quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Psicoterapia


Ionut Dan Popescu 123RF


Li no site Veja.com, edição de 08/10/09, uma entrevista com o psiquiatra Irvin Yalom, cujo trabalho literário é conhecido do público brasileiro a partir de diversos livros, entre eles “Quando Nietzsche chorou” e “A Cura de Schopenhauer”. Uma determinada pergunta e sua consequente resposta me agradaram muito. Cito-as literalmente abaixo:

“A função da psicoterapia é curar pessoas?
Eu acho que a psicoterapia faz as pessoas se sentirem melhor, mais felizes, mais ajustadas, menos torturadas e atormentadas. Esta é a meta da terapia - uma melhor saúde mental, se você preferir colocar nestes termos. A psicoterapia tem também a função de fazer as pessoas assumirem responsabilidade por elas mesmas, por suas ações. É o que todo psicoterapeuta deseja.”

Gostei particularmente dessa resposta, porque ela foge da ideia de “cura” em psicoterapia. Ouço pessoas falarem com orgulho que tiveram “alta” de suas terapias, como se estas fossem um procedimento cirúrgico em que foi retirado um cisto. Esta alta não quer dizer que você nunca mais vai ter qualquer angústia ou trauma ou qualquer aflição, apenas significa que, por ora, o trabalho terapêutico chegou ao seu propósito. Não acabaram todos os nós e novos são formados quase que diariamente.

O ser humano, como se sabe, está em constante movimento. Por isso, é impossível pensar que haverá um momento que se terá a certeza e garantia que todos os males afetivos estarão encerrados, que nada mais vai importunar ou afligir.

Então, vem a pergunta “por qual razão fazer terapia, se não há ‘cura’”? Bom, o próprio Yalom responde com sabedoria. Diminuir sofrimentos, tormentos, reconhecer a vida que teve e a que tem. Responsabilizar-se por seus próprios atos e perdoar, quando necessário. Viver melhor com a aparelhagem psíquica que lhe é disponível.

Psicoterapia não é para todos, isto é verdade. Não apenas por questão financeira, como facilmente se pensa, mas pelas próprias questões cognitivas e emocionais do candidato a paciente. Mas para aqueles que podem se beneficiar dela, pode ser uma aliada para se viver melhor.

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