sábado, 31 de outubro de 2009

Gostosuras ou Travessuras?


Ruslan Zalivan 123RF

Nunca fui adepta ao Halloween. Afinal é uma data que não faz parte do calendário brasileiro, apesar de que cada vez mais está sendo praticado e não somente em escolas de idiomas. Agora, morando aqui na Inglaterra, me chama a atenção a dedicação das lojas para a data. O supermercado, por exemplo, com uma montanha de abóboras disponível para os clientes, além dos mais variados acessórios e fantasias para hoje.

Apesar de os Estados Unidos terem popularizado esta tradição, a origem é do povo celta, que viveu há mais de dois mil anos no Reino Unido e na França. A ideia era marcar o final do verão, entre as datas 30 de outubro e 02 de novembro e o início de um novo ano.

A forma como se vive esse dia possui duas origens, a pagã, que tinha o dia 31 de outubro, o dia dos mortos, uma das datas mais importantes. Acreditava-se que neste dia os vivos e os mortos ficavam mais próximos. Pensava-se o lugar dos mortos como um local tomado pela felicidade e alegria, e em tal dia, seus residentes iriam visitar e guiar seus parentes vivos. Para isso, antigos sacerdotes serviam de médiuns nesse ritual de comunicação. Da mesma forma, se acreditava que as “almas perdidas” buscariam corpos vivos para possuírem. Assim, nasceu o uso de fantasias para assustar os espíritos e também o ritual com os sacerdotes servia para acalmar os “espíritos mais revoltados”.

A origem católica diz que o primeiro dia do mês de novembro é o Dia de Todos os Santos. O dia 31 seria destinado à preparação e vigília de tal celebração. Na língua inglesa, esta vigília foi chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), alterando sua nomenclatura algumas vezes até chegar a Halloween.

O termo “Dia das bruxas” é empregado pelos países de língua portuguesa. Crê-se que não apenas os fantasmas nos visitem em tal dia, mas também outros seres místicos como duendes, bruxas e fadas.

Há muitas lendas em torno do dia 31 de outubro. Por isso não se sabe exatamente o que é verdade ou não. Em meio a tanta disposição das crianças de participar de tal celebração, o “verdadeiro” se torna menor e o que importa mesmo é ter esse dia como uma homenagem à perpetuação dessa tradição.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Resposta ao que a gente não aguenta mais


Olga Drazdova 123RF

Li hoje um texto de Tony Bellotto (http://veja.abril.com.br/blog/cenas-urbanas/) em que ele fala sobre o assalto seguido de morte de Evandro Silva, coordenador de projetos sociais do grupo AfroReggae, ocorrido no Rio de Janeiro. Em meio à indignação que nos toma, recordei um texto (reproduzido abaixo) de Elisa Lucinda, poeta e atriz que adoro, recitado por Ana Carolina, que também adoro, em um show.

O show pode ser visto aqui: (http://www.youtube.com/watch?v=KkzLFx4b66Q).


Só de Sacanagem
(Elisa Lucinda)

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam

entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo

duramente para educar os meninos mais pobres que eu,

para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus

pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e

eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança

vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança

vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o

aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus

brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao

conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e

dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva

o lápis do coleguinha",

" Esse apontador não é seu, minha filhinha".

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido

que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca

tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica

ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao

culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do

meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:

mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem!

Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo

o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse

o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu

irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a

quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o

escambau.

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde

o primeiro homem que veio de Portugal".

Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? IMORTAL!

Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente

quiser, vai dá para mudar o final!

Perdão


Ionut Dan Popescu 123RF

Perdoar é um dos verbos mais difíceis de conjugar para quase todo mundo. Não falo especificamente de perdoar pessoas. Trato aqui de perdoar a vida, perdoar aquilo que foge de nossas mãos.

Você lutou tanto para alcançar tal coisa e não conseguiu? Ninguém lhe puxou o tapete, você não foi incompetente, simplesmente a situação não foi favorável para você. Simples assim.

O que se faz, comumente, em um exemplo como esse? A pobre criatura se martiriza, se culpa, procura entender e às vezes nem lhe passa pela cabeça que não deu e pronto, só isso. Nem sempre dá e nem sempre é pessoal.O mundo não está contra! Uns conseguem, outros não. Talvez acontecerá mais tarde, talvez não.

Frente a qualquer coisa que não conseguimos, antes de pegar o chicote e jogar contras as costas, cabe pensarmos se não é coisa da vida. Não por conformismo! Mas sabedoria!

Perdoar a vida que não é justa nem injusta, ela somente é. Seus fluxos são independentes. As coisas, frequentemente, acontecem além de nossa capacidade de controle.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Abandonar


Stanko Mavljak 123RF

Não é sempre que sabemos a hora de parar, de dizer que determinada coisa não nos serve mais. Clarice Lispector, em um de seus livros diz: “Saber desistir. Abandonar ou não abandonar – esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém”.

O abandono de que falo não é do tipo negligência. Falo daquele que não implica consequências traumáticas. Aula de piano por dois anos e agora você não quer mais, porém não consegue assumir a desistência e segue, “ligando no automático”. Você colocou na cabeça que ia fazer aula de piano. Esqueceu que para quase tudo há prazo de validade. Fazer a aula de piano foi bom por dois anos. Mas hoje você está interessado, por exemplo, em pintura.

Sem nenhuma justificativa a mais, nem interpretação do inconsciente, você somente mudou de ideia. Nunca acordamos os mesmos, já sabemos disso. Teimamos em crer na fixidez, talvez para termos mais garantia de quem somos nós.

Estamos sempre mudando. Verdade que uns se agarram persistentemente e não deixam as mudanças chegar. Para todo o resto, elas chegam e mobilizam novas formas de ser.

Então, é compreensível eu ter feito aula de ioga por três anos e agora quero jogar tênis, não? A questão é que até decidirmos pelo novo, várias perguntas podem ser feitas. Não estou sendo suficientemente persistente? Por que não vou até o fim? Deveria tentar mais?

A arte de abandonar, como nos diz Clarice, não aprendemos com ninguém. Dependemos da nossa tímida (ou não) ousadia de nos arriscarmos a dizer basta para algo que já não queremos mais.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Gastos na França


Studio Porto Sabbia 123RF

A União Europeia gastou 276 mil euros para fazer um banheiro para o presidente francês. Como vêem, não é exclusividade do Brasil gastos públicos exacerbados.

Londres e Rio nas Olimpíadas


Tatyana Ogryzco 123RF

Pessoal, para quem se interessa por assuntos olímpicos, vale a pena dar uma olhada no site http://veja.abril.com.br/quem/londres-rio-janeiro.shtml e saber mais sobre as próximas sedes: Londres e Rio.

A Garrafa


porsenna 123RF

Teve um tempo em que ter garrafinha com um escrito enroladinho dentro era um enfeite comum em casas. Talvez ainda seja em muitos lares, mas hoje em dia a ideia da garrafinha está um pouco esquecida.

