segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Comparações


Daniil Kirillov 123RF

Sofremos comparações desde que nascemos. Ao nos visitarem, ainda na maternidade, uma avó, um tio ou qualquer outra pessoa falam: “parece com o pai”, “o fulaninho também nasceu com esse peso” e assim vai.

Na família, podemos ser comparados com irmãos ou primos, na escola, com os colegas de classe, na turma, com amigos. A comparação é uma atividade derivada da nossa necessidade de familiaridade.

Temos dificuldades em lidar com o desconhecido, com o que não sabemos. Assim, ao dizer que somos parecidos ou não com alguém, significa colocar tanto esse alguém como nós em um mesmo grupo.

A coisa complica quando as comparações são demasiadas, e ainda fica mais difícil quando feitas por nós mesmas. Esquecemos quem somos e apenas usamos as comparações para tentarmos ser quem “deveríamos” ser ou quem pensamos que somos.

Comparar faz parte de algumas confirmações que necessitamos. Sou mais baixa que fulana e que beltrana, talvez eu tenha baixa estatura. Entendem? Mas há comparações que atrapalham nossa autoimagem, fazem esquecer qual é o nosso jeito de ser e a nossa história.

Isso é fundamental. Antes de qualquer pequeno sentimento de fracasso ou ficar brava consigo, porque poderia fazer diferente ou mais, pense se isso que você almeja tem a ver com seu estilo de vida.

Eu não vou sair para correr às 5 da manhã, porque eu não consigo dormir às 22h ou dormir poucas horas por noite. É perda de tempo sofrer por esse hábito que não posso ter, quem sabe correr no fim da tarde?

Eu posso admirar um promotor com excelente oratória no tribunal, mas não posso querer também sê-lo se o que me fascina mesmo é a matemática. Eu não posso simplesmente pegar a receita alheia e querer aplicá-la em mim.

Eu sou uma pessoa, com uma história, com sentimentos, expectativas e pensamentos próprios. Os outros podem me ajudar a ver as coisas de outra maneira, podem me dar boas ideias para me renovar, mas querer o que funciona com o outro pode não ser um bom caminho. Pode ser perda de tempo e quem sabe, preguiça de descobrir qual é a sua no mundo.

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