segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Clarice


Studio Porto Sabbia 123RF


Na edição do jornal Zero Hora de sábado (23/01), no caderno Cultura, há uma reportagem especial sobre Clarice Lispector. O mote é a biografia lançada recentemente sobre a escritora, cuja autoria é do americano Benjamin Moser. O interesse do jornalista e escritor nasceu quando, desistindo de aprender mandarim, foi para as aulas de português. Nestas ocorreu o encontro com a escritora ucraniana de nascimento e brasileira de vida. Desde então, ele não sossegou com a ideia de que a vida de Clarice e sua obra deveriam ser conhecidas fora do Brasil.

A escritora gaúcha Cíntia Moscovich escreveu um texto muito interessante nesta matéria sobre a obra de Clarice. Ela fala que mesmo para os leitores mais especializados, às vezes a linguagem de Clarice pode ser dura, difícil e com muitos sustos. A linguagem é uma ferramenta utilizada com maestria em seus textos. Assim, ela fala de disponibilidade intelectual para começar um livro da escritora intimista.

Iria além, não apenas disponibilidade intelectual seria necessária para segurar uma obra como a de Lispector. Também é fundamental ter disponibilidade afetiva, isto é, segurar as mobilizações que geram as palavras “lispectorianas”. Clarice mexe e se você está em um momento não propício à entrega, não conseguirá ir além das primeiras páginas.

Clarice, como gosto de dizer, te pega pela cintura. Convida-te para um universo comum, porém apresentado de maneira incomum. Com palavras e formas de narrativas intimistas que tocam forte em nosso psiquismo.

Solidão, medo, a busca por sentido, a loucura, o cotidiano são trabalhados em seus livros e nos identificamos claramente com sua proposta, o que não significa que isso seja fácil. Dói, porque Clarice, com sua límpida percepção da vida e do humano, nos coloca frente a frente com o que nem sempre conseguimos ver.

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