Se você se deparasse com uma na praia e você a abrisse, quais palavras gostaria de encontrar? E se ela fosse destinada para você mesmo, com direito ao seu nome no cabeçalho, qual seria a intenção?

Seria uma carta de amor? Conselhos urgentes? Uma explicação para algo que você ainda não entendeu? Uma previsão do futuro? A resposta para uma pergunta que lhe inquieta há tempos?

Independentemente do que você pudesse encontrar essa ideia, um tanto antiquada, ainda é símbolo do que está oculto e procuramos. Insisto: o que estaria na sua garrafa?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Blog do Rei


alexreller 123RF

Reinaldo Azevedo (colunista da Veja) fala em seu blog hoje sobre a participação do Ministro Carlos Minc na “Marcha da Maconha” e o seu discurso no palco, enquanto uma conhecida banda tocava música reggae ao fundo.


Quem não viu e quer ver: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Seu Melhor Amigo


Ionut Dan Popescu 123RF

Lendo textos do blog de Martha Medeiros, fui capturada por uma frase que ela cita, extraída do livro de Abrão Slavutsky, mas de autoria do filósofo romano Sêneca: "Perguntas-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo".

Uma frase de uma sabedoria absurda. Ser amigo de si mesmo, eis um desafio para cada um de nós. Mais fácil para uns, mais difícil para outros.

Internalizamos cobranças ou expectativas, postas em algum momento em nós, que acabamos por reproduzi-las. Claro que tais exigências têm referências na questão humana clássica: a busca da perfeição.

Uma ideia estapafúrdia que não sai de moda! As pessoas se esforçando de todo o jeito para gozar de um corpo perfeito, de um trabalho perfeito, de uma relação perfeita, de um cotidiano perfeito. Esta busca insaciável acaba por atrofiar nossa capacidade de sermos leves com nós mesmos, com o outro e com o mundo.

Não existe a perfeição, ela pode ser quase alcançada ou vivida por instantes, mas não é algo a se querer permanente porque este não é o seu estado. Todavia, a teimosia humana nega e, em atos masoquistas, a própria pessoa se culpa e se castiga, porque ela não é aquele indivíduo que esperava ser.

Quem sabe seja inveja dos deuses que nos faz sermos demasiados insatisfeitos com nossa condição de imperfeição. Não percebemos que justamente essa nossa capacidade de imperfeição faz da vida mais graciosa?

Ou você imagina que tudo perfeito faria o mundo e nós próprios sermos melhores? Ingenuidade. Morreríamos de tédio. Não suportaríamos a previsibilidade. A vida não seria mais montanha-russa e sim uma roda-gigante sonífera.

Então, que tal pegarmos a frase de Sêneca e nos colocarmos do nosso próprio lado por mais tempo? Sem tantas críticas, tantas pressões e impaciência com nossas ações e potencialidades.

Ser amigo de si próprio, eis uma lição para praticar todos os dias. Ficar de mãos dadas conosco. Respeitar o nosso próprio ritmo de “ser” na vida. Aceitar os fluxos, os mistérios, e claro, as imperfeições. Eleger este como nosso maior crescimento parece ser uma excelente ideia.

O livro do psicanalista Abrão Slavutsky se chama “Quem pensas tu que eu sou?”.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Iraque e Afeganistão



Ontem os jornais noticiaram mais dois ataques terroristas em Bagdá, Iraque. Centenas de pessoas foram feridas e mortas. Uma tragédia. Aliás, mais uma tragédia.

Conheci um iraquiano. Convivi com ele por algumas semanas. Conversei com ele sobre diversos assuntos, entre eles, sobre o Iraque. Foi a primeira vez que conversei com um iraquiano sobre o seu país e é algo que registrei. Afinal, sempre temos notícias por intermédio da televisão e dos jornais.

Na primeira conversa que tivemos a respeito, sua pequena cidade, no dia anterior havia sofrido um ataque. Sua família estava bem, assim como sua casa. Ele me contou isso com uma calma indescritível. Não que isso não tenha tido importância, mas a fala vem de olhos que já testemunharam a guerra Irã – Iraque.

Ele me disse que houve muitas perdas nos bombardeios, como se imagina, de construções históricas desde o início da invasão dos Estados Unidos em março de 2003. Os americanos salvaguardaram com afinco o Ministério do Petróleo, deixando as verdadeiras preciosidades históricas e culturais do país sujeitas a saques e destruição.

O país, conta este meu conhecido, sofre de cortes de eletricidade constantes; em muitas regiões não há luz. A religião da maioria dos iraquianos é a islâmica, com duas subdivisões: sunita e xiita. Este que conheci é cristão e diz que seus companheiros de religião, em grande parte, fugiram do Iraque para viver em outros países.

Para vir para cá, ele não fez o visto no Iraque, não soube me dizer por que. Os iraquianos tiram-no na Síria ou no Irã. O governo iraquiano tem sob sua tutela a casa dele, para ter a certeza de sua volta ao seu país quando seu curso aqui na Inglaterra terminar.

O Afeganistão, outro local em conflito, aqui é notícia recorrente. Afinal, centenas de soldados britânicos estão neste país. Acompanhei há meses a morte de um soldado. A viúva ganhou destaque, assim como o funeral. A maioria dos britânicos é contra a presença militar por lá.

O Primeiro Ministro Gordon Brown não consegue ganhar amplo apoio a respeito disso. Vi em algumas cidades inglesas manifestações contrárias. A que mais me marcou aconteceu na cidade de Bath, onde senhores e uma senhora seguravam cartazes contra a guerra (foto acima).

Na universidade, vi cartazes apoiando a ideia de retirada dos soldados britânicos do Afeganistão. Muito diferente das manifestações políticas nas universidades e nas ruas brasileiras, em que nossos manifestantes estão muito mais centrados em questões internas do que nas internacionais.

Iraque e Afeganistão nunca estiveram tão perto.

domingo, 25 de outubro de 2009

A hora do almoço


Robert Pasti 123RF

Há gente que não gosta de comer, que não almoça, que está sempre de dieta e que não come. Para toda as outras, a hora do almoço é um momento muito feliz. Em que há uma paradinha na rotina de trabalho para colocar o papo em dia com o colega ou com a família, quando se tem o privilégio de poder fazer a refeição em casa.

Os almoços do final de semana são episódios à parte. O de sábado nem sempre promete muito, mas o de domingo costuma reunir a família, ou romanticamente a dois, pode ser no restaurante preferido, um churrasquinho em casa, o que for, mas costuma ser alto-astral.

Diferentemente da famosa noite dominical, em que quase todos os seres do planeta têm aquela “deprê” antes de uma segunda-feira, o meio-dia de domingo é divertido. Não tenho dúvidas que esse sentimento é passado de geração para geração, algo que nos dá garantia de sermos humanos.

