sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Lado B


Stephen Orsillo 123RF

Está no nosso contrato de aluguel, acho eu, que, dois meses antes da nossa partida, o landlord (o proprietário) tem o direito de acionar imobiliárias para procurar novos inquilinos.

Já vivi a experiência de “invadir” casas alheias, porque seus moradores queriam vender suas casas, mas nunca havia visto isto em situações de aluguel. Sempre achei, e agora mais ainda, extremamente desconfortável ter gente entrando em nossa casa.

Se preferíssemos, os corretores e os candidatos à inquilinos (tenants) poderiam vir sem estarmos em casa. Afinal, o agente da imobiliária teria a chave da nossa casa. Claro que vimos essa possibilidade com mais terror e optamos por estarmos em casa e torcer pelos primeiros visitantes gostarem e aceitarem as propostas. Alívio se isso acontecer!

A ideia de estranhos virem olhar a casa que ocupamos, que fazemos de nosso canto, mesmo que não sejamos nós os proprietários e nem tenhamos móveis aqui, não é agradável. O que estas pessoas verão são algumas coisas pessoais no banheiro, algumas roupas no quarto, fora do armário; alguns livros e CDs na sala.

Nada de mais. Mesmo assim é uma sensação de invasão. Quem são esses que nem a minha língua falam? Lógico que racionalmente compreendo a situação, uma prática estranha para mim, mas, cá para nós, estou em outro país e é óbvio que muitas coisas soarão estranhas, não é mesmo?

Então a cabeça está tranquila, o que não significa que não exista uma inquietude acerca disso tudo. A imprevisibilidade sobre as visitas que ainda ocorrerão, em que momentos estarei no meu santo lar, na minha santa paz e terei de correr para dar uma ‘ajeitada’ geral para receber estes convidados não convidados, é algum que me tira a tranqüilidade.

Sim, porque o landlord foi bastante claro: temos de ficar à inteira disposição para isso (de segunda a sexta, o final de semana estamos livres! Ufa!). Não pensem que não tentei ver se isso era legal, se fazia parte do sistema jurídico, das leis imobiliárias. Não tive muito sucesso na minha pesquisa.

Como temos vivido e comprovado a honestidade inglesa, acredito que ele tenha razão e seja assim mesmo. Neste momento que escrevo, soou o interfone. Dois rapazes, claramente, estrangeiros, como nós, e uma agente educada, como todo o inglês quase sempre.

Esta primeira visita durou pouco mais de dois minutos. Não foi dolorosa. Sobrevivemos. Na próxima segunda-feira, mais visitas, a partir das 14h45min até às 17h, de quinze em quinze minutos nosso interfone vai tocar.

Bem, não só de alegrias que a vida é feita, não é mesmo?

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