sábado, 14 de novembro de 2009

Te perdoo?


Ionut Dan Popescu 123RF

Perdoar a vida significa aceitar seus movimentos. Perdoar o outro significa o quanto somos capazes de lidar com a falha alheia e como conseguimos costurar a ferida causada por ele. Portanto, depende de quem é o outro e que mal foi feito.

Acredito que há erros que podem ser perdoados e há aqueles mais difíceis de perdoar. Lembro do filme “Frida”, em que a pintora, em uma discussão com seu marido, Diego Rivera, coloca em questão a diferença entre fidelidade e lealdade. Talvez por aí seja possível pensar a respeito do perdão.

Se formos ao dicionário, os dois termos são sinônimos, ser fiel é ser leal e vice-versa. Todavia, a ideia de Frida, que pego emprestada aqui, é que a lealdade seria superior à fidelidade. O casal de pintores foi conhecido por seus diversos casos extraconjugais, o que gerava brigas e ciúme, mas também eram tolerados por ambas as partes.

O golpe fatal foi quando Rivera transa com a irmã de Frida. Aí ela o acusa de ter agido deslealmente. Ele poderia transar com outras mulheres, que a sua lealdade à esposa estava intacta.

Com esse exemplo do cinema, e talvez da vida real, quero dizer que há erros de amigos, de parceiro(a) e familiares que perdoamos, que podem nos atingir; todavia conseguimos superar. Há outros, ao contrário, que quebram, racham um relacionamento. Tudo vai depender de como você construiu seu sistema de tolerância.

Frida, tão convicta em não perdoar Rivera, acaba, tempo depois, voltando para o casamento com o pintor. Como se faz isso? Como se perdoa? Talvez ajude, se colocar no lugar do outro e lembrar às vezes, se é que houve alguma, em que você deu a mesma mancada. Quantas vezes podemos ter feito algo que magoou o outro e foi completamente sem querer? Ou quantas vezes podemos machucar o outro e nos arrepender disso? Ou ainda, quantas vezes podemos ferir o outro, saber disso e querer simplesmente esquecer porque não mais importa?

Talvez respondamos a essas perguntas com nenhuma vez ou uma vez ou mais vezes. De qualquer maneira, é interessante nos colocarmos como réus quando estamos no lugar de juízes.

Não acho que tudo seja permitido e vamos nos dar as mãos. Penso que há limites do quanto conseguimos nos sentir respeitados e do quanto o outro passou da medida e devemos reagir a isso, da forma que der. Por outro lado, penso que às vezes podemos perdoar de olhos fechados, basta termos os olhos bem abertos para quem é o outro, seu papel em nossa vida e, principalmente, para quem somos nós.

2 comentários:

  1. Está cada vez melhor.Sou tua fãde carteirinha.Onde tiras tantas idéias?Tou cada vez mais encantada.Bjs.

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  2. Amada: thank you, thank you, thank you....
    Quantas vezes já comentamos sobre esse episódio da Frida...
    E quando eu me deparar com uma situação dessas de novo - porque com certeza há de acontecer, afinal, é a vida acontecendo - venho aqui e leio teu texto outra vez, porque ele dá esperanças de que nem tudo está perdido, ele é acima de tudo, otimista!
    Beijão minha amiga!

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