Voltando ao almoço, conheço gente que ao meio-dia, como um reloginho, tem fome. Pode ter comido algo às 11h, mas ao meio-dia a fome abruptamente surge. Talvez não por gula, mas pelo desejo da conhecida sensação confortável que esta hora proporciona, não somente pelo arroz e feijão quentinhos, mas por todo o calor afetivo do momento.

sábado, 24 de outubro de 2009

Blog de aniversário!




Até pouco tempo atrás, blogs existiam sem o meu conhecimento. Claro que sabia o que significavam, mas não tinha o hábito desse tipo de leitura nem conhecia suas ferramentas. Eis que estar distante do Brasil e das pessoas que lá tenho perto de mim – minha família, meus amigos, meus pacientes e demais com quem convivo – acabei por criar um!

Tento fazer as lições de casa: aprender como se faz tal coisa, postar todos os dias, tentar promovê-lo entre os mais chegados, enfim, estou colocando-o em movimento, mesmo que ainda existam coisas que ainda não consigo fazer funcionar!

Enviar atualizações do site por email: ainda não consegui aprender! Já fiz como o blogger sugeria, mas simplesmente não funciona! Não faço disso um empecilho para desanimar, que nada!

Estou contente da vida com as visitas que o blog recebe, com a participação dos amigos-leitores. Enfim, o blog se tornou uma ponte importante na minha vida neste momento.

A meta é seguir assim e crescendo cada vez mais. Ele está com apenas um mês de vida, há muito ainda por fazer!

Nesse dia de aniversário, com um chá bem quentinho, agradeço a todos que lêem o blog. Afinal são vocês o eco que busco nesse contexto de saudade que é estar longe de casa.

Também digo um especial ‘obrigada’ a alguém que está bem pertinho, meu marido, Daniel, que me ajudou muito na criação do blog e me auxilia servindo de escuta ou de leitura de minhas ideias.

Não sei exatamente como se faz um blog de sucesso. Aliás, o que é sucesso em um blog? O que sei é que estou fazendo algo em que me sinto confortável e já acho isso um bom começo. De resto, vamos deixar o tempo fazer amadurecer.

Obrigada e parabéns para o nosso lugar de encontro que é o Casa de Chá!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Lado B


Stephen Orsillo 123RF

Está no nosso contrato de aluguel, acho eu, que, dois meses antes da nossa partida, o landlord (o proprietário) tem o direito de acionar imobiliárias para procurar novos inquilinos.

Já vivi a experiência de “invadir” casas alheias, porque seus moradores queriam vender suas casas, mas nunca havia visto isto em situações de aluguel. Sempre achei, e agora mais ainda, extremamente desconfortável ter gente entrando em nossa casa.

Se preferíssemos, os corretores e os candidatos à inquilinos (tenants) poderiam vir sem estarmos em casa. Afinal, o agente da imobiliária teria a chave da nossa casa. Claro que vimos essa possibilidade com mais terror e optamos por estarmos em casa e torcer pelos primeiros visitantes gostarem e aceitarem as propostas. Alívio se isso acontecer!

A ideia de estranhos virem olhar a casa que ocupamos, que fazemos de nosso canto, mesmo que não sejamos nós os proprietários e nem tenhamos móveis aqui, não é agradável. O que estas pessoas verão são algumas coisas pessoais no banheiro, algumas roupas no quarto, fora do armário; alguns livros e CDs na sala.

Nada de mais. Mesmo assim é uma sensação de invasão. Quem são esses que nem a minha língua falam? Lógico que racionalmente compreendo a situação, uma prática estranha para mim, mas, cá para nós, estou em outro país e é óbvio que muitas coisas soarão estranhas, não é mesmo?

Então a cabeça está tranquila, o que não significa que não exista uma inquietude acerca disso tudo. A imprevisibilidade sobre as visitas que ainda ocorrerão, em que momentos estarei no meu santo lar, na minha santa paz e terei de correr para dar uma ‘ajeitada’ geral para receber estes convidados não convidados, é algum que me tira a tranqüilidade.

Sim, porque o landlord foi bastante claro: temos de ficar à inteira disposição para isso (de segunda a sexta, o final de semana estamos livres! Ufa!). Não pensem que não tentei ver se isso era legal, se fazia parte do sistema jurídico, das leis imobiliárias. Não tive muito sucesso na minha pesquisa.

Como temos vivido e comprovado a honestidade inglesa, acredito que ele tenha razão e seja assim mesmo. Neste momento que escrevo, soou o interfone. Dois rapazes, claramente, estrangeiros, como nós, e uma agente educada, como todo o inglês quase sempre.

Esta primeira visita durou pouco mais de dois minutos. Não foi dolorosa. Sobrevivemos. Na próxima segunda-feira, mais visitas, a partir das 14h45min até às 17h, de quinze em quinze minutos nosso interfone vai tocar.

Bem, não só de alegrias que a vida é feita, não é mesmo?

Matemática


Andrey Khritin 123RF

Nunca havia ouvido falar em Martin Gardner até dias atrás. Este norte-americano de 95 anos é o pai da matemática recreativa, isto é, como apreciador de truques de mágicas, ele criou maneiras de aprender matemática brincando.

A matemática pode acionar lembranças traumáticas para muitos de nós. A sua representação no imaginário, como sendo difícil e complicada, adicionada à escassa criatividade de muitos professores, que desconhecem ou ignoram metodologias como as de Gardner, fazem da matéria um bicho-papão estudantil.

Não apenas no colégio há bicho-papão. Quantas vezes ouvimos coisas na vida do tipo: “conseguir vaga naquela empresa é impossível”, “homem é tudo igual”, “não adianta tentar isso, é difícil”, dentre outras? Pois é, é a mesma coisa que ouvimos sobre a matemática na época escolar.

A matemática e a vida não são fáceis mesmo. É preciso habilidade para lidar com ambas; porém, isso não significa que apenas alguns são premiados. Não! Todos podemos ir muito além, tanto nos números como na vida. Basta termos a coragem de nos arriscarmos contra o discurso da maioria e fazer o bicho-papão sumir.

Para saber mais sobre Martin Gardner:

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Simpsons em campanha?



A notícia não é de hoje nem de ontem. É de vários dias atrás. O governo britânico decidiu patrocinar três meses o desenho The Simpsons, que passa no Canal 4, com o objetivo de tornar a família amarela o símbolo de uma campanha de vida saudável.

Os defensores da ideia alegam que a família costuma fazer refeições à mesa, são unidos, apesar das inúmeras situações difíceis que se envolvem. O travesso Bart cumpriria o recomendável de uma hora de exercícios físicos por dia e a sensível Lisa, vegetariana, comeria as cinco porções de frutas e vegetais diariamente, conforme sugestões de especialistas.

