sábado, 3 de outubro de 2009

Os olhos do Bailarino




Há momentos na vida em que você tem grandes encontros. Tive um nesta semana. Conheci um senhor, na casa dos setenta anos, que mora em Paris há uns cinqüenta. Deixou o Brasil com 26 anos para ser bailarino no país que reverencia a arte.

Seu nome aqui é Bailarino. Seus olhos às vezes emocionados pelas histórias do passado, principalmente quando se refere a pessoas queridas que não mais gozam da saúde. Gentil, educado, generoso e com um jeito melodioso de falar, foi uma das pessoas mais interessantes que já conversei na vida.

Não foi a tarde toda, talvez nem uma hora. Contudo, com um conhecimento prévio sobre ele que recebi e com a figura frente a mim, foi o suficiente para me cativar. Delicado, contou histórias sobre sua rua, sua casa e sobre o bairro que mora, muito frequentado por turistas nos últimos tempos.

Fez questão de apontar a famosa confeitaria francesa que deveríamos visitar e provar. Local onde todos que estudam a arte do doce na França devem fazer seu estágio para assim serem aprovados.

O Bailarino soube, por contato com a família no Brasil, que o nosso país está bem, progredindo. Muito diferente do país que ele deixou.

Na França, fez carreira como bailarino. Aposentou-se e recebe em todos os natais, bombons da Prefeitura de Paris, como presente de final de ano. Além disso, é presenteado com bilhetes gratuitos para vários espetáculos que ocorrem na cidade. Os idosos, os aposentados são frequentemente bem tratados na Europa.

Com um sorriso no rosto me despedi do Bailarino, com desejo de um futuro reencontro, em que eu possa ouvir mais de suas palavras, sentir a vibração de seus olhos, vivos, como sua alma, independentemente da idade de seu corpo.

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