim, mas para os pacientes que atendo, perder alguém é como ter uma ferida aberta, colocamos curativo e tudo parece menos doloroso até que novamente, um tempo depois, se faz necessário trocar a gaze e o esparadrapo, estancar o sangue.

Conviver com a ausência é viver a lembrança, se ater à memória para atualizar a vontade de estar junto de quem se foi. Perceber a nossa mortalidade e a do outro significa buscar viver melhor, se dar conta que nosso tempo aqui é curto perto de nossas infinitas intenções. Como disse, falar da morte é falar da vida. Não devemos temer nem uma nem outra, mas sim aceitar seus fluxos e suas vontades que são maiores que nossa capacidade de compreensão.

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