Homer, seus doughnuts (ou donuts, no inglês americano) e seus canecos de cerveja não são comentados. Porém, a ideia é intervir no desenho mesmo, substituindo pizzas, snacks e demais alimentos gordurosos por opções mais salutares. Como os Simpsons são muito populares por aqui, usá-los como campanha foi o método encontrado para fazer diminuir o alto índice de obesidade entre os britânicos e aumentar os bons hábitos alimentares entre os cidadãos da Ilha.

O efeito colateral dessa campanha é a descaracterização dos próprios personagens do desenho. Homer sem sua barriga e suas guloseimas não é Homer e não havendo Homer não há Simpsons. A grande tacada deste desenho é justamente a crítica que ele faz aos modos de vida, sobretudo o norte-americano, mesmo que muitas outras nacionalidades se encaixem em alguns aspectos deste também.

As histórias são repletas de ironia e deboche. A família é unida e supera seus problemas, mas de longe seus idealizadores pretenderam que ela fosse um “modelo” a ser seguido. Marge é uma mãe dedicada, Lisa é uma filha especial e Maggie nos diverte com sua chupeta. Até a parte masculina da família tem seus momentos meigos. Ok para tudo isso. No entanto, parece que o principal objetivo da série é a crítica à contemporaneidade. Que pode ser empobrecida ao torná-la politicamente correta.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Cinco Minutos


Celia Anderson 123RF


Minha sobrinha já demonstra, em seus quatro anos, os momentos de fuga que qualquer ser humano adulto já teve ou terá uma vez na vida, ou mais.

Insatisfeita com rumos sobre um desejo seu não atendido, resolveu pegar duas bolsas. Nelas ela colocou algumas bonecas, lápis de cor, revistinhas, livrinhos, enfim, itens básicos, além da sua bandeira do Grêmio.

Abriu a porta de casa pronta para cair fora. Dar um tempo. Lógico que isso não ocorreu de fato, ao chegar no corredor do prédio, pensou ... voltou, ciente de que seu ato não tinha o menor cabimento.

Dias incolores, problemas que parecem sem solução, desentendimentos, sensação de estar perdido, uma vontade não realizada, enfim, podem ser muitos os motivos para esse desejo de fingir que não se é quem é, de esquecer de tudo, de dar um tempo.

Talvez cinco minutos sejam necessários para visualizar a situação sob outro ângulo, menos ou nada desesperador. Assim, como a minha sobrinha, é possível voltar numa boa, superando o que antes parecia insuportável.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Constrangimentos


Ionut Dan Popescu 123RF

Uma das situações sociais mais constrangedoras que existe é estar em companhia de alguém e não ter qualquer assunto para conversar. Porque vocês sabem, o silêncio é algo que não se tolera, mas o “silêncio”, como outro assunto, já é para outro texto.

Você está sentado ao lado de alguém. Uma manchete de jornal vem à cabeça: está aí o início de uma conversa. Você fala esperançoso, se empenha em detalhes e gestos. A resposta que você recebe é monossilábica. Não há como ter réplica. Deu-se a morte do tema! Sim, o outro não colabora! Seja por timidez, indiferença ou qualquer outra razão, a pessoa não parece cooperar.

Há pessoas que não nasceram para a conversa. Elas conseguem falar, mas não conversar. Você sabe, conversa é aquilo: um começa a falar sobre “x”, o outro complementa a respeito, isso desencadeia o “y” e assim vai. Isto é uma conversa. Porém, algumas pessoas travam e não conseguem dar seguimento e o círculo rapidamente se fecha.

O interlocutor persistente propõe outro tema e, mais uma vez, não funciona. Assim, você, tomado pelo constrangimento, finge que está ocupado com outra coisa, olha para o lado, vê as horas, mexe na bolsa, no cabelo, na carteira, sorri para o nada, enfim, faz o tempo passar enquanto o outro está ali completamente despreocupado com a situação.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Saudade


Stephen Clarke 123RF


Saudade é uma palavra frequentemente citada como a mais bonita da língua portuguesa, talvez por ser a única em todos os idiomas que existe para representar tal sentimento, ou porque ela é realmente sonora: saudade.

O sentimento que ela representa é, de fato, bonito. Pode ser triste ou acompanhado por um sorriso ou por uma risada. Ele indica apego a pessoas ou a momentos importantes e valorizados. Não temos saudade do que foi pouco ou do que foi ruim.

A saudade pode aparecer de forma excessivamente nostálgica, ou seja, como uma tentativa de não viver o presente, muito menos o futuro. Um medo da vida. Por outro lado, expressar saudade também é uma forma de gratidão.

Sentir saudade é uma maneira de homenagear o que já foi, seja uma época ou alguém. É um jeito em tempos tão rápidos, em que coisas somem com um clique, de fazer permanecer o que elegemos como parte de nós.

domingo, 18 de outubro de 2009

O Piano




Em Bristol, uma cena urbana incomum: um piano, no meio de um calçadão, esperando por mãos talentosas ou corajosas. Uma iniciativa de pôr às ruas as notas musicais. Vi apenas uma moça tocar como se espera. De resto, crianças ou pessoas animadas que se sentavam e ensaiavam uma primeira aula do instrumento.

De qualquer jeito, o objeto causava curiosidade entre os transeuntes. Ali estava uma oportunidade para aqueles antigos pianistas amadores, de tocar em um velho e esquecido companheiro ou lembrar dos tempos dos recitais ou ainda simplesmente ter a ideia de aprender a tocar. A música frente ao outro, implorando por atenção, por uma lembrança ou um desejo.

Algumas pessoas sentadas em bancos perto aguardavam os musicistas. Enquanto eles não chegavam conversavam, tomavam um café, liam o jornal. Enfim, gastavam uma ensolarada manhã de domingo ao ar livre e quem sabe, de bônus, não ouviriam música clássica?

Para saber mais sobre o projeto que está por trás do piano: http://www.streetpianos.com/bristol2009/

sábado, 17 de outubro de 2009

Love Happens


Yuriy Brykaylo 123RF

Mais um cinema nesta semana. A grade da programação não oferecia muitas opções, acredite. Eis que uma comédia romântica parecia boa escolha para um dia nublado e friozinho. O filme não foi exatamente isso, porque tem um “draminha” (o diminutivo não é pejorativo, mostra que não é um drama enorme, e sim, pequeno), mas, de qualquer forma, foi legal.

O enredo é o seguinte: Burke (Aaron Eckhart) é um viúvo e é um tipo de guru no mundo da auto-ajuda. Ele conhece a florista Eloise (Jennifer Aniston) que o ajuda a enfrentar seu próprio passado.

Não é exatamente a semelhança com os contos de fada que me faz gostar de muitos dos filmes água com açúcar. Mas sim a agilidade arquitetada pela fábrica de sonhos, o cinema, para a solução dos conflitos.

