quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Neymar

Robert Pasti 123RF




Os “meninos da vila”, isto é, do Santos, arrancaram muitos sorrisos. Neymar, Ganso e Robinho não apenas jogavam bem, mas driblavam de forma travessa e, ainda, dançavam. Divertiam-se em campo. Robinho, em agosto, foi para o Milan. Ganso está lesionado. Ficou Neymar.

Neymar nasceu em 1992. Tem 18 anos. Talvez possamos responsabilizar sua tenra idade pelos atos mal-educados que fez nas últimas semanas. Foi multado e afastado do time. O técnico Dorival Jr. foi demitido.

É preciso dizer que Neymar teve um convite milionário para jogar no Chelsea, na Inglaterra. Negou. Ficou no Santos, onde é ídolo da torcida.

Não entrarei em detalhes do que Neymar fez. Só nos importa saber que ele desrespeitou o técnico. Jogou de cabeça quente, foi irresponsável e inconsequente.

Ele tem 18 anos, mas sua responsabilidade e seu salário exigem uma postura madura. Para isso, ele necessita de suporte, principalmente da família, para lidar com suas angústias e com o peso da fama.

Não temos dúvidas que ser famoso, como quase tudo na vida, tem dois lados. Por um lado, é bacana ser reconhecido, ainda mais craques do futebol, pois muitos deles superaram um prognóstico social negativo. Por outro lado, você precisa ter muita prudência, humildade e clareza da situação que vive. Não é nada fácil.

Após a rebeldia, Neymar em entrevista coletiva, desculpou-se com o técnico e com os jogadores. Não foi suficiente para apagar o fato. Dorival manteve seu castigo de deixá-lo no banco. Neymar pagou sua multa, em torno de 48 mil reais (30% do seu salário).

Dias atrás, os dirigentes do Santos demitiram Dorival. O que significa isso? Podemos tentar uma leitura da seguinte forma: um aluno foi agressivo em sala de aula, desrespeitou a professora. Foram para a diretoria. Inicialmente, a professora teve apoio da direção. Depois, ao reconhecer a importância daquele aluno, em termos financeiros, se decide que é melhor a professora encontrar outro lugar para trabalhar. E aí, o que pensa o aluno? Que ele pode fazer o que bem entende, pois tem nas mãos a direção da escola.

A grande questão neste episódio do Santos é que ele reflete o que muitas famílias vivem e por diversos motivos: a dificuldade de estabelecer limites. A direção, ao passar a mão na cabeça de Neymar, está transmitindo a mensagem “Neymar, faça o que você quiser”. Isto é ruim para o jogador, para o time e para o futebol em si.

As regras, não apenas as futebolísticas, existem, porque elas norteiam, dão limite ao jogo, às relações que há entre as pessoas. Sem o respeito a essas regras, sobra o caos. Neymar, por sua idade, pelo que representa ao futebol hoje, precisa de alguém que coloque seus pés no chão. E era isso que Dorival tentava fazer.

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