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Li na revista inglesa “Psychologies” uma matéria sobre pequenas infidelidades entre casais. Não se trata de se relacionar amorosamente com outra pessoa, o que seria uma grande infidelidade. Estas são diminutas, porque aparentemente não causariam a mesma sensação de descobrir que seu par tem um/uma amante.
Quais são as pequenas infidelidades comentadas na reportagem? Esconder do cônjuge que está fumando cigarros ou bebendo, omitir que está perdendo ou ganhando dinheiro em apostas e, por fim, quando ocorre um laço emotivo com outra pessoa, como um terapeuta, para seguir no exemplo da reportagem.
Em todos os casos, há depoimentos de homens e mulheres sobre suas infidelidadezinhas. Todas essas “confissões” simbolizam acontecimentos conjugais que podem ou não mobilizar crises e sentimentos tristes e desconfiados.
Dentre as possibilidades de ser minimamente infiel destacaria a ligação afetiva com outra pessoa. Certa vez li em uma revista, que não lembro o nome, sobre uma pesquisa realizada a respeito da infidelidade, cujo resultado foi que para os homens a traição sexual seria mais terrível que a emotiva, ao contrário das mulheres.
Assim, um homem pode sentir ciúmes de amantes ou de ex muito pela questão do sexo. Enquanto a mulher pode se sentir enciumada não exclusivamente por isso, mas sim se sabe que seu par tinha uma excelente amizade com uma ex ou até mesmo com um amigo ou amiga que ela sabe que seu namorado ou marido tem especial afinidade.
A pesquisa generaliza. Pode não fazer sentido para muitas, muitas mulheres, mas suspeito que esse resultado seja interessante, porque ele tem a ver com a ideia de que nós, mulheres, devemos/somos permissivas com as traições masculinas.
A construção cultural de que os homens possuem uma sexualidade escorregadia ainda existe e muitas de nós continuam a exercer o papel complementar de seguir o grupo “homem é tudo igual”. Homens e mulheres são diferentes, mas não me venham com essa lorota de que o homem trai e pronto, que é da “natureza masculina”.
Grandes e pequenas infidelidades podem fazer parte de cotidianos de vários casais e cada um deles construirá o sistema de tolerância entre um tipo e outro. O que vale considerar é a possibilidade de dialogar em busca de uma linguagem própria e não apenas de uma reprodução automática que não vale mais.
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