Gosto muito de filmes densos, que te arrebatam pela sua força, que são bem costurados, que possuem um bom enredo e boas interpretações e que, além disso, mostram muito “a vida como ela é”, para usar um termo “Rodrigueano”. Não tenho dúvidas que aprendo mais da vida a partir desse gênero do que com qualquer outro.

Todavia, nos filmes água com açúcar, a solução de diversos conflitos em noventa minutos é algo incrível. Nesta uma hora e meia, mocinhos e mocinhas se conhecem, se desentendem e se entendem para sempre.

Noventa minutos e tudo fica bem. Final feliz, saímos da sala com sorrisos e inspirados a colocar nossas dúvidas para correr. Sei que a vida não é assim, cor-de-rosa, mas um pouquinho de ilusão é bom, pelo menos por aqueles noventa minutos, para depois fincarmos os pés na realidade de novo.


O trailer do filme pode ser visto em: http://www.lovehappensmovie.com/

Gente como a gente

O protagonista Burke do filme “Love Happens”, interpretado por Aaron Eckhart, é um bem-sucedido escritor que propõe um programa de auto-ajuda. Ele é atormentado pelos seus próprios fantasmas ao mesmo tempo em que ajuda os outros a exorcizar os seus. Ao ver esse filme, me lembrei de um pequeno texto de Cyro Martins que li na época da faculdade. Este texto está relacionado com o “ser psicólogo”. Abaixo o reproduzo:

“Pois fica decretado, a partir de hoje, que psicólogo é gente também. Sofre e chora, ama e sente, às vezes, precisa falar. O olhar atento, o ouvido aberto, escutando a tristeza do outro, quando, às vezes, a tristeza maior está dentro do seu peito. Quanto a mim, fico triste e fico alegre e sinto raiva também. Sou de carne e osso, e quero que você saiba isso de mim. E agora, que já sabe que sou gente, quer falar de você para mim?”

Saber lidar com os conflitos do outro não significa saber resolver os próprios. Com o outro, mantemos uma distância em que conseguimos nos defender das emoções que atropelam, confundem e influenciam. Também é mais fácil colocar a racionalidade e o bom senso para controlar a situação.

Não que ao lidar com o outro não possa ser, da mesma forma, consequência de experimentações feitas consigo mesmo. Todavia, o outro é outro. Parece óbvio, mas no cotidiano não é incomum flagrarmos as pessoas se relacionando somente a partir de suas perspectivas, esquecendo que o outro não é si mesmo.

Os “Burkes” da vida não são excluídos de crises, dúvidas, medos e erros. Eles não foram premiados como isentos dessas fragilidades. Eles são gente também! Talvez com qualidades peculiares, pois que conseguem deixar de lado suas fragilidades ao se atentarem às dos outros, mas são gente.

Olhar para eles a partir dessa perspectiva não diminui seus atos ou o poder de suas palavras, pelo contrário. Ao aproximarmos-nos, conseguimos vislumbrar melhor nossas próprias potencialidades ao nos vermos tão perto daqueles que parecem (mas só parecem!) estar mais acima de nós.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Imagens



A fotografia pode ser memória, representação, flagra de um momento histórico, pode servir para admiração de uma paisagem ou servir para o conhecimento. Por fim, ela também pode ser um convite.

A foto nos convida para irmos a outro lugar. Sair de si mesmo e do local em que se está. Andar por outros ares, para onde a imagem levar. Para um cenário raro, ou um lugar comum, que apresentado pelo fotógrafo nos proporciona, para nossa surpresa, um olhar completamente diverso.

A fotografia, quando memória, nos transporta, como uma máquina do tempo, para o passado, podendo nos levar a lágrimas ou a risos. Álbuns empoeirados, caixas com fotos soltas. Fotos de antepassados que não mais conhecemos. Imagens nossas quando ainda não sabemos quem somos. Registro de amigos, de casas, das roupas que fizeram parte de um tempo que passou. Viagens que comprovam momentos felizes e aventureiros em terras estranhas.

Quem não lembra da foto do estudante na Praça Celestial, em Pequim, em frente a uma fila de tanques do exército do governo comunista da China em 1989? O seu corajoso ato foi uma marca do século XX. A fotografia fazendo a História não ser esquecida.

Fotos para contemplar a natureza, a cultura, os feitos do ser humano. As fotografias colaboram com a nossa bagagem “de mundo”. Não há tempo nem condições suficientes de estar em todos os lugares e entre todas as gentes. As fotografias, de maneira singela, porém espetacular, criam um atalho para os curiosos da vida.

O fotógrafo da foto acima é um amigo, no qual agradeço pela “viagem” que me proporciona quando visito seu site. São fotos que nos tiram o fôlego pela realidade ou pela beleza extraída.

Para quem quer ver mais: http://www.danielmotta.net/

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do Professor


Ionut Dan Popescu 123RF


Cada profissional, com suas particulares funções, é essencial para a máquina social funcionar. Se você parar para pensar, nenhuma profissão pode se sobrepor a outra; todas são necessárias.

Todavia, há umas mais básicas e vitais do que outras. Dentre elas, está a do professor. Você acha o dentista que mantém seus dentes saudáveis importante? Você acha que o médico que trata de sua enxaqueca está no topo da hierarquia? Para dar exemplos no ramo da saúde. Ok, ambos profissionais merecem saudações; porém, ambos e vários outros que ganham status de importância não estariam naquela posição, se não fosse quem?

O professor. Na escola, com alunos ainda pequenos, aquela figura de aparência doce ou amedrontadora, mas certamente parte de todas as lembranças infantis, vai fazer toda a diferença naquela vidinha que ali começa.

Como um agricultor, planta sementinhas que vão sendo cultivadas a cada ano, por décadas até que a “planta” supostamente esteja pronta para tomar outros ares.

Alguns aspectos apontam a falta de reconhecimento ao professor. Falo aqui principalmente dos que lecionam nas escolas. Baixos salários, baixo nível de atualização, baixa auto-estima, acomodação de alguns professores em suas queixas, falta de respeito por parte de muitos pais e alunos são coisas que testemunhamos regularmente.

O professor também pode estar entre aqueles que se autodeprecia, corroborando com a ideia de que é uma profissão defasada, em que poucos escolhem por vocação e muitos por falta de outra opção.

Ainda bem que muitos são professores por vocação. São professores orgulhosos, competentes, corajosos e obstinados em não se render ao discurso pessimista dos próprios colegas, à falta de melhores rendimentos, às várias dificuldades dentro da comunidade escolar. Enfim, persistem, possuem tanta certeza de seus ideais professorais que não se tornam reféns do sistema, mesmo conhecendo as dificuldades da profissão que escolheram.

