terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lealdade




Assisti ao filme “Sempre ao seu lado”, com Richard Gere. A história é baseada em fatos reais e gira em torno do cachorro da raça Akita, chamado Hachiko, o Hachi, e seu dono, o personagem de Gere.

Fazia muito tempo que não via filme sobre cachorro. Não vi “Marley & Eu”, por exemplo, que foi sucesso de bilheterias. Filmes de cachorros nunca me chamaram a atenção, não que eu não admire algumas das características caninas, mas sempre preferi os gatos.

Ainda bem que fui ver “Sempre ao seu lado”. A perspectiva do filme está na do cão e não na de seu dono e isso me pareceu interessante, muito interessante. A história real ocorreu no Japão. Hachi, como era chamado, foi adotado por um homem que o achou na estação de trem de sua cidade.

Todos os dias, Hachi acompanha seu dono até a estação de trem, que o leva até seu trabalho. Hachi volta para casa e às 17h retorna à estação, porque nesta hora o trem de volta chega. E juntos, homem e cão voltam para casa.

A rotina seria alterada com a morte do personagem de Gere, mas Hachi, desejoso de reencontrar seu amigo, retorna insistentemente à estação de trem todos os dias às 17h. Não há como não deixar as lágrimas lavarem nossos rostos com tal gesto de Hachi. É de uma afetividade tão simples e primitiva, de uma beleza que emociona.

Emocionamos-nos ainda mais quando percebemos nossa identificação com os sentimentos de Hachi. Afinal, muitos de nós, no fundo, gostaríamos de esperar todos os dias os nossos entes queridos que já não estão mais por aqui. Somos impedidos pela nossa racionalidade de aguardar literalmente o reencontro.

Hachi expressa não apenas sentimentos caninos, mas também os nossos, à despeito de a morte não arrancar o amor e a saudade que sentimos por quem não está mais ao nosso lado. Não nos comportamos como Hachi, pois a noção de sanidade não nos permite. Porém, internamente, lá no fundinho, temos a crença de que este reencontro um dia acontecerá.

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