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O terremoto ocorrido, nesta semana, no Haiti nos faz pensar o quanto somos frágeis e como podemos ser pegos de surpresa. Terremotos não podem ser previstos, assim como quase tudo na vida. Podemos planejar, imaginar, testar, mas na hora “H” tudo pode mudar e não acontecer como o esperado.
Naquele dia 12 as pessoas estavam seguindo sua rotina de miséria em um país castigado, com altos índices de desemprego, de analfabetismo, de más condições de higiene, de violência etc. Com a ajuda da ONU, os militares brasileiros realizam um importante papel, o país estava melhorando sua condição, que ainda assim estava longe de ser a ideal.
O que acontece? Um sismo com 7 graus na escala Richter, classificado como “grande”, destrói boa parte da já então precária situação da capital do país, Porto Príncipe. Como vimos em fotos e pelos telejornais, a cena parecia de filme: tudo destruído, concreto por todos os lados, pessoas vagando sem destino, sangue e cheiro da morte, isto é, cheiro de corpos em putrefação.
Todos os sentidos parecem invadir os haitianos e estrangeiros que lá estão: pela visão, a destruição, pelo olfato, o odor fétido das vítimas, pela audição, os choros, pelo paladar, a sede e a fome e, finalmente, o tato, em que há poucas coisas inteiras para tocar.
Mesmo que nos esforcemos e consigamos imaginar tal caos, não saberemos exatamente como é viver esta experiência, porque ela é tão limite que não conseguimos alcançá-la em sua plenitude. As pessoas perderam suas casas, suas vias já restritas de subsistência, familiares e amigos. Além disso, com a sede e a fome, tudo se agrava.
Tal evento me fez lembrar o livro “Ensaio sobre a Cegueira”, de Saramago. Um caos, uma terra sem leis, um período de crise extrema e que infelizmente não é fruto da imaginação de um escritor. Aconteceu, perto de nós, em nosso continente, sem aviso e deixando escombros por todos os lados, não apenas de tijolos e de corpos, mas também de almas.