A estes professores, aos professores das nossas infâncias, àqueles que deram continuidade à nossa formação, aqueles que nos ajudaram em muito do que somos: parabéns pelo seu dia!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Psicoterapia


Ionut Dan Popescu 123RF


Li no site Veja.com, edição de 08/10/09, uma entrevista com o psiquiatra Irvin Yalom, cujo trabalho literário é conhecido do público brasileiro a partir de diversos livros, entre eles “Quando Nietzsche chorou” e “A Cura de Schopenhauer”. Uma determinada pergunta e sua consequente resposta me agradaram muito. Cito-as literalmente abaixo:

“A função da psicoterapia é curar pessoas?
Eu acho que a psicoterapia faz as pessoas se sentirem melhor, mais felizes, mais ajustadas, menos torturadas e atormentadas. Esta é a meta da terapia - uma melhor saúde mental, se você preferir colocar nestes termos. A psicoterapia tem também a função de fazer as pessoas assumirem responsabilidade por elas mesmas, por suas ações. É o que todo psicoterapeuta deseja.”

Gostei particularmente dessa resposta, porque ela foge da ideia de “cura” em psicoterapia. Ouço pessoas falarem com orgulho que tiveram “alta” de suas terapias, como se estas fossem um procedimento cirúrgico em que foi retirado um cisto. Esta alta não quer dizer que você nunca mais vai ter qualquer angústia ou trauma ou qualquer aflição, apenas significa que, por ora, o trabalho terapêutico chegou ao seu propósito. Não acabaram todos os nós e novos são formados quase que diariamente.

O ser humano, como se sabe, está em constante movimento. Por isso, é impossível pensar que haverá um momento que se terá a certeza e garantia que todos os males afetivos estarão encerrados, que nada mais vai importunar ou afligir.

Então, vem a pergunta “por qual razão fazer terapia, se não há ‘cura’”? Bom, o próprio Yalom responde com sabedoria. Diminuir sofrimentos, tormentos, reconhecer a vida que teve e a que tem. Responsabilizar-se por seus próprios atos e perdoar, quando necessário. Viver melhor com a aparelhagem psíquica que lhe é disponível.

Psicoterapia não é para todos, isto é verdade. Não apenas por questão financeira, como facilmente se pensa, mas pelas próprias questões cognitivas e emocionais do candidato a paciente. Mas para aqueles que podem se beneficiar dela, pode ser uma aliada para se viver melhor.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Ladrão


Aliola 123/ RF


A contemporaneidade é caracterizada pela “falta de tempo”. Os computadores, no início, prometiam mais tempo para o ser humano fazer as coisas, pois a máquina daria conta de várias demandas, antes conduzidas, digamos, “manualmente” por nós.

Não foi exatamente isso o que aconteceu. Cada vez mais estamos atarefados, precisando administrar compromissos que vêm de tudo que é lado, tanto dos deveres como dos direitos de cada um. A escassez de tempo é fato.

De todas as maneiras, penso que há aqueles que se apropriam da queixa/justificativa “não tenho tempo para nada!”, como uma forma de escapar de algo que eles realmente não estão a fim de fazer ou que simplesmente esquecem.

Não há problema algum em negar algum jantar com amigos ou não responder a um e-mail dentro de um prazo desejável. Mas usar insistentemente a desculpa da falta do tempo já virou um clichê.

O tempo não precisa ser um ladrão, que rouba nossos amigos, nosso lazer, nosso modo próprio de viver. É uma questão de perspectiva, no momento em que nos colocamos como donos do nosso tempo e não mais refém dele, pomos o ladrão para correr.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Brinquedos que sobrevivem


Robert Pasti 123 RF


Neste dia da criança, colho informações da Veja.com sobre quinze brinquedos que atravessam gerações, sem sair de moda:


1. Bicicleta;

2. Bolinhas de sabão;

3. Bola;

4. Bolinhas de gude;

5. Boneca;

6. Carrinho;

7. Catavento;

8. Cubo mágico;

9. Jogo de Tabuleiro, como banco imobiliário;

10. Lego;

11. Patins;

12. Urso de pelúcia;

13. Peteca;

14. Pião;

15. Pipa ou papagaio.

Para quem quer ler mais: http://veja.abril.com.br/galeria-de-imagens/brinquedos-nao-saem-moda-503901.shtml

Dia das Crianças



Parte I

O Dia das crianças é reconhecido pela UNICEF a cada 20 de novembro, data na qual foi oficializada a Declaração dos Direitos da Criança, em 1959. O Brasil adiantou-se e, em novembro de 1924, editou o Decreto nº 4867, que instituiu o Dia das crianças em 12 de outubro.

A comemoração só “pegou” mesmo trinta anos depois, a partir de uma campanha empreendida por duas fábricas: uma de brinquedos e outra de produtos de higiene infantil. Assim, facilmente se percebe a força comercial da data. Não que nossas crianças não mereçam, longe disso! Afinal, é um dia para homenageá-las. Nada mais justo, já que há um dia dedicado às mães, outro aos pais, tem o dia do índio, dia da independência do Brasil e assim vai.

O que eu acho que seria muito justo seria também uma comemoração para o dia do filho. Após certa idade, naturalmente, eu perdi a data do dia das crianças; consegui ainda ir até adolescência, provavelmente por compaixão dos meus pais ou por eu ter sido a filha caçula mesmo.

Na faculdade, não havia como sustentar o privilégio. Como explicar que não era mais criança, podendo, então, morar longe de casa e, ao mesmo tempo, requerer o presente do dia 12? Precisei renunciar e com o tempo, acabei me conformando sem qualquer trauma.

Assim, o meu “dia das crianças” é destinado aos meus sobrinhos. E lá no fundinho há um pouco de mim, ainda pequena, que não precisa mais dos presentes, apenas da alegria e da memória de um dia ter sido criança.

Parte II

Minha sobrinha tem quatro anos. Como toda criança nesta idade é criativa em suas brincadeiras. Uma certa manhã, convidou as gurias que trabalham em sua casa para uma “reunião” às 11:30. Várias vezes perguntou que horas eram, para não perder a hora, visto que ainda não sabe ver por sua própria conta.

Na hora marcada, distribuiu banquinhos na sala e convidou as gurias para sentar. Ofereceu um chá de brincadeira e com muita naturalidade revelou a pauta da “reunião”. Seria sobre os filhos das gurias, as escolas em que estudam, as professoras que eles têm, os nomes etc.

Após a conversa, no fim do encontro, minha sobrinha disse que na próxima manhã, no mesmo horário haveria mais outra “reunião”, cujo tema seria os maridos das gurias.

As gurias participaram com um sorriso no rosto, encantadas por aquela criaturinha de 1m10cm que presidia uma reunião, como se fosse diretora da Petrobrás. Tudo com muito “profissionalismo”.

Bem, no dia seguinte ela teve aula de ballet, compromisso que nunca falta e não houve a tal “reunião”, para tristeza de nós, adultos, que queriam mais uma atuação infantil peculiar para saborear.

Conto esse fato para comemorar o Dia das Crianças, um dia em que é feriado, por causa da padroeira do Brasil, mas quando a gente é criança, jura que é por causa do nosso dia.

