Uma notícia ocupava parte da capa do The Times de ontem (02/10/09). Sem querer ser sensacionalista, a compartilho pela seriedade do assunto. Duas mulheres e um homem mantiveram contato pelo website de relacionamentos Facebook, pelo Messenger e por mensagens via celular. O que chama a atenção é o conteúdo que alimentava a “amizade”: abusos sexuais a crianças, com direito a fotografias, que eram compartilhadas entre eles, além de falarem a respeito de fantasias sexuais com crianças e animais.
Uma quarta suspeita, de Liverpool, também foi presa por contatos virtuais com Collin Blanchard, 39 anos, o único homem dessa doente relação. Angela Allen, 39 anos, é descrita pela polícia inglesa, como uma mulher sinistra; sem demonstrar qualquer remorso de seus atos, não tentou esconder as muitas imagens obscenas, assim como os e-mails contidos em seu computador.
Vanessa George, também com 39 anos, é a personagem que mais choca, em minha opinião. Conforme depoimentos, ela seria a última pessoa que poderia ser suspeita de abuso sexual. Querida pelas pessoas que conviviam com ela, possuía boa reputação com cuidados infantis. (!) Ela trabalhava em uma creche, em Plymouth. George é casada, desde 1993, tem duas filhas adolescentes e supostamente teria dado vida a suas fantasias doentias após contato com Blanchard.
Tudo leva a crer que Blanchard é o elo entre essas mulheres. Não acredito que ele seja “o único culpado”, nada disso. Talvez tenha sido o desencadeador, o instrumento para que o lado doentio de cada uma dessas criaturas se materializasse.
Vanessa George trabalhava com crianças em uma creche. Havia com ela centenas de fotos mostrando seus abusos a crianças, que ela deveria cuidar e proteger. Ler uma matéria como essa causa fúria, indignação, porque por mais que saibamos o quanto as crianças podem ser vítimas de abuso e de violência, não é algo visto como banal. Como os assaltos que noticiados nos telejornais são vistos sem susto. Isso, não. Causa mal-estar e a impotência é revoltante.
Meu principal objetivo não é apenas dividir com vocês algo que preocupa a todos nós, mas alertar também para o fato de que mulheres podem sim ser pedófilas e que a internet acaba sendo uma via segura para as mais doentes fantasias. Corrijo, não tão segura assim. Afinal, um colega de Blanchard, ao usar seu computador, viu algumas imagens enviadas por uma das mulheres e denunciou imediatamente à polícia. Um cidadão consciente que tornou público um crime.
Infelizmente não há como ter controle total de como nossas crianças estão sendo tratadas nas creches, nas escolas, nas casas dos amiguinhos ou até mesmo nas suas próprias casas. Porém, algumas coisas são possíveis de fazer. Quais seriam alguns dos sintomas apresentados por crianças pequenas que sofreram abuso?
1. Mudanças bruscas de comportamento sem uma razão palpável (como troca de escola, nascimento de um irmão etc.);
2. A criança repentinamente passa a se comportar de forma agressiva ou apática;
3. Os desenhos que ela produz podem conter representações da genitália ou passam a ser mais agressivos, com traços mais fortes. Os desenhos são diferentes do que anteriormente;
4. Por fim, algum setor do seu desenvolvimento pode sofrer uma regressão.
Os sintomas podem ser mais complexos que os acima citados; porém, esses quatro podem servir de guia para verificar se o seu filho ou sua filha sofreu algum tipo de abuso. As crianças podem mentir e fantasiar, faz parte do momento infantil, contudo quase sempre quando elas narram um abuso ela podem estar falando a verdade.
Se houver alguma suspeita, tente encontrar um bom ouvido para ver o que é possível fazer. Não finja que nada aconteceu. Procure um especialista na área (um psicólogo ou psiquiatra), que possa ajudar a criança a elaborar o que ela sofreu, e se der, também busque ajuda para você, se for mãe ou pai. Pessoas treinadas podem ajudar as vítimas a expressarem suas experiências.
Afirmo que não é uma caça às bruxas, de ficar com paranóia, procurando um predador ou uma predadora em cada canto. A ideia é ficar atento e discutir um assunto nada agradável, mas importante para nós e, principalmente, para nossas crianças.
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