terça-feira, 27 de outubro de 2009

Seu Melhor Amigo


Ionut Dan Popescu 123RF

Lendo textos do blog de Martha Medeiros, fui capturada por uma frase que ela cita, extraída do livro de Abrão Slavutsky, mas de autoria do filósofo romano Sêneca: "Perguntas-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo".

Uma frase de uma sabedoria absurda. Ser amigo de si mesmo, eis um desafio para cada um de nós. Mais fácil para uns, mais difícil para outros.

Internalizamos cobranças ou expectativas, postas em algum momento em nós, que acabamos por reproduzi-las. Claro que tais exigências têm referências na questão humana clássica: a busca da perfeição.

Uma ideia estapafúrdia que não sai de moda! As pessoas se esforçando de todo o jeito para gozar de um corpo perfeito, de um trabalho perfeito, de uma relação perfeita, de um cotidiano perfeito. Esta busca insaciável acaba por atrofiar nossa capacidade de sermos leves com nós mesmos, com o outro e com o mundo.

Não existe a perfeição, ela pode ser quase alcançada ou vivida por instantes, mas não é algo a se querer permanente porque este não é o seu estado. Todavia, a teimosia humana nega e, em atos masoquistas, a própria pessoa se culpa e se castiga, porque ela não é aquele indivíduo que esperava ser.

Quem sabe seja inveja dos deuses que nos faz sermos demasiados insatisfeitos com nossa condição de imperfeição. Não percebemos que justamente essa nossa capacidade de imperfeição faz da vida mais graciosa?

Ou você imagina que tudo perfeito faria o mundo e nós próprios sermos melhores? Ingenuidade. Morreríamos de tédio. Não suportaríamos a previsibilidade. A vida não seria mais montanha-russa e sim uma roda-gigante sonífera.

Então, que tal pegarmos a frase de Sêneca e nos colocarmos do nosso próprio lado por mais tempo? Sem tantas críticas, tantas pressões e impaciência com nossas ações e potencialidades.

Ser amigo de si próprio, eis uma lição para praticar todos os dias. Ficar de mãos dadas conosco. Respeitar o nosso próprio ritmo de “ser” na vida. Aceitar os fluxos, os mistérios, e claro, as imperfeições. Eleger este como nosso maior crescimento parece ser uma excelente ideia.

O livro do psicanalista Abrão Slavutsky se chama “Quem pensas tu que eu sou?”.

4 comentários:

  1. Perfeito amiga, teus textos me fazem tão bem!!! bjão;)))

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  2. Liiiiii, que texto lindo!
    Acreditas que a frase me comoveu a tal ponto de me emocionar? Com direito a olhos marejados e tudo. Já tenho assunto pra terapia essa semana...rsrsrs

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  3. Uau!
    Minha amiga Angela leu o teu blog e me sugeriu. Como sou muito curiosa, não resisti.
    Parabéns, isso tudo mexeu comigo.
    Obrigada!

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