O dia da criança, para nós adultos, serve para homenagearmos nossos pequenos, que em meio a preocupações, cuidados ostensivos e paciência de monge que nos exigem, também dão muita cor ao nosso dia a dia e nos fazem ver a vida com mais esperança.

domingo, 11 de outubro de 2009

Livros

glitters


Um hábito que acredito não ser muito raro para aqueles que gostam de ler é o de espiar capas de livros alheios. Estou em um ônibus ou metrô e vejo alguém lendo, deu, já espicho o olho, entorto a cabeça em busca do título, se não der, o autor já é informação suficiente.

Acredito seriamente que o livro que a pessoa tem nas mãos fala muito dela. Se não de sua personalidade, afinal, esta é por demais complexa para ser verificada por um só aspecto, pelo menos ele pode retratar um pouco o momento que ela está vivendo.

Simplificando: se a pessoa está lendo um best-seller, que geralmente é uma leitura fácil, ela pode estar em um momento bem ocupado ou de estresse ou, ainda, simplesmente tem preferência por esse tipo de literatura. Se ela está lendo autores consagrados pela excelência literária, bem, confesso, ganha minha admiração. Para esta escolha, há várias possíveis justificativas: pode-se estar em um momento introspectivo, pode ser também por motivo acadêmico, por se ser um admirador da leitura por si só, ou, dependendo do autor, pode ser um sinal de muita coragem.

Kafka dizia que “se o livro que estamos lendo não nos acorda como se fosse um punho batendo em nosso crânio, para que lê-lo?” Discordo, em parte, da frase do escritor tcheco, porque o livro pode apenas nos levar para passear e não há nada de mal nisso. Sei que muitos desses livros são criticados e compreendo suas críticas.

Realmente tais livros não apresentam uma narrativa elaborada e trabalha muito mais com o clichê e o previsível. De qualquer forma, é um livro. Em um mundo cada vez mais dominado pelas abreviações das mensagens instantâneas, ver alguém com um livro na mão, seja qual for, já é muito animador.

sábado, 10 de outubro de 2009

The Soloist


Nesta semana, assisti “The Soloist”, com Jamie Foxx e Robert Downey Jr. e direção de Joe Wright. O filme tem um enredo, baseado em uma história real narrada em livro de mesmo nome, do norte-americano Steve Lopez, que se passa nas ruas de Los Angeles. Lopez, interpretado talentosamente por Downey Jr., tem sua vida alterada após uma reportagem que realiza com o homeless Nathaniel Ayers, interpretado igualmente de forma talentosa por Foxx. Da mesma forma, Ayres muda o curso de sua vida após este encontro.

Talvez uma das maiores formas de solidão existentes seja a do sofrimento psíquico. Em outras palavras, a solidão causada pela doença mental. É um mundo à parte, ou porque não há ou porque são pouco existentes as linhas de contato possíveis com o “outro lado”. No mundo da “loucura”, as palavras são outras, as construções de linguagem e de comunicação funcionam sob outras leis, frequentemente incompreensíveis para os que lá nunca estiveram.

Todavia, há pessoas que conseguem alcançar este outro mundo, sem que circulem por ele o tempo todo. Colocam um pé lá, enquanto o outro está naquele comandado pela lógica. Elas enxergam o “louco” a partir de sua própria ordem de funcionamento; se deixam tocar e tocam, mesmo que consigam manter seus próprios raciocínios.

As naus dos loucos, narradas por Foucault, expressam o desejo social de colocar os “doidos” longe. Os hospícios serviram/servem mais como depósitos para que ninguém os veja, no faz-de-conta que não existe a insanidade, tal como o medo e o estigma que a loucura carrega.

Lopez é alguém obstinado, pois ele consegue quebrar o comportamento mais comum, no qual a égide “é assim mesmo, não há o que fazer” é a que impera quando a maioria das pessoas se depara com tal situação. Ayres é sensível, solitário e com medo de seus próprios fantasmas, que o fazem se fechar em seu próprio mundo. Ambos os personagens encenam uma relação que aproxima esses dois universos, denunciando todas as semelhanças, e não apenas as diferenças, que há entre os ditos “sãos” e os “doentes”.

TPM


Sergey Sundikov 123RF


Más línguas falam que a TPM é uma invenção das mulheres para justificar seu mau humor. Discordo. A TPM existe. Uma irritação sobre qualquer coisa como, por exemplo, o jeito que o seu colega segura a caneta ou o modo como sua amiga ri. Algo que antes não era percebido por você, em um dia de irritação-TPM ganha um tamanho de elefante e se torna algo insuportável.

A mulher na TPM rosna. A irritabilidade pode ser irracional mesmo, não haver lógica, o que não significa que era será amena. A “desrazão” toma conta.

Além da irritação, também podem estar presentes: uma tristeza desmedida, que provoca um choro ao ver uma propaganda de sabão em pó na televisão; uma sensação que está tudo dando errado, que nada está bom.

Ainda bem que dura pouco, horas ou dias, dependendo do organismo. São os hormônios que flutuam como seres inquietos, que teimam em não se estabilizar. Eles brincam de gangorra, se divertem, enquanto nós padecemos esperando que a brincadeira deles acabe para nós começarmos a nossa.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Futebol





Meu marido gosta de uma determinada rádio porto-alegrense; aliás, esta foi uma das preferidas do meu pai. Eu sei, Freud explica. Tal estação sempre me fez lembrar a minha infância, principalmente em viagens de carro.

Neste momento, esta rádio ainda lembra um pouco meus tempos de criança, mas menos. Por saudades do Brasil, das pessoas que lá ficaram e da minha rotina pelotense, de vez em quando, ouço a rádio com entusiasmo aqui na Inglaterra.

Não ouvimos o tempo inteiro, deixo claro. Talvez duas horas por dia, enquanto estamos envolvidos em uma função que permita o som de debates e informações.

Um dos principais temas de tal rádio é o futebol. Sempre gostei de futebol. Tenho foto pequenina com a bandeira gremista comemorando a sua vitória contra o Hamburgo, no Japão. Não sei escalar os jogadores do meu time, nem os da seleção brasileira, mas conheço vários deles, aqueles mais citados em jornais. Mas sei reconhecer facilmente quando há impedimento! Gosto de futebol, todavia poderia viver sem. Não é um fanatismo.

Agora ouvindo tal rádio percebo ainda mais o quanto o futebol é uma válvula de escape dos problemas cotidianos. O assunto é tratado pelos profissionais e pelos ouvintes com uma seriedade enorme. Como se cada jogo significasse alguma ação referente à diminuição do efeito estufa.

Minha postura crítica é simpática. Divirto-me com isso, chega a ser tocante. Nossos homens, os principais ouvintes, responsáveis, trabalhadores em meio a tantas dificuldades sociais, ganham um pouco de alívio das pressões diárias ao discutir futebol com o mesmo tom daqueles diplomatas que têm de decidir algo sobre, por exemplo, o futuro do imprevisível Iraque.

