quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Reeducação Alimentar


Tatyana Ogryzko 123RF



Não está fácil se alimentar bem nos dias de hoje. Somos atravessados por úteis informações acerca dos benefícios do mamão, da soja, da linhaça, da granola e dos males da fritura, do sal, do açúcar. O conflito se dá quando precisamos abandonar os maus hábitos, que provavelmente nos acompanham há tempos, e aderir a uma vida mais saudável, sem briga com a balança ou com o mau colesterol.

A obesidade, infantil e adulta, é uma preocupação médica. O estresse, principalmente nas grandes cidades, é outro fator agravante para uma alimentação não saudável. A valorização social da magreza, do culto a um corpo perfeito colaboram para a ansiedade crescer. Dietas malucas ou remédios-venenos se proliferam na internet. Quase todo mundo quer um milagre: comer e não engordar. E isso, infelizmente, ainda não foi inventado.

Então, dá-se uma escolha: você quer emagrecer e, para isso, renuncia a alguns prazeres, ou você quer manter as gordurinhas e saborear as delícias gastronômicas? É possível unir um pouco de um e de outro: basta comer coisas gostosas em pouca quantidade. Pronto, este é o segredo, mas se sabemos disso, por que é tão difícil?

Porque queremos mais que a quantia recomendada. São quatro colheres de sopa de arroz. Queremos dez. É um bife e sem batatas fritas, mas as batatas piscam para nós. Deixar no prato estas amarelinhas é quase um abandono afetivo.

Para que possamos comer bem e não engordar, necessitamos decidir o que efetivamente queremos, assumir os dissabores de nossa decisão e ir em frente. Até que a atitude comece, leva um tempo para amadurecer e também compreender o que está por trás dessa vontade de comer. Desordem orgânica? Aflições profissionais? Desilusão amorosa? Perda de alguém querido? Mudança brusca em algum setor da vida? São, portanto, muitas as coisas que nos fazem regredir para a oralidade, fase que vivemos na primeira infância, em que o prazer vinha unicamente pela boca. Mesmo na idade adulta, em que temos a gratificação por diversas áreas, a comida pode servir como um conforto, um consolo por algo que não está tão bem ou até está, mas a gente ainda tem medo, por exemplo.

A gula existe por dezenas de razões. Encontrando a nossa, podemos nos aproximar do equilíbrio alimentar, em que a comida não esteja acompanhada da culpa ou do castigo. Comer deve, ao mesmo tempo, ser uma necessidade do organismo e um ato de prazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário