quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Começar de Novo


Ionut Dan Popescu 123RF

Está na mídia uma campanha do Conselho Nacional de Justiça chamada “Começar de novo”. Tal projeto visa sensibilizar os órgãos públicos e a sociedade civil para sustentar um programa que visa oferecer propostas de trabalho e cursos de capacitação às pessoas que cumpriram pena judiciária. Além disso, há a busca da diminuição da reincidência criminal.

Assunto complicadíssimo, porque acredito que todos desejamos que o sistema penitenciário não se resuma a um depósito de pessoas não gratas à sociedade, mas sim que seja um período de punição e de chance para se poder sair da criminalidade. Que a sentença seja o fim da vida bandida e não um tempo de espera para o recomeço de outras atividades ilegais.

Muitos que ocupam as vagas mais que lotadas dos nossos presídios possuem poucas chances de se livrar do ciclo crime-prisão-crime, por questões individuais e sociais. Todavia, uma parcela deste público tem a capacidade de alterar seu destino estigmatizado ao ter algemas em seus pulsos.

É a todos esses que têm vontade de se sentirem ressocializados, que a campanha se destina. Para os que continuam a se sentir completamente ignorados e não vêem vantagem em uma tentativa de entrar “na linha”, esta campanha não alcança.

Pensando agora nas instituições públicas e em nós, a sociedade, várias questões se colocam: como é possível acreditar que aquela pessoa condenada, que cumpriu sua pena, não cometerá outro crime? Como é possível diminuir o estigma do ex-presidiário? Como podemos vê-los como pessoas que erraram e pagaram por seu erro e que, portanto, merecem uma segunda chance?

Não estou por dentro dos detalhes de tal campanha, porém acredito na sua importância. O sistema penitenciário brasileiro exige medidas urgentes de mudança. Todos sabemos disso, mas fingimos que não é conosco, como se aqueles que lá estão fossem muito diferentes de nós.

Podemos nunca ter cometido delitos, mas já erramos e muitas vezes foram nos dadas segundas chances. Por que não também eles terem as suas?

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