As entrevistas com os jogadores me fazem sentir compaixão. As criaturas, que correram por 45 ou 90 minutos, quando saem para o vestiário para dar uma relaxada, além de terem de ouvir as palavras do “professor”, têm de dar entrevista aos repórteres.

Aí eles precisam, quase sem fôlego, falar português corretamente, com a concordância verbal adequada e dizer todos os “esses”. Falar para o rádio ou para tevê, para muitos, é algo importante e motivo de orgulho. Assim, imagino que muitos atletas fazem isso com alegria, mas é uma crueldade tal exigência ainda na beira do campo.

No futebol, o torcedor esbraveja contra o juiz, o técnico, o dirigente, ou quem quer que seja, como uma forma de tentar protestar contra coisas que ele não pode fazer por completo, em sua vida pessoal. Ir ao estádio é uma das ações mais catárticas que há, assim como o teatro, por exemplo. Com a diferença que no estádio você grita, esperneia, chora, consegue expor todos os sentimentos abafados, já que você se encontra em um local democrático para as emoções.

O futebol não é só um jogo. Como se vê, é um intervalo, em que o torcedor ou simpatizante, independente do seu gênero, toma fôlego, descansa sua mente, para no dia seguinte retomar a batalha diária.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Coisas de Mulher?


Marina Glebova 123RF


Tempos atrás participei de uma discussão com colegas a respeito do assunto natureza e ambiente. Quais comportamentos seriam do masculino, quais seriam do feminino. Alguns afirmavam que, por exemplo, mulheres gostam de bonecas, de comprar roupas e jóias. Simples assim, se são mulheres, gostam dessas coisas e pronto.

Perguntei para um deles se eu era mulher; ele respondeu facilmente que sim. Complementei: “sou mulher, detesto ir a lojas para comprar roupas e não dou a mínima para jóias, e aí?” Com um sorriso, argumentou que a sua esposa adorava jóias.

Se alguém me encontrar observando vitrines de lojas de roupas, de jóias, de sapatos, enfim, o que for desse tipo, por mais de trinta segundos, chamem uma ambulância, estou me sentindo mal!

Admiro e tento me vestir bem, usar acessórios legais; porém, para mim, é um martírio ir às compras, experimentar, olhar os modelos. Fico cansada nos primeiros quinze minutos, para não dizer de mau humor. E sou mulher, juro!

A questão pode ser aprofundada. A estudiosa norte-americana Judith Butler diz que “ser mulher” é algo construído pela linguagem, pela cultura, pelo social e pelos atos diários em que o ser mulher é produzido, e o ser homem também.

Exemplifico. Cada dia que acordo, lavo os meus cabelos compridos, os seco, me maquio, uso roupas e acessórios femininos estou construindo o ser mulher. Eu alimento essa construção diariamente.

Há um filme de anos atrás chamado “Recém-Casados”, você viu? Bem, conto uma parte que em nada compromete o conhecimento da narrativa para quem não o assistiu. Eles casam, chegam ao quarto de hotel e a noiva mostra certa tristeza, porque aquele sonho dela, desde a infância, se concretizou. Não porque ela não estivesse feliz com seu momento. De fato ela estava. Mas sua tristeza tem a ver com aquele vazio que pode dar após uma meta ser alcançada.

Nisso vem uma imagem flashback: ela criança, brincando com suas amigas, ela de noiva... Nisso, ela pergunta para o recém marido se ele também tinha esses pensamentos. Da mesma forma, aparece para ele uma imagem do passado. Ele com seus amiguinhos brincando de luta.

Esse filme, água com açúcar e despretensioso, consegue mostrar com clareza o quanto nossa criação, nosso desenvolvimento contribuem para que as mulheres sejam mais propensas ao romantismo e dêem mais atenção aos sentimentos que os homens, por exemplo.

Há, por acaso, marcas nos cromossomos X e Y que determinam que os mocinhos estão em batalhas para salvar o mundo, enquanto as mocinhas esperam em suas sacadas pelos seus amados?

Acredito que o assunto mereceria maior espaço, porque ele inquieta. São tantas desconstruções a partir de um pensamento, como o que apontei acima realizado por Butler. Porém, se você começar a pensar em todas as coisas que nos cercam: a moda, a escola, as propagandas, enfim, as falas que ouvimos ao longo da vida a respeito, percebemos o quanto nossos cromossomos são tão-somente meros coadjuvantes neste universo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Relações Amorosas


Roksana Bashyrova 123RF


Pensar e discutir sobre o tema ‘relacionamentos’ sempre foi uma atitude constante para mim e provavelmente para você também.

A complexidade que ronda a relação amorosa é tão grande que não conseguimos dar conta, frequentemente, de percebê-la. Assim, tendemos a simplificar: “está a fim de mim”, vai me procurar, “não está”, não vai.

Lembro-me do filme “Ele não está tão a fim de você”, que tenta escancarar a verdade de que muitas vezes inventamos desculpas pela mancada ou indiferença do outro, para continuarmos com nossos anseios românticos.

A rede de relacionamentos é complexa, por certo. Porém, dá para tentar ler algumas de suas partes. Para isso, talvez seja uma interessante ideia adicionar um pouco do “determinismo”, que diz que se a pessoa estiver com vontade de estar com você, fará tudo para demonstrar isso. Também acrescentar um pouco do romantismo, que torna a reação frente ao outro um pouco mais tolerante, mais paciente e esperançosa.

Gostar de alguém ou estar atraído, mobilizado pelo outro é um departamento. O outro departamento abarca as questões da realidade. Explico melhor. O primeiro é da ordem dos sentimentos; o outro é da disponibilidade afetiva em assumir ou tentar uma relação. Penso que o segundo item é o fundamental para que qualquer relação inicie.

Posso estar apaixonada por alguém, mas se eu não tiver uma disposição para materializar isso, essa paixão permanecerá só para mim. Nem estou entrando na questão de se o cara vai estar a fim e etc. Apenas na minha vontade de suportar as angústias e os medos que qualquer relacionamento amoroso provoca em alguns momentos.

Disponibilidade afetiva é isso, é a capacidade de se arriscar, de se expor, de investir em uma relação, com todas as dúvidas possíveis de seu momento inicial. É sentir o medo de errar ou de fazer papel de boba e mesmo assim seguir. Lógico que um sentimento forte pelo outro funciona como um excelente combustível para manter essa postura.

Já testemunhei vários casais que teriam tudo para ser felizes por anos, quem sabe por toda a vida. Porém, estavam em momentos de vida diferentes. Isso faz parte da ordem da realidade. Não foi pouco amor, foram diferentes caminhos.

Deixemos de lado a bandeira ultra-romântica que aplica a ideia que o amor pode tudo. Finquemos nossos pés no chão. O amor é muito importante, muito! Mas não é o único ingrediente da receita.