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Eu tento, juro que tento, ficar calma, mas os escândalos de Brasília me tiram do sério. Sei que não estou sozinha. Por mais que estude o comportamento humano, por mais que a psicanálise me mostre os meandros do inconsciente e do consciente, mesmo que os livros de psicopatologia e a experiência clínica sejam fontes de aprendizagem de sintomas, me permito ficar impactada com a desonestidade de pessoas que estão no poder do nosso país.
Sou cautelosa, compreendo que é necessária uma investigação muito séria, não podemos julgar sem investigar. O que me deixa preocupada são dois aspectos pontuais: primeiro, o órgão que investigará está ligado àquele que é palco do crime; segundo, provavelmente, as mesmas pessoas ligadas ao tráfico de influência, direta e indiretamente ligadas, estarão pelo menos mais quatro anos em Brasília. Assim como o pessoal do mensalão.
Eu fico muito preocupada, muito. Tento me desligar, pensar que as coisas podem não ser tão ruins. Aí descubro hoje que mais um escândalo estourou e dos fortes de novo. E o eleitor? Há aquele que segue iludido, achando que o corrupto é o outro. Há um que não acredita mesmo, acha que é um movimento eleitoreiro (e o mensalão que não foi em época de eleição, o que dizer?). Há aquele que fica estupefato, considera as informações dos escândalos e lembra o caso mensalão. Há aquele que nem quer saber de nada, o que importa é o que ganha nisso tudo. Pode existir o que fica contra tudo, sem nem ter argumentos. Por fim, há o que reconhece todas essas coisas, mas ainda acha que é melhor deixar com está.
Dizem que política e religião não devem ser discutidas. Discordo. Acredito que nós podemos debater com quem pensa diferente, desde que haja respeito mútuo. É importante percebermos que muitas brigas entre eleitores, por exemplo, se dão porque há uma confusão entre a pessoa que defende tal candidato e o próprio candidato. Há razões explícitas e implícitas nas escolhas que fazemos no dia da eleição. Procuro me guiar nisso e consigo aceitar e conviver com pessoas que têm postura completamente contrária a minha. Isso não me deixa brava. Mesmo. O que me tira do sério é a desonestidade.
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