domingo, 24 de janeiro de 2010

Do “amor” à tragédia


oleksiy 123RF


Nesta semana, vi uma cena chocante na televisão. Talvez vocês também tenham-na visto. Uma mulher de 32 anos, separada do marido de 30, foi à delegacia de polícia oito vezes por causa de ameaças de morte feitas pelo ex-companheiro.

Ela possuía um salão de beleza, com distância de 50 metros de onde trabalha o ex como borracheiro. A fim de mantê-lo longe e se sentir mais protegida, instalou uma câmera no salão.

O casamento de cinco anos acabou de forma trágica. Ele chegou ao trabalho da cabeleireira, com um revólver na mão e disparou, à queima roupa, sete vezes contra aquela que dizia amar e que não podia suportar a separação.

Não conheço o rapaz para falar sobre sua personalidade e não pretendo fazer uma especulação maior sobre sua história de vida e agressividade. Não tenho dados suficientes para fazer uma análise apurada sobre como foi o casamento deles e como ambos se relacionavam.

O que me fez pensar foi a violência contra a mulher. A violência doméstica, que comumente é surda-muda. Ninguém fala e ninguém quer ouvir. Principalmente nas classes média e alta. Por terem ampla condição de socorro, conseguem mascará-la com mais sucesso.

Vergonha, medo, dependência emocional ou econômica acompanham as dores físicas e psicológicas das mulheres que sofrem abusos de seus companheiros. A mulher, para estes homens, é uma posse, é um objeto que pertence a eles, a ninguém mais e nem à vida. Eles necessitam ter controle sobre elas tal é o déficit de seu desenvolvimento afetivo.

O machismo que alimenta a dominação masculina, inferiorizando as mulheres, e pasmem, muitas vezes quem segura a colher de “comida” é a própria, pode corroborar para que o sujeito levante a mão sem notar o quão errada está a sua posição.

Claro que não é um aspecto inteiramente cultural. Há também aqui elementos da personalidade. No entanto, a mulher ainda está situada em uma posição frágil. Menos vulnerável do que antigamente, ainda bem, mas a voz feminina ainda não está igualada à masculina.

E estes homens que se julgam donos de suas companheiras perseguem, torturam psicologicamente e podem chegar às vias de fato simplesmente por não conseguirem ver sua mulher, ver como pessoa e respeitá-la como tal. Veem um ser que está à sua disposição, como uma escrava sem direito a desejos e decisões. Tais homens são tão fracos que precisam usar a força da irracionalidade com aquelas que pensam amar.

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