terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Em suas mãos


Daniil Kirillov 123RF

Ter as rédeas da vida sob nossas mãos não é nada fácil. Não parece mais cômodo e simples delegar nossas escolhas e decisões a outrem? Encontrar justificativas até plausíveis, mas baseadas em necessidades alheias? Não parece menos angustiante responsabilizar o outro por desejos pelo quais não lutamos ou fracassamos?

Qual é a vantagem, então, de ter autonomia na sua vida? Os prós de se expor aos erros e aos acertos da vida é a simples e reconfortante sensação de jogar limpo, consigo e com o próximo. Sem jogatina. Relações afetivas com os sentimentos no lugar, sem colocar o seu “lixo” na “lata de lixo” do outro, ou ainda mais: suas experiências no baú do outro.

Afinal de contas não é nada justo atribuir ao outro a responsabilidade que deveria estar em suas mãos, em nenhuma outra mais. Sabe por quê? Porque um dia essa conta, provavelmente chegará, e acredite não será barata.

Percebo muitas falas de pessoas que justificam suas não realizações por causa de alguém ou de um fato. Acredito que em determinadas ocasiões isso pode ser realmente decisivo. Todavia, na maior parte do tempo, é conversa fiada.

A pessoa ficou com medo ou preguiça de tentar ou de continuar tentando, ou meramente aceitar que não conseguiu, e resolveu encontrar conforto culpando alguém ou a sociedade ou o governo ou a vida. Sempre é um bom conselho consultar o espelho. Podemos ser nós os únicos responsáveis.

Com isso, não quero afirmar que devemos ser egoístas e viver a partir do nosso umbigo. Acho maduro que muitas vezes tenhamos de decidir contra nossa vontade, pela instituição do bom senso. Mas isso não abre espaço para eu culpar algo ou alguém por nada. Eu devo decidir, porque acredito que é o melhor a ser feito, apesar da minha vontade ser contra.

Quando crianças, nossas pretensões são intermediadas por nossos pais. Isso acontece, porque pouco sabemos do funcionamento das coisas, temos pouca bagagem de experiências e, comumente, vivemos em um mundo encantado, pertencente à infância. Esse universo é desfeito à medida que crescemos, apesar de ainda vários adultos continuarem agarrados a ele, sem conseguir ter suas vidas